Uma inusitada trajetória Audiovisual.

Jonas Fonseca
Méliuz Design
Published in
4 min readJul 17, 2019

Parece estranho para você existir uma célula de audiovisual dentro de um time de Design? Saiba que, pra mim, pareceu também, mas hoje vejo o tanto que isso me fez (e ainda faz) um profissional melhor, e vou te contar por quê.

Contexto

Comecei a trabalhar com audiovisual no Méliuz traçando o que seria o caminho “convencional”, fazia parte do time de marketing e fazia produções predominantemente relacionadas com o branding da empresa. Era exatamente ali que morava o problema. Como criar vídeos para a marca sem estar realmente conectado com quem diariamente a constrói?

Devido a isso, passei a trabalhar indiretamente com o time de Design, demandando alguns projetos, como ilustrações, vinhetas, letterings. Qualquer tipo de trabalho gráfico de pós produção passava pela mão dos nossos brand designers, afinal, eles vêm passando os últimos anos desenvolvendo cada parte da identidade da nossa marca.

Até que chegou o momento em que eu estava trabalhando mais com o time de Design do que com o time de Marketing. Foi então que começou a mudança.

Brand Design

Agora eu estava no time, mas designer era a última coisa que eu era. O início foi um pouco estranho, até pegar o jeito, o trabalho foi complicado — nenhum sacrifício fora do comum, mas me tomou um tempo. Comecei a caminhar a passos curtos, aos poucos fui implementando processos e adaptando fluxos de trabalho, até começar a me sentir confortável e a descobrir os profissionais competentíssimos que, agora, faziam parte do meu time.

O Design e o Audiovisual

O que parecia loucura, antes, agora já não era mais. E eu, instruído por meus colegas, comecei a ter noções básicas, porém muito primorosas, sobre design. Com o tempo, e um pouco mais de intimidade, pude perceber o tanto que isso poderia agregar meu trabalho: conceitos de proporção, composição, construção em blocos, contraste e tipografia eram coisas que agora estavam presentes nas produções audiovisuais que fazia. Aos poucos, as fotos e vídeos foram se ampliando para posts, banners, anúncios e apresentações muitas vezes integrados a um processo só.

Um dos projetos pelos quais fiquei responsável e trabalhei junto do time de Design foi o de Brand Voice — com a proposta de desenvolver os pilares comportamentais da marca, demonstrar como ela deveria se portar e quais os diferentes tons de voz que nossa marca tem. Esse projeto foi bem significativo não só pela sua importância para o time, mas também por ter sido um grande projeto em que pude me integrar, de fato, às habilidades e responsabilidades dos demais designers do nosso time.

Os desafios do Audiovisual em uma Startup

O lado mais artístico de um fotógrafo ou videomaker preza muito pela qualidade visual das entregas e emprega bastante tempo de trabalho moldando os mais primorosos detalhes para deixar o projeto o mais próximo da perfeição. Se você se identificou com esse trecho, deixe todo esse pensamento de lado, ou boa parte dele. Priorize e Simplifique é o ponto da cultura do Méliuz que eu mais tenho contato, e justamente o que mais tenho dificuldade. Em meio a diferentes entregas, como fotos de campanhas, posts em redes sociais, vídeos para operações no varejo, e-commerce e cartão de crédito, campanhas promocionais, materiais educativos e muitos outros, o que mais pesa nesse processo é a relação: Entrega versus Qualidade. E é exatamente aqui que a cultura aparece: fazer o melhor resultado possível, priorizando sempre seu tempo de entrega.

Visto que as etapas de uma produção audiovisual podem ser bem longas, entre gravação, locação, atores, roteiro, narração etc, ter um processo muito bem estruturado faz toda a diferença, e talvez aqui eu tenha tido um dos principais ganhos com o time de Design: meu fluxo de trabalho. O audiovisual por si só já não pode se dar ao luxo de permitir muitas alterações em projetos, já que uma simples alteração pode demandar dias de trabalho extra — dentro de uma startup então, nem se fala!

É por isso que no fluxo de trabalho do Audiovisual, assim como para todo o Brand Design, as duas primeiras etapas que antecedem a produção são as mais importantes: o contexto e o planejamento. Antes de encostar o dedo em uma câmera, todo o trabalho deve estar idealmente pronto, parte por parte, etapa por etapa. Somente assim podemos reduzir bastante a quantidade das alterações, conseguir entregar mais, e principalmente, dentro do tempo previsto.

Bem, isso é tudo! A história de um videomaker indo parar no time de Design, adotando fluxos de trabalho ágeis para produções audiovisuais e incorporando, dia a dia, inúmeros conceitos do design que fazem toda a diferença para o processo, para os projetos e, claro, para o aprendizado de sempre. E agora, depois de tantos cenários improváveis desde um ano atrás, posso dizer que é nessa improbabilidade de contextos que a magia acontece.

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