OS FLERTES NAZISTAS DE JAIR BOLSONARO

Kaolin Vesterka
Mídia Independente Coletiva
4 min readFeb 11, 2022

Por Victor Carvalho

Na quarta-Feira (09/02), Bolsonaro publicou em seu instagram uma foto sua numa sinagoga, seguido de um longo texto se posicionando contra a ideologia nazista e que reitera seu repúdio a regimes totalitários. Afirmou que somos o povo de maior diversidade em nossas veias e muito acolhedor também. Como de praxe, não perdeu a oportunidade de expor sua ignorância histórica numa comparação entre o comunismo e o nazismo, como todo bom direitista sem senso crítico e que muito sofreria na tentativa de abrir um livro. Bom, embora saibamos que ele não dispõe de estômago ou capacidade cognitiva para escrever algo com mais de duas linhas, bem estruturado e — em partes — minimamente sensato, ele decide por essas palavras, em uma tentativa de nos fazer acreditar o quanto seu discurso e seu posicionamento mudaram, mesmo que através de uma simples postagem.

Toda essa retórica vazia de um saudosista da ditadura militar cai por terra quando lembramos que, há poucos dias, um imigrante foi assassinado, próximo a sua casa na Barra da Tijuca, outro em São Paulo, e nem ao menos ouvimos uma palavra de empatia de sua parte. O discurso se desmoraliza, também, quando lembramos de sua fala sobre refugiados da América do Sul, Oriente Médio e África: “a escória do mundo está chegando aqui.” Não é preciso que nos alonguemos sobre todo o desrespeito a diversos grupos, raças, etnias, gênero e sexualidade, como no infame episódio acontecido no Clube Hebraica.

Isso tudo só ocorreu em razão da necessidade que vivemos de voltar a defender o óbvio após declarações nazistas em canais de comunicação brasileiros, enquanto poderíamos estar avançando em pautas mais importantes. Bolsonaro vê uma oportunidade e arrisca um discurso tolerante para arrancar votos de moderados e atrair a comunidade judaica, afinal, é ano eleitoral. Mas, vamos falar sobre o quanto Bolsonaro flertou diretamente com grupos neonazistas?

Em 2004, ainda deputado federal, Bolsonaro enviou mensagem de agradecimento a três grupos neonazistas na internet. A carta foi encontrada pela antropóloga, e especialista no estudo de grupos nazistas no Brasil, Adriana Dias:

“Ao término de mais um ano de trabalho, dirijo-me aos prezados internautas com o propósito de desejar-lhes felicidades por ocasião das datas festivas que se aproximam, votos ostensivos aos familiares.

Todo retorno que tenho dos comunicados se transforma em estímulo ao meu trabalho. Vocês são a razão da existência do meu mandato. Em dezembro estou completando 16 anos de vida como parlamentar contra os 15 de efetivo serviço ao nosso glorioso Exército Brasileiro.

Outrossim, informo que, como última atividade no corrente ano, protocolei Requerimento no sentido de realizar Sessão Solene em homenagem aos militares das Forças Armadas assassinados no Araguaia. Caso deferido, a sessão contará com a honrosa presença do Coronel R/1 LICIO MACIEL, autor da prisão do “guerrilheiro de festim” José Genoíno.

Atenciosamente,

JAIR BOLSONARO”

Em 2011, tivemos a primeira manifestação pró Bolsonaro que foi noticiada. O ato ocorreu em São Paulo, na MASP, realizado por grupos de carecas neonazistas que portavam barras de ferro, tatuagens, camisas e faixas explicitamente nazistas e que continham teor de apoio a Bolsonaro: Alegavam defender os costumes conservadores do então deputado federal. 7 deles foram conduzidos à delegacia por já terem ficha criminal por violência e um mais específico por já ter atirado uma bomba na parada gay de São Paulo. O grupo ganhou força após declarações homofóbicas do deputado e, assim, sentiram-se representados e encorajados a exporem seus preconceitos em plena avenida.

Os casos e flertes com o nazismo vem surgindo cada vez mais, até mesmo em seu mandato como presidente, o que não parece ser crime ou incomodar o suficiente para alguma atitude radical de meios institucionais. Centenas de notas brandas de repúdio se mostram, obviamente, ineficazes.

Talvez pela carência de conhecimento por parte da sociedade do perigo que isso representa, atitudes com essa continuarão a ocorrer, pois esse é o pilar ideológico que rege esse governo. O Bolsonarismo que surge da extrema direita é, tão fundamentalmente fascista que não vão ser falsas atitudes e postagens que irá afastá-lo de seus princípios e de seus seguidores que sabem que tudo é um mero teatro para ser portar de forma mais humana e moderada perante a população.

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