Tudo ou Alguma Coisa

Edu Azeredo
Luneta
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3 min readFeb 8, 2017

Desconstruindo um mito sobre empreendedorismo

(Traduzido do texto “All Or Something” de David Heinemeier Hansson — DHH)

Um dos mitos mais arraigados da vida de startup é aquele de que tem que se dar tudo por ela. Que se você não pode dar ao seu negócio todos os seus pensamentos e horas, você não merece sucesso. Você não é digno da vocação das startups.

Claramente esse mito identifica aqueles aptos à missão: Jovens, sem obrigações, e poucos ou nenhum interesse extra-curricular. As buchas de canhão perfeitas para grandes apostas de investidores.

Esses também são o público mais fácil de serem convencidos do pote de ouro no final do arco-íris, ou suas versões mais modernas como “Encurtar sua vida profissional para alguns anos” e “ondas de bilhões de dólares”.

Mas viver sua vida em um crunch mode* perpétuo até a venda da empresa ou a hora que a conversa mole de IPO bate à sua porta, como você deve estar pensando, é algo longe de ser atrativo para muita gente.

O problema é que a maior parte do discurso de “grande empresa nova” está misturado com a Cultura de Startup®. O que significa que é difícil encontrar sua identidade ali quando ela não combina com a divulgação da empresa de “Como Essas Crianças Doidas Transformaram os Milhões do Investidor em Bilhões!!!”

Muita gente vê essas coisas e diz “Isso não é pra mim. Eu não tenho 110% para dar. Eu tenho família, tenho outros interesses. Onde está meu lugar no mundo das startups se tudo que eu tenho para dar é 60%? O que posso ganhar me dedicando em part-time?”

A boa notícia é que é muito mais do que você imagina. O valor marginal da última hora dedicada a uma ideia de negócio geralmente é muito menor do que o valor da primeira hora. O mundo é cheio de ideias que podem ser executadas com 10 ou 20 horas por semana, ou então 40. O número de projetos que são realmente impossíveis a menos que você ponha 80 ou 120 horas por semana são tremendamente pequenos em comparação.

Claro que não há nada de novo aqui. A gente bate nessa tecla a anos. Mas a cada vez que eu vejo pessoas desmoronando por estarem na panela de pressão do crunch mode, eu acho triste, não tinha que ser assim. É o mesmo quando eu leio que alguém ganhou na loteria das startups, e o estereotipo do modelo de startup é endeusado de novo.

É quase como se precisássemos de outra palavra. Startup é muito boa, mas eu sinto que ela foi sequestrada por esse estilo específico, e “abrir um negócio” não tem o mesmo sex appeal. Sugestões?

N.T. “Crunch Mode” se refere ao modo de trabalho quando se faz grandes sacrifícios (de sono, nutrição e higiene, por exemplo) para se entregar um trabalho no prazo.

Nota do Autor (DHH): Originalmente escrevi este texto cinco anos atrás, mas recentemente fui lembrado desse apelo insistente, então pensei que devia repetir minhas palavras.

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Edu Azeredo
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Falo de tecnologia e como nossas vidas são impactadas.