E se o Ramo Pioneiro fosse o centro de Inovação do Movimento Escoteiro?

Ernesto Ferreira
Lusco-Fusco
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5 min readJan 24, 2019

— O que aprendemos ao ensinar a fazer projetos e ao dar espaço aos jovens (de idade 18–21 anos) —

Jovens apresentando suas propostas a banca

Este é o segundo texto da mini-série sobre o Camporee, acampamento que reuniu 4.000 jovens de todo Brasil (especialmente da região sul) para atividades e oficinas em diversos aspectos. Como esperado, nossa atuação se deu em trabalhar o protagonismo juvenil, o empoderamento e diversas ferramentas para auxiliar os jovens em seu desenvolvimento.

Com o Ramo Pioneiro tivemos dois momentos:
• A oficina sobre projetos
• Uma competição de projetos

OFICINA DE PROJETOS DE IMPACTO

— aprendendo a fazer projetos —
Nossa oficina de projetos com os pioneiros se deu de maneira menos estruturada que os outros ramos (mais jovens); em todas abrimos perguntando:

Quem é você? Por que está aqui?

Afinal, estamos falando dos inovadores do movimento escoteiro; sem dúvida suas histórias são únicas e também não vamos considerar a hipótese de estarem aqui “por acaso”.

Deste momento em diante nós abrimos ao que eles buscavam e tínhamos um pacote de atividades que fazíamos geralmente:

Double Diamond
Brainstorm
Golden Circle
Conversas sobre Papel do Jovem
Showcase de Projetos
Problema, debate, solução
do MLP ao Moonshot
Processo de Flow
Atividade do “E se..” colaborativo
Social Value Generator
(acabamos não utilizando pois os jovens estavam mais focados na concepção do projeto do que sua sustentabilidade)

Cada grupo foi um modelo diferente; essa proposta de termos um pack de atividades e abrimos ao grupo para debate e formarmos a atividade que eles querem é muito rica. Entendemos os jovens como protagonistas de sua caminhada, nós somos meros apoios, essas ferramentas são meros utensílios; o objetivo real é que o jovem levante sua cabeça e busque entender seu papel em sua comunidade e os desafios para atingir seus objetivos.

Nossa oficina de 50 minutos não se propunha a resolver tudo isso de tapa; mas sim propunha uma reflexão individual e coletiva em diversos momentos.

Destaco aqui o modelo que mais achei rico; pensado em coletivo com dois grupos:

Rodas de conversa sobre o Papel do Jovem
Um rápido showcase de projetos que o grupo tem na manga
Selecionamos um como exercício
Aplicamos Golden Circle nele (entendendo o Porquê, gerando um Como não pensado e chegando a diferentes projetos possíveis)
No “O quê” aplicamos o “E se…”
Então fomos ao MLP — Moonshot para desenhar os próximos passos

Dessa atividade saímos com propostas para tornar o movimento escoteiro um movimento mais Acessível a pessoas com deficiência e projetos pontuais de eventos a se fazerem; além de repensarmos a atuação e projetos relacionados a horta, proposto por um jovem.

Como ficou claro, as ferramentas foram só meios para questionarmos, termos atenção a hipóteses não validadas e termos confiança no que nos é importante.

HACKEANDO O MOVIMENTO ESCOTEIRO

— executando projetos —

Galera apresentando um “Airbnb Escoteiro” (amei pouco a ideia ❤)

Houve um imprevisto no cronograma do Ramo e eles tiveram uma manhã livre; então nos chamaram em conjunto à Base Digital e ao time de Inovação da UEB para pensarmos o que fazer.

Das diversas possibilidades (cheias de ferramentas) estudadas, chegamos a melhor possível:

Oferecer esse tempo aos jovens para criarem projetos que pudessem impactar o movimento escoteiro a nível nacional — da forma que quisessem. A melhor proposta poderá ser desenvolvida e posta em prática.

Dividimos os 90 jovens em 10 grupos de 9 pessoas; os convidamos a estudarem problemas de seu interesse e gerassem uma solução; isso das 9:30 às 11:00 da manhã.

Oferecemos mentoria e apoio, algumas guias e dicas; mas cada grupo que se virasse.

Essa não era uma oficina de projetos, era vida real.

Alguns grupos tiveram um grande engajamento, outros menor; nosso trabalho aqui não era engajar, ensinar, ser tutor. Era oferecer a oportunidade desses jovens vestirem suas camisas e usarem suas habilidades.

Os jovens tiveram menos de 2 horas para debater e construir juntos uma proposta.

Os únicos requisitos eram que fosse alinhado à tecnologia e impactasse o movimento escoteiro.

Ao fim desse processo — que curiosamente terminou 30 minutos antes do previsto porque os grupos “já tinham terminado” (não sei como terminaram algo que demora pelo menos 2 semanas em 1 hora, mas isso fica para outro texto hahaha). Tivemos uma apresentação para a banca.

Eles sabiam: não era apresentação de escola, nem para chefe escoteiro. Era apresentação de projeto.

E do nosso lado, não estávamos para só aplaudir; mas bater, questionar tudo e “tentar quebrar” eles.

(o que por sinal obviamente não era difícil dado o pouquíssimo tempo que tiveram, mas lidem com isso, a vida não é justa)

Então ao fim, debatemos as propostas seguindo os pilares de: Impacto, Execução e Viabilidade; das 9 propostas, digo que pelo menos 7 são viáveis de serem executadas. E em sua maioria usando Whatsapp, Google Forms, Google Sheets e Google Maps. (Executando um MVPzão humilde, mas serve pra testar)

Aos vencedores, as batatas

O time que venceu trouxe o problema da capacitação de adultos e trabalhou com uma ferramentas para isto.

GENTE,

isso foi DUAS HORAS sem poder dar muita atenção aos grupos, sem internet, sem acesso a andar pela cidade. Foi um shot de inovação,
AGORA IMAGINA UMA ATIVIDADE DE UM MÊS PROJETANDO, TESTANDO E EXECUTANDO NOS 3 MESES SEGUINTES.

À equipe vencedora: uma viagem ao Moot Interamericano.

Fica a ideia, se quiserem ajuda para tocar, estamos aí ❤

OUÇA O JOVEM,
DÊ ESPAÇO AO JOVEM,
EMPURRE O JOVEM PARA FRENTE.

MUITO OBRIGADO,
ao time Base, a galera que tocou com a gente; em especial,
Rasta, Dani, Kobaia, Zé, Nathi, Lucas e suportes
Em especial premium: gurizada, muito obrigado por confiar na gente e se atirar nessa atividade não prevista ❤

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Ernesto Ferreira
Lusco-Fusco

Engenheiro de Sonhos, ciclista, escoteiro, guitarrista, pirata e Guerreiro Sem Armas; basicamente, mais um jovem apaixonado por mudar o mundo.