Qual o meu papel na Conferência da ONU?
— o que eu, como jovem, fiz e o que deveria ter feito com base na experiência do Fórum Global da UNAOC —
Então, em novembro tive a honraria de ter sido selecionado para representar a Juventude no Fórum Global da UNAOC, esse texto vai passear sobre acontecimentos no evento, sobre minha abordagem no evento.
Esse texto é (ou como eu vejo)
Um compartilhamento de história
Uma prestação de contas
Dicas para quem vai a eventos
Aqui estão as melhores histórias a serem contadas às redes; mas as melhores histórias mesmo eu deixo para serem trocadas em um parque, só chamar ;)
FUI CHAMADO!!!!! AEAEAEE
— Euforia, festa, alegria, honra ai meu deus do céu, eu vou pra ONU. —
Tá, passada a festinha começam os seguintes questionamentos: eu mereço? O que fiz para merecer? Sou eu a melhor pessoa para isso?
Aquela sensação de “erro de seleção”; bem simples: o problema não é meu, quem selecionou que lide comigo. Meu trabalho não é selecionar nem julgar a seleção (porque se fosse, eu não me selecionaria como a maioria dos jovens que são selecionados). Meu trabalho é ir lá e fazer o que precisa ser feito.
MINHA SEGUNDA VEZ
—tentei não repetir os erros —
Essa foi a segunda chamada que recebi da UNAOC para participar de evento; a primeira foi em 2015 quando participei de uma Escola de Verão. Na escola de verão eu estava como um turista conhecendo tudo. #100%perdido. Eu não sabia quem era aquele “japinha” que todos amavam (que nem japonês era; era o Secretário-Geral).
A primeira vez desmistificou muito e me fez ver a ONU como um grande grupo de pessoas altamente capacitadas. Apesar dos resultados terem sido 100% em mim não ao mundo, foi massa.
FAZER O QUE PRECISA SER FEITO
— não fui a passeio —
Minha mente passa sempre: o que vou fazer com esse privilégio? O que precisa ser feito por um jovem que vai a ONU?
Por mais que a ONU diga que ame o jovem (e diversas pessoas maravilhosas de fato amarem), a porta se abre e a caixinha padrão a se colocar nesses jovens é um chaveirinho. Sim, ainda somos enfeite de evento. #dealwithit
Com todas as críticas que tenho e diversas outras que surgem, ainda é A oportunidade de uma vida, a chance de questionar, de trazer atenção voz a tópicos que importam.
O QUE EU SEI FAZER?
— não há como falar do meu papel sem falar de mim —
Eu faço projetos, eu trabalho com juventude e impacto social, esse sou eu.
Literalmente sentei em casa, priorizei o que eu sei fazer de melhor. De novo, meu trabalho não é julgar se o meu melhor é o suficiente, se é o correto, se é relevante.
Eu faço projetos com juventude e impacto; priorização é com a ONU, com os coordenadores e responsáveis.
E se passamos 1 ano desenhando um Artigo para nos formar na Universidade, um artigo meio inútil que ninguém vai ler; qual vai ser teu engajamento quando te abrirem as portas do principal palco diplomáticos do planeta?
O PRÉ-EVENTO
— o evento começou um mês antes, em NY foi só a celebração —
Passei uma semana em projetos e erros da ONU; principalmente atividades que poderiam gerar mais resultado sem investimento financeiro por parte deles. Resultados mensuráveis e que eu saiba executar (ou tenha um norte).
Encontrei três “furos” na minha área, para cada um, um projeto:
DIA MUNDIAL DA JUVENTUDE
— O dia da juventude no mundo —
Se tivéssemos 1 dia para focar nossa energia nos 2 BILHÕES de jovens no mundo; o que faríamos?
Então, hoje fazemos 300 eventos descentralizados, sem parcerias, sem conexões e em sua maioria palestras.
Eu acredito que podemos ter um impacto 10x maior e montei uma estratégia que seja irrecusável. Ações que tomam minutos do tempo de alguém da ONU, a não necessidade de verba e o resultado claro que podemos ter dessas atividades são o que tornam esse convite incrível. ❤
INTERCULTURAL-LEADERS PLATFORM
— olhe para onde ninguém está olhando! —
A UNAOC lançou essa rede com um propósito sensacional, uma equipe incrível, mentores fantásticos, jovens: os mais engajados do PLANETA. E hoje temos pouquíssimo engajamento e resultado disso.
Vejo um potencial incrível para essa rede e para isso estudei formas de engajamento de comunidade, pensei em modelos que funcionam em projetos offline e que podemos testar online e abri o canal de conversa.
UM OUTRO PROJETO MALUCO QUE NÃO POSSO CONTAR
— lide com a curiosidade —
Sonhei um projeto com a UNAOC e entendi o papel deles — central no processo — e desenhei um modelo ganha-ganha.
Como eu disse, não fui a passeio; antes de ir já havia lido sobre cada palestrante, cada mentor, cada jovem; ído para além dos manuais oficiais, assistido vídeos e lives do ano anterior. Queria ter certeza de que não cometeria nenhum erro absurdo e que teria portas abertas e teria tudo pronto para flexibilidades do momento.
O EVENTO
— de novo, qual o meu papel nessa comunidade? —
Logo que lançaram os selecionados, puxei o grupo de whatsapp e criei o canal não formal e extra-ordinário (diferente do slack oficial) e já começamos a se apresentar e se conhecer. De novo, evento é celebração!
Logo que cheguei lá foi incrível; acabei me colocando como mediador do grupo, de organizar as idas no bares a ajudar os mais perdidos hahaha
Como eu gosto de fazer a função de ir falando com todo mundo; fui vestindo esse papel, de ajudar a quem quer jantar a descobrir a melhor pizza a organizar coisas menores, esse foi sendo meu papel no grupo.
Foi incrível a oportunidade de conversar com quase literalmente todo mundo e a cada noite poder se conectar com tanta gente incrível; todos estão lá para conversar e conhecer outros, todos. O que acontece é que as vezes o pessoal está com certa vergonha, está mais quieto, mas é isso aí.
OS PROJETOS
— o que aconteceu com cada um? —
Quando o evento começou eu já tinha mapeado com quem falar e sobre o quê. Fui bem objetivo, nos primeiros 5 minutos — LITERALMENTE — eu já estava trocando figurinhas com esse cara incrível: o João Scarpelini.
Como eu conhecia a história dele de críticas pesadas a ONU, me senti aberto a abrir o assunto dessa maneira (afinal é inadmissível o dia mundial da juventude ter 300 eventos). O João é um cara incrível e conversar com ele poderia levar a muitos assuntos sensacionais; focamos no que eu precisava gerar resultado: os projetos.
Além das dicas infinitas, me conectou diretamente às pessoas e deu aquele gás para o projeto sair do papel.
“Eu não posso apresentar esse projeto, sou figurinha repetida. Tem que ser tu, um jovem, chegando e batendo na porta e dizendo ‘a gente tem que fazer mais’. ”
Apresentei ao ex-embaixador da Juventude na ONU e atual Secretário-Geral do movimento escoteiro.
Fechando com “a gente não só pode fazer mais, mas tem que fazer mais.”
Parceria fechada! Movimento escoteiro vai divulgar — pela primeira vez — o dia mundial da juventude aos escoteiros. VAMO DALE
Tá vendo a pastinha azul na minha mão direita? Então, 7 minutos depois dessa foto já estava na mão da menina de rosa; também conhecida como Jayathma Wickramanayake — a nossa voz na ONU.
Pude explicar a estratégia, debater pontos específicos e entregar o documento em suas mãos ❤
Esse projeto está avançando de dois lados:
- Cheguei pelo João na responsável pelo dia, ela leu e estamos debatendo a melhor execução da estratégia
- Sigo buscando parcerias internacionais para escalar esse evento
HEY, VOCÊ QUE TÁ LENDO, faz um evento aí! O dia mundial é da Juventude, não da ONU. Não há o que esperar. Dia 12 de agosto, vamo dale.
E se não bastasse eu ainda dei uma pedradinha sobre o dia mundial da juventude na galera.
E OS OUTROS PROJETOS?
Sobre os outros dois projetos a relação era direta com a UNAOC; com uma pessoa em específico. Eu estava pé-por-pé para falar com ela, pois em TODOS os projetos eu comecei executando sem perguntar nada a ninguém e levei uma prensinha depois de “fala comigo antes”.
Então eu estava ligeiramente tenso em relação a isso. Até que cheguei com a responsável e tive a seguinte conversa:
“Faz o que tu acredita que seja feito; não pede permissão. Estamos aqui para aumentar o teu impacto. Faz. A gente acredita em vocês.”
Se vocês não tão tremendo lendo isso; olha, eu estava quando ouvi.
FATO:
A ONU está passando por reformas e busca se conectar mais aos jovens; ainda esse “busca” é deixar os jovens no corredor e conversar na sala. Cabe a nós bater na porta e ir entrando.
“If you are not in the table you are on the table.” Emad Karim — UN Women Arab States
Tradução: “se você não está sentado a mesa, você está no menu.”
MEU ESPAÇO DE FALA:
Meu momento “real oficial” de fala foi em um painel sobre Educação para formação de cidadãos globais.
O texto que escrevi 1 minuto após ter respondido a pergunta:
Respondi a pergunta: quem te inspirou nas últimas 3 semanas?
Minha resposta:
Nicole Banister (uma jovem africana que nos representou ontem), que está aqui na sala (e apontei)
-Por que?
No Brasil nós temos muitos desafios em relação a empoderamento sobre mulheres e principalmente mulheres negras;
Pra mim ver uma mulher jovem negra num palco me representando e apresentando suas ideias, seus projetos, colocando sua voz no palco é incrível. E me faz pensar no trabalho que eu tenho que fazer no meu país para que na próxima conferência nós tenhamos essas jovens aqui no meu lugar representando meu país e lutando pelo que acreditam, tal qual Nicole fez.
Saber liderar e saber quando ser liderado é uma habilidade essencial para viver em democracia.
Essa é a minha galera ❤
Com puro jogo de cintura, muita tecnologia e altamente preparados; esse mundinho é nosso. Queria ter mais 10horinhas aqui de leitura para contar CADA projetinho maravilhoso que vocês não tem ideia ❤
É uma honra incrível estar ao lado desse grupo, poder aprender, discutir, errar e repensar ao lado de tanta gente foda.
Um pouco do “Deveria ter feito”
Essa menina ao meu lado tinha impresso todos que iam participar do evento (além dos mentores e palestrantes). Além disso, fechou reuniões na ONU durante o evento com embaixada e etc.
Pensa numa mina focada, respeitei — e aprendi — demais.
LEVANTA A TUA VOZ
No painel com o Emad Karim em um momento ele abriu a perguntas sobre um tópico e tivemos um breve silêncio de 5 segundos.
Ele ficou chocado e reagiu da seguinte maneira:
“É inadmissível vocês não terem perguntas; vocês são a juventude do mundo. Ninguém ouve o jovem, ninguém dá atenção a vocês. Vocês tem que estar prontos para QUALQUER abertura em qualquer espaço e por sua voz.”
Complemento dizendo que cada pessoa é única, cada história vivida é única e todos tem sempre algo a agregar ao debate. Escolha com sabedoria.
Essa foi a minha atuação em pequenos pontos; ainda faltam muitas histórias e momentos. Fiz o que acreditava que precisava ser feito e busquei entregar o meu melhor.
Destaco que no pós evento já estamos marcando reuniões com a UNAOC, firmei parceria a níveis nacionais e internacionais com diversas redes para esses projetos que estão a avançar; está sendo super divertido.
Sinto só uma gratidão do tamanho do universo a todos que me ajudam a cada passo, desde migs como Taís, Erick e Vic revisando meu inglês capenga; a pessoas que nos abrem portas a essas conversas.
Em resumo ao texto: vamo dale, é issae ❤
Quer saber mais sobre a UNAOC, entra no site deles: https://www.unaoc.org/
PS: eu tenho salvo no stories do Instagram @ernestofv01 contando muitos detalhes, tipo uma privada maluca que tinha hahahah
THANKS!
Se você chegou até aqui lendo tudo isso, eu mereço pelo menos um feedback, não acha? ❤
Vamos tomar um café?
Eu vivo de rede, de apresentar pessoas, cases, ideias; e quero abrir mais a minha mente. ❤