Qual o meu papel na Conferência da ONU?

Ernesto Ferreira
Lusco-Fusco
Published in
10 min readFeb 8, 2019

— o que eu, como jovem, fiz e o que deveria ter feito com base na experiência do Fórum Global da UNAOC —

terno by Peruchi alfaiataria — também conhecido com ex-chefe ❤

Então, em novembro tive a honraria de ter sido selecionado para representar a Juventude no Fórum Global da UNAOC, esse texto vai passear sobre acontecimentos no evento, sobre minha abordagem no evento.

Esse texto é (ou como eu vejo)

Um compartilhamento de história
Uma prestação de contas
Dicas para quem vai a eventos

Aqui estão as melhores histórias a serem contadas às redes; mas as melhores histórias mesmo eu deixo para serem trocadas em um parque, só chamar ;)

FUI CHAMADO!!!!! AEAEAEE

— Euforia, festa, alegria, honra ai meu deus do céu, eu vou pra ONU. —
Tá, passada a festinha começam os seguintes questionamentos: eu mereço? O que fiz para merecer? Sou eu a melhor pessoa para isso?

Aquela sensação de “erro de seleção”; bem simples: o problema não é meu, quem selecionou que lide comigo. Meu trabalho não é selecionar nem julgar a seleção (porque se fosse, eu não me selecionaria como a maioria dos jovens que são selecionados). Meu trabalho é ir lá e fazer o que precisa ser feito.

MINHA SEGUNDA VEZ

—tentei não repetir os erros —

Essa foi a segunda chamada que recebi da UNAOC para participar de evento; a primeira foi em 2015 quando participei de uma Escola de Verão. Na escola de verão eu estava como um turista conhecendo tudo. #100%perdido. Eu não sabia quem era aquele “japinha” que todos amavam (que nem japonês era; era o Secretário-Geral).

A primeira vez desmistificou muito e me fez ver a ONU como um grande grupo de pessoas altamente capacitadas. Apesar dos resultados terem sido 100% em mim não ao mundo, foi massa.

FAZER O QUE PRECISA SER FEITO

— não fui a passeio —

Minha mente passa sempre: o que vou fazer com esse privilégio? O que precisa ser feito por um jovem que vai a ONU?
Por mais que a ONU diga que ame o jovem (e diversas pessoas maravilhosas de fato amarem), a porta se abre e a caixinha padrão a se colocar nesses jovens é um chaveirinho. Sim, ainda somos enfeite de evento. #dealwithit

Com todas as críticas que tenho e diversas outras que surgem, ainda é A oportunidade de uma vida, a chance de questionar, de trazer atenção voz a tópicos que importam.

O QUE EU SEI FAZER?

— não há como falar do meu papel sem falar de mim —

Fotão tirado no Guerreiros Sem Armas — inscrições abertas!!!

Eu faço projetos, eu trabalho com juventude e impacto social, esse sou eu.

Literalmente sentei em casa, priorizei o que eu sei fazer de melhor. De novo, meu trabalho não é julgar se o meu melhor é o suficiente, se é o correto, se é relevante.

Eu faço projetos com juventude e impacto; priorização é com a ONU, com os coordenadores e responsáveis.

E se passamos 1 ano desenhando um Artigo para nos formar na Universidade, um artigo meio inútil que ninguém vai ler; qual vai ser teu engajamento quando te abrirem as portas do principal palco diplomáticos do planeta?

O PRÉ-EVENTO

— o evento começou um mês antes, em NY foi só a celebração —

Passei uma semana em projetos e erros da ONU; principalmente atividades que poderiam gerar mais resultado sem investimento financeiro por parte deles. Resultados mensuráveis e que eu saiba executar (ou tenha um norte).

Encontrei três “furos” na minha área, para cada um, um projeto:

DIA MUNDIAL DA JUVENTUDE
— O dia da juventude no mundo —

Leia aqui o G Docs que escrevi

Se tivéssemos 1 dia para focar nossa energia nos 2 BILHÕES de jovens no mundo; o que faríamos?

Então, hoje fazemos 300 eventos descentralizados, sem parcerias, sem conexões e em sua maioria palestras.

Eu acredito que podemos ter um impacto 10x maior e montei uma estratégia que seja irrecusável. Ações que tomam minutos do tempo de alguém da ONU, a não necessidade de verba e o resultado claro que podemos ter dessas atividades são o que tornam esse convite incrível. ❤

INTERCULTURAL-LEADERS PLATFORM
— olhe para onde ninguém está olhando! —

A UNAOC lançou essa rede com um propósito sensacional, uma equipe incrível, mentores fantásticos, jovens: os mais engajados do PLANETA. E hoje temos pouquíssimo engajamento e resultado disso.

Vejo um potencial incrível para essa rede e para isso estudei formas de engajamento de comunidade, pensei em modelos que funcionam em projetos offline e que podemos testar online e abri o canal de conversa.

UM OUTRO PROJETO MALUCO QUE NÃO POSSO CONTAR
— lide com a curiosidade —

Sonhei um projeto com a UNAOC e entendi o papel deles — central no processo — e desenhei um modelo ganha-ganha.

Como eu disse, não fui a passeio; antes de ir já havia lido sobre cada palestrante, cada mentor, cada jovem; ído para além dos manuais oficiais, assistido vídeos e lives do ano anterior. Queria ter certeza de que não cometeria nenhum erro absurdo e que teria portas abertas e teria tudo pronto para flexibilidades do momento.

O EVENTO

— de novo, qual o meu papel nessa comunidade? —

Logo que lançaram os selecionados, puxei o grupo de whatsapp e criei o canal não formal e extra-ordinário (diferente do slack oficial) e já começamos a se apresentar e se conhecer. De novo, evento é celebração!

beba água

Logo que cheguei lá foi incrível; acabei me colocando como mediador do grupo, de organizar as idas no bares a ajudar os mais perdidos hahaha

Como eu gosto de fazer a função de ir falando com todo mundo; fui vestindo esse papel, de ajudar a quem quer jantar a descobrir a melhor pizza a organizar coisas menores, esse foi sendo meu papel no grupo.

Foi incrível a oportunidade de conversar com quase literalmente todo mundo e a cada noite poder se conectar com tanta gente incrível; todos estão lá para conversar e conhecer outros, todos. O que acontece é que as vezes o pessoal está com certa vergonha, está mais quieto, mas é isso aí.

OS PROJETOS

— o que aconteceu com cada um? —

Quando o evento começou eu já tinha mapeado com quem falar e sobre o quê. Fui bem objetivo, nos primeiros 5 minutos — LITERALMENTE — eu já estava trocando figurinhas com esse cara incrível: o João Scarpelini.

Além de mentor da ONU, é escoteiro e Guerreiro Sem Armas; troféu melhor pessoa pra ele ❤

Como eu conhecia a história dele de críticas pesadas a ONU, me senti aberto a abrir o assunto dessa maneira (afinal é inadmissível o dia mundial da juventude ter 300 eventos). O João é um cara incrível e conversar com ele poderia levar a muitos assuntos sensacionais; focamos no que eu precisava gerar resultado: os projetos.

Além das dicas infinitas, me conectou diretamente às pessoas e deu aquele gás para o projeto sair do papel.

“Eu não posso apresentar esse projeto, sou figurinha repetida. Tem que ser tu, um jovem, chegando e batendo na porta e dizendo ‘a gente tem que fazer mais’. ”

Eu falando com o Ahmad, o Secretário-Geral do Mov Escoteiro

Apresentei ao ex-embaixador da Juventude na ONU e atual Secretário-Geral do movimento escoteiro.

Fechando com “a gente não só pode fazer mais, mas tem que fazer mais.”

Parceria fechada! Movimento escoteiro vai divulgar — pela primeira vez — o dia mundial da juventude aos escoteiros. VAMO DALE

Todo mundo querendo tirar foto e eu só pela pastinha haahaha

Tá vendo a pastinha azul na minha mão direita? Então, 7 minutos depois dessa foto já estava na mão da menina de rosa; também conhecida como Jayathma Wickramanayake — a nossa voz na ONU.

Pude explicar a estratégia, debater pontos específicos e entregar o documento em suas mãos ❤

Esse projeto está avançando de dois lados:
- Cheguei pelo João na responsável pelo dia, ela leu e estamos debatendo a melhor execução da estratégia
- Sigo buscando parcerias internacionais para escalar esse evento

HEY, VOCÊ QUE TÁ LENDO, faz um evento aí! O dia mundial é da Juventude, não da ONU. Não há o que esperar. Dia 12 de agosto, vamo dale.

E se não bastasse eu ainda dei uma pedradinha sobre o dia mundial da juventude na galera.

E OS OUTROS PROJETOS?

Sobre os outros dois projetos a relação era direta com a UNAOC; com uma pessoa em específico. Eu estava pé-por-pé para falar com ela, pois em TODOS os projetos eu comecei executando sem perguntar nada a ninguém e levei uma prensinha depois de “fala comigo antes”.

Então eu estava ligeiramente tenso em relação a isso. Até que cheguei com a responsável e tive a seguinte conversa:

“Faz o que tu acredita que seja feito; não pede permissão. Estamos aqui para aumentar o teu impacto. Faz. A gente acredita em vocês.”

Se vocês não tão tremendo lendo isso; olha, eu estava quando ouvi.

Emad Karim ao fundo

FATO:
A ONU está passando por reformas e busca se conectar mais aos jovens; ainda esse “busca” é deixar os jovens no corredor e conversar na sala. Cabe a nós bater na porta e ir entrando.

“If you are not in the table you are on the table.” Emad Karim — UN Women Arab States

Tradução: “se você não está sentado a mesa, você está no menu.”

MEU ESPAÇO DE FALA:

Meu momento “real oficial” de fala foi em um painel sobre Educação para formação de cidadãos globais.

O texto que escrevi 1 minuto após ter respondido a pergunta:

Respondi a pergunta: quem te inspirou nas últimas 3 semanas?

Minha resposta:

Nicole Banister (uma jovem africana que nos representou ontem), que está aqui na sala (e apontei)
-Por que?
No Brasil nós temos muitos desafios em relação a empoderamento sobre mulheres e principalmente mulheres negras;
Pra mim ver uma mulher jovem negra num palco me representando e apresentando suas ideias, seus projetos, colocando sua voz no palco é incrível. E me faz pensar no trabalho que eu tenho que fazer no meu país para que na próxima conferência nós tenhamos essas jovens aqui no meu lugar representando meu país e lutando pelo que acreditam, tal qual Nicole fez.

Saber liderar e saber quando ser liderado é uma habilidade essencial para viver em democracia.

Youth ❤

Essa é a minha galera ❤

Com puro jogo de cintura, muita tecnologia e altamente preparados; esse mundinho é nosso. Queria ter mais 10horinhas aqui de leitura para contar CADA projetinho maravilhoso que vocês não tem ideia ❤

É uma honra incrível estar ao lado desse grupo, poder aprender, discutir, errar e repensar ao lado de tanta gente foda.

Um pouco do “Deveria ter feito”
Essa menina ao meu lado tinha impresso todos que iam participar do evento (além dos mentores e palestrantes). Além disso, fechou reuniões na ONU durante o evento com embaixada e etc.
Pensa numa mina focada, respeitei — e aprendi — demais.

LEVANTA A TUA VOZ

No painel com o Emad Karim em um momento ele abriu a perguntas sobre um tópico e tivemos um breve silêncio de 5 segundos.

Ele ficou chocado e reagiu da seguinte maneira:

“É inadmissível vocês não terem perguntas; vocês são a juventude do mundo. Ninguém ouve o jovem, ninguém dá atenção a vocês. Vocês tem que estar prontos para QUALQUER abertura em qualquer espaço e por sua voz.”

Complemento dizendo que cada pessoa é única, cada história vivida é única e todos tem sempre algo a agregar ao debate. Escolha com sabedoria.

NOSSA, agora que vi o que está escrito no muro: ENGAJE, INSPIRE e INFORME ❤ tamo aí, onu

Essa foi a minha atuação em pequenos pontos; ainda faltam muitas histórias e momentos. Fiz o que acreditava que precisava ser feito e busquei entregar o meu melhor.

Destaco que no pós evento já estamos marcando reuniões com a UNAOC, firmei parceria a níveis nacionais e internacionais com diversas redes para esses projetos que estão a avançar; está sendo super divertido.

Sinto só uma gratidão do tamanho do universo a todos que me ajudam a cada passo, desde migs como Taís, Erick e Vic revisando meu inglês capenga; a pessoas que nos abrem portas a essas conversas.

Em resumo ao texto: vamo dale, é issae ❤

Quer saber mais sobre a UNAOC, entra no site deles: https://www.unaoc.org/

PS: eu tenho salvo no stories do Instagram @ernestofv01 contando muitos detalhes, tipo uma privada maluca que tinha hahahah

THANKS!

Se você chegou até aqui lendo tudo isso, eu mereço pelo menos um feedback, não acha? ❤

Vamos tomar um café?

Eu vivo de rede, de apresentar pessoas, cases, ideias; e quero abrir mais a minha mente. ❤

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Ernesto Ferreira
Lusco-Fusco