O que aprendi em quase três anos ajudando a construir a marca do Méliuz

Fernanda Passos
Méliuz Design
Published in
6 min readJul 18, 2019

Na semana passada tive a oportunidade de aceitar o desafio de migrar para a área de Design de Interação, me aproximando ainda mais da construção dos produtos que constituem o Méliuz. Até então, atuei por dois anos e sete meses no time de Brand Design, responsável por resolver problemas ligados à representação da marca, bem como por traduzir visualmente a essência do Méliuz enquanto empresa. Durante esse tempo, fui de estagiária para assistente e, em seguida, analista - uma curva de crescimento que me possibilitou adquirir habilidades que foram desde a execução eficiente de projetos até a liderança de uma equipe. Além disso, por ter sido parte do primeiro time voltado exclusivamente para os processos de criação, pude presenciar e atuar no amadurecimento da área, que se adaptou e se reconstruiu para tornar-se o que é hoje: um pilar no que diz respeito à geração de soluções para a marca Méliuz.

Agora, com este ciclo encerrado, decidi tirar um momento para refletir acerca dos meus maiores aprendizados e dividi-los com quem possa se interessar. Com muito esforço, consegui escolher as três lições que mais me marcaram durante esta trajetória:

Traga seus pontos fortes

Todas as pessoas possuem vivências para além do ambiente de trabalho que as tornam únicas, capazes de contribuir, cada uma a sua maneira, para o funcionamento e para as atividades do time como um todo. Mesmo que à primeira vista algumas características ou habilidades pareçam não se relacionar diretamente à sua função, aprendi que é importante que sua postura seja sempre proativa no que diz respeito a dividir seus conhecimentos. No meu caso, por mais improvável que pareça, ter cursado parte da graduação em Engenharia Aeroespacial ajudou a mim e à equipe, sobretudo quando decidimos adotar uma postura voltada para resultados numéricos. A visão analítica e o conforto ao lidar com números - habilidades que reforcei durante meu período como estudante de Engenharia - foram muito importantes quando começamos a metrificar nosso trabalho, rodando e interpretando testes de conversão e performance. Outra parte de mim que fiquei muito feliz de trazer para dentro do Méliuz foi minha afinidade com artes, sobretudo desenho. Quando entrei para o Design, a empresa se preparava para um processo de expansão em novas cidades e novos modelos de negócio, o que acabou fazendo com que fosse necessário renovar a forma com que o Méliuz se comunicava visualmente, dando enfoque à ideia de responsabilidade e comprometimento. Com esses valores em mente, começamos a renovar todas as ilustrações em um projeto extenso que me possibilitou trazer o gosto por desenhar a uma situação voltada para o crescimento da marca.

Lembre-se sempre da cultura

Estar em uma empresa com cultura organizacional forte foi uma das coisas que mais impactou a minha carreira, não só no que diz respeito à minha postura profissional, mas também com relação à maneira que hoje faço design - inclusive, escrevi recentemente sobre como a cultura atuou nos processos e ritos do meu até então time. Quando comecei no Méliuz, a área de Brand Design (que então era o time de Criação) ainda estava em processo de estruturação, com parâmetros visuais sendo definidos. Neste início, era comum o sentimento de não saber muito bem para onde ir e, com isso, acabávamos nos baseando em tendências estéticas externas e em noções pessoais. Algum tempo depois, percebi algo que ajudaria a amenizar esta sensação: a cultura da empresa estava lá para nós, extremamente bem definida e comum a todos. Isso me ajudou a ter caminhos mais bem definidos para a criação de novas peças e acabou sendo acoplado posteriormente aos pilares visuais da marca - um projeto incrível estruturado pelo Cris e pelo Jonas. Atualmente, tudo que o Brand Design constrói perpassa por presença, encanto e inteligência; valores que sumarizam e complementam os sete pontos da cultura do Méliuz - seja na escolha de uma imagem que passe conforto, na diagramação simples e direta de uma peça ou naquela faísca causada por um elemento especial a mais na composição.

Não se apegue ao rascunho

Sabe o projeto de ilustrações que mencionei agora há pouco? Então, o resultado dele teria sido completamente diferente se tivéssemos seguido com o primeiro esboço. Não se apegar ao rascunho é algo que hoje em dia aplico de maneira geral a qualquer tarefa, mas neste caso em específico, a necessidade de fazê-lo foi extremamente evidente. Contextualizando, éramos uma equipe de duas pessoas, sem experiência formal nenhuma em ilustrar para marcas, experimentando diversas tendências estéticas que estavam em alta em 2017/2018. O que poderia dar errado?

Por maior que seja a vergonha retroativa que eu sinta, este foi o caminho percorrido por nós:

No auge das nossas pesquisas referenciais, ficamos encantados com as criações fluidas de marcas como Shopify e Dropbox e decidimos fazer a primeira versão de um personagem explorando essa continuidade de formas, bem como o uso do gradiente e dos rostos sem rosto. Com esse primeiro modelo pronto, percebemos que ele não conseguiria traduzir a vitalidade e a emoção que eram características marcantes do Méliuz. Sendo assim, fomos ao extremo oposto, trazendo rostos caricatos, com cores fortes e uma mistura de contornos bem demarcados e formas indefinidas. Foi esta a primeira ideia que apresentamos para o então time de Product Design, responsável pela experiência e pela interface dos produtos do Méliuz. Com muito amor, eles nos deram uma paulada de realidade, apontando diversas questões que poderiam ser melhoradas para deixar as ilustrações realmente condizentes com a proposta da empresa. Por mais que o orgulho tenha ficado um pouco doído de primeira, essa etapa foi de longe a mais decisiva para o projeto, pois foi a partir dela que fomos forçados a desapegar do rascunho e a fazer mudanças que, no fim das contas, originaram o modelo final.

Ao final desta história, o que mais aprendi foi que quando você estiver comprometido com uma ideia sólida, bem estruturada e, principalmente, aprovada pelo time, defenda-a da maneira que for possível; mas até lá esteja disposto a ouvir e a aplicar feedbacks em prol do desenvolvimento do projeto.

Apesar de ter escolhido destacar estes três aprendizados, não posso deixar de passar por outro que, na minha opinião, foi tão essencial quanto eles: o quanto um time que te apoia pode fazer a diferença na sua carreira (e até na sua vida). Ao longo destes quase três anos, meus colegas de equipe se tornaram meus amigos e alguns dos meus maiores incentivadores. Foi graças a eles que tomei coragem para mudar de curso, que consegui ter tranquilidade para estudar pro ENEM e que superei uma das fases mais difíceis na minha vida pessoal - entre muitas outras coisas. Se somos a média das cinco pessoas com quem passamos mais tempo, é por causa deles que hoje posso dizer que me sinto realizada e pronta para o que der e vier. Sendo assim, nada mais apropriado do que terminar esse apanhado de reflexões com meus mais sinceros agradecimentos.

Ao Brand Design, com carinho ❤

E ao Interaction Design: bora para novos desafios! 🚀

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