O Desafio de Simplificar no Design

Giovanni Marino
Méliuz Design
Published in
4 min readJul 4, 2019

Desde que cheguei no Méliuz, tive na simplificação um dos meus maiores desafios e também o meu maior crescimento. O design está presente na minha vida desde novo e, ao longo da minha trajetória, adquiri uma visão de que o melhor projeto é aquele impecável, mesmo que dure dias para ser concluído.

Por muito tempo tive a sensação de que todos os meus trabalhos precisavam ser perfeitos e isso me forçava a gastar bastante tempo com todas as minhas ideias. Antes das minhas experiências dentro de empresas, todos os meus projetos foram pessoais e neles eu tinha bastante tempo para investir. Dessa forma, não demorou muito para que nos meus feedbacks eu fosse estimulado a melhorar a forma como priorizo e simplifico as minhas tarefas, sendo este, inclusive, um dos pontos da cultura do Méliuz.

Nesse post, portanto, gostaria de compartilhar com vocês como eu agi perante essa minha dificuldade e como vi em pouco tempo uma grande evolução em meus projetos. Gostaria de deixar claro que simplificar não significa fazer tarefas piores, mas usar menos tempo para atingir resultados equivalentes ou até melhores, que se tornam possíveis graças à forma como damos prioridade para as coisas que realmente importam, gerenciando melhor o nosso tempo.

Entenda seu contexto

Muitas vezes, somos estimulados a ser bastante artesanais, deixando a nossa criatividade respirar para assim obter o melhor resultado possível. Somos influenciados pelos processos perfeitos apresentados no Behance e por artistas que fazem composições extremamente complexas, em um longo período de tempo. Esses fatores não são um problema por si só, mas vistos através de um olhar descontextualizado podem causar frustração quando a realidade do designer for outra.

Aprendi que projetos comerciais são diferentes dos nossos projetos pessoais e que um projeto feito por uma só pessoa vai ser diferente de um projeto feito por um time inteiro dedicado ao design. Na prática, limitações surgem devido às necessidades do cliente e na maioria das vezes não cabe ser experimental ou utilizar algo complexo sem saber se vai fazer sentido.

Entender o meu contexto em cada tarefa me ajudou a saber o que eu deveria priorizar, distribuindo os meus recursos de acordo com o impacto de cada tarefa. Assim, posso gastar mais tempo com tarefas de alto impacto e nelas buscar algo mais inovador. Nas tarefas corriqueiras e de baixo impacto, ser simples nos garante que elas sejam entregues com alta qualidade, mas de forma mais rápida.

Dê mais tempo para as suas melhores ideias

Um dos grandes problemas que eu tive ao dar meus primeiros passos no mercado de trabalho foi o de gastar muito tempo com a primeira ideia que eu tinha. Isso fazia com que eu ficasse restrito e me frustrasse caso ela fosse alterada posteriormente.

Isso melhorou muito quando eu comecei a fazer vários rascunhos primeiro, dedicando mais tempo ao planejamento e gerando uma grande quantidade de ideias. Nem sempre o primeiro conceito é o melhor e desapegar rápido pode ser a melhor solução para garantir que recursos não sejam desperdiçados ao longo de seu processo criativo.

Nesses momentos, utilizar materiais como lápis e papel pode contribuir para o processo de ideação, já que causam menos distrações do que os softwares de design. Conversar com as pessoas envolvidas e entender muito bem o contexto do projeto também podem ajudar a definir quais ideias são mais adequadas. Em minha experiência, isso diminuiu o tempo que eu gastava com refações e meu processo foi otimizado.

Faça o design em etapas

Talvez a mudança de comportamento que tenha provocado o maior impacto nos meus projetos foi considerar as diferentes etapas da construção das minhas peças. No início, eu começava a inserir elementos visuais secundários antes de pensar no fluxo de leitura e isso fazia com que eu gastasse muito tempo diagramando elementos que não estavam relacionados com a mensagem principal.

Priorizar a comunicação com o leitor e o que é essencial para que ela aconteça ajuda a tornar o processo de diagramação menos complexo, pois diminui o número de elementos em um primeiro momento. Aqui vale desapegar do perfeccionismo e testar muitas possibilidades de layout, deixando para refinar apenas a melhor versão. Pedir feedbacks nessa hora é muito importante, pois qualquer alteração não vai custar muito tempo.

Apenas depois que a estrutura dos elementos principais está definida é que eu adiciono elementos secundários, complementando o layout e pensando no equilíbrio da peça como um todo. Nesse momento dá até pra ser mais perfeccionista, fazer os retoques necessários e adicionar elementos que podem contribuir para o encanto da peça.

Considerações finais

Ainda tenho muitos pontos a melhorar, mas desde que comecei a focar no “priorize e simplifique” já notei um grande aumento na minha produtividade e na qualidade das minhas peças. Hoje, meus esforços de aperfeiçoamento profissional já contemplam outras características que antes não eram tão evidentes.

E você? Tem alguma dica que ajudou a melhorar a sua experiência dentro do design? Compartilha aí com a gente!

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