Research é realmente necessário?

Raira Oliveira
luizalabs
Published in
5 min readApr 24, 2023

“Várias vezes, tive pesquisas despriorizadas ou “bloqueadas” por que, do ponto de vista do P.O ou P.M, esse processo poderia atrasar ou travar uma demanda que foi setada como Output, de prosseguir corretamente”

Já ouviram ou leram algo parecido? Acredito que sim.

E vamos deixar bem claro que isso não é porque o P.M ou P.O não quer que o UX (principalmente Researcher) trabalhe, mas sim por que a Cultura de UX possivelmente não foi/ainda não está bem difundida na empresa ou a função do cargo ainda está nebulosa na estrutura organizacional.

Oi gente, tudo bem de novo? Bora falar um pouquinho sobre UX/User Research?

Anteriormente, comentei brevemente (nesse artigo) sobre o processo básico/base de desenvolvimento de produtos/serviços e dentro dele, destaquei alguns cargos que fazem esse fluxo funcionar.

Um deles é o User Experience Researcher.

O que diabos é isso?

O Researcher (ou pesquisador, traduzindo literalmente), dentro de uma empresa que por exemplo, entrega soluções para o mercado, é responsável por entender, investigar, aprender e mensurar pontos de dores, necessidades, desejos, melhorias e feedbacks dos stakeholders (envolvidos no processo) e o consumidor final.

E por que um Research é tão necessário?

Reflitam aqui comigo uma situação hipotética:

Temos uma semente e queremos plantá-la. Vamos fazer um processo padronizado inicial de: Plantar a semente ➡️ Regar ➡️ Esperar ela germinar.

Mas antes disso acontecer, existem alguns fatores relacionados, como:

  • Analisar onde plantar;
  • Que tipo de vaso é necessário para isso ser feito;
  • Se pode ser em um vaso ou direto na terra;
  • Qual o tipo de adubo;
  • É uma planta que precisa apenas de muito sol, de muita água ou os dois?
  • Quanto leva para ele germinar? Precisa de muitos cuidados?
  • Que tipos de plantas podem ser cultivadas em casas com pets?
  • Preciso usar pesticida?

Esses são alguns exemplos de questionamentos que podem ser levantados para que você (possível mãe/pai de pet) entenda se de fato quer ou não ter uma planta em casa e se sim, que tipo e dentro desse tipo, qual dessas se adequa a sua rotina ou desejo.

E como descobrimos isso? Pesquisando, analisando outras pessoas que cuidam de planta, perguntando, entrando em fóruns, grupos, comunidades, servidores (acreditem, tem servidores no Discord sobre Mães & Pais de planta), visitando lojas de jardinagem, etc.

Mas Rai, e se eu simplesmente só pegar a semente e plantar?

Você pode fazer isso, mas as chances de frustração, retrabalho e “perda de tempo”, aumentam bastante.

E é aí que entra um Researcher.

Por mais flexível, inovadora, ágil e disruptiva seja a empresa que você trabalhe ou projeto que você participa, existem padrões, processos e frameworks (ferramentas processuais), que precisam ser seguidos.

Obviamente, de tempos em tempos, esses processos se modificam, atualizam, mas sempre existe uma base que é responsável por nutrir e criar esses novos fluxos processuais (vamos usar como exemplo o Double Diamond, comumente conhecido no meio de Agilidade).

Em desenvolvimento de produtos e negócios, para mensurarmos bem a proposta de valor e o que vamos solucionar é necessário existir um Discovery (descoberta) inicial, antes de Desenvolver, Testar e Entregar (Isso baseado no Double Diamond).

Voltando para as plantinhas, vamos pensar na possibilidade de que a pessoa que escolheu cultivar uma planta em casa, ela quer uma que dê frutos, porém temos alguns fatores desejados (definidos pelo consumidor) que precisam ser levados em conta:

  • Não pode ser grande demais (um limite de até 1m70 de altura);
  • Não pode se enraizar muito, pois a pessoa tem um quintal de tamanho mediano;
  • Precisa ser apta a lugares com clima mais seco, pois a pessoa mora na região centro-oeste;

A pesquisa agora está mais específica e objetiva. Saímos do macro e fomos pro Nicho.

Onde obtemos respostas agora?

Isso é um exemplo de como se procede um Discovery/Pesquisa inicial. Existem diversas ferramentas para desenvolver, mensurar, definir e alimentar as descobertas dentro da pesquisa requisitada.

Normalmente, um pesquisador trabalha aliado com outros UXs, Product Owner/Manager e obviamente: Stakeholders e Consumidores envolvidos com a pesquisa. Essa força tarefa é necessária para que a estrutura de processos se mantenha retroalimentada.

E o que quero dizer com isso?

Que ela precisa se manter continuamente e ativamente descobrindo novas necessidades, pontos de dores e desejos por parte do consumidor final.

Se voltarmos para a pesquisa da pessoa que será futuramente mãe/pai de planta, em algum momento, se essa experiência inicial for boa ou muito boa, ela vai querer ter novas plantas, talvez de diferentes tipos, que pode ou não dar frutos, e pra isso ela voltará à pesquisar, porém, com outros critérios (que podem ser ou não semelhantes/correlacionados aos definidos inicialmente).

Se essa pessoa for minimamente organizada, ela terá ao menos um bloco de notas, um histórico ou até uma pasta no seu navegador favorito com links de tudo que achou sobre o assunto. Tendo isso, ela pode revisitar essas informações e se aprofundar em assuntos que não faziam sentido ou não eram parte do seu objetivo inicial.

Essas informações, traduzindo para o linguajar utilizado na bolha de tecnologia, são chamados de Ops — ou simplesmente, uma estrutura/pessoa responsável pela gestão do conhecimento -, criados para direcionar e facilitar o acesso/histórico de documentações, acervos, ferramentas, instruções, microgerenciamento e boas práticas para serem compartilhadas dentro da empresa, de acordo com cada time, cargo ou guilda de necessidades em comum.

No mais, é sabido que esses materiais precisam possuir uma estrutura conversacional acessível para qualquer área (sendo ela de produto ou não) dentro da empresa.

Se voltarmos para o exemplo das plantinhas, imagina você fazer uma pesquisa superrrrrrr bacana sobre as melhores plantas para quem vive sozinho em apartamentos, no entanto, as plantas foram organizadas pelos nomes científicos, sem um resumo prévio sobre elas ou orientações de cuidados básicos necessários.

Possivelmente, quem for acessar esse documento vai ficar com mais dúvidas do que obter esclarecimentos e talvez, desistir de continuar com a leitura.

Acredito que agora, você leitor, se não sabia ou não achava que um Researcher era tão necessário dentro de uma empresa, deve ter começado a repensar na possibilidade de ter um Pesquisador para chamar de seu (hehe).

Obviamente, esse é um exemplo entre centenas de possibilidade que o Researcher pode e deve atuar dentro de uma empresa que pensa em:

  • Entregar valor (de verdade) para o mercado (consumidor)
  • Ser um bom ouvinte e entender seu consumidor
  • Descobrir novas necessidades, pontos de dores e desejos
  • Obter novos insights
  • Cultivar processos contínuos

E aí, você é, quer ser ou conhece algum Researcher? Compartilha esse artigo para que mais pessoas sejam impactadas com a Palavra do Researcher em sua vida.

Bora semear essa sementinha!

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Raira Oliveira
luizalabs

Inxerida a escritora nas horas vagas, UX Research na Luizalabs, ilustradora, UX/UI na InspirAda a Computação, vegana e conscientemente insana.