O maior argumento contra o feminismo (ou “ensaio sobre as que ficam para titia”)

Veronica Heringer
MadameHeringer
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3 min readJul 7, 2015

Aos 33 parece que tudo mudou dentro de mim. 33 anos é uma idade interessante. Ao contrário de se imaginar adulta e independente, ou um projeto avançado do que você acha que deveria se tornar, aos 33 você chega a conclusão de que algo continua faltando.

Muitas vezes você sobrevive a vários empregos e gambiarras na vida profissional para explicar a sua falta de vontade de aceitar um ambiente hostil. Aos 33, finalmente você se sente no controle da sua vida. É uma idade estranha. É quando você entende que um ano e uma década passam mais ou menos na mesma velocidade. É um período da vida que você não entende se precisa de mais raízes ou de asas. É um momento em que você luta com todas as forças para continuar jovem e agarra a lei da atração com braços e pernas.

A forma de pensar é mais definitiva que as rugas. Física quântica, livros de auto-ajuda, qualquer coisa funciona para se ter mais tempo na vida.

Maternidade

E aí você se compara às amigas que começaram cedo, que encararam uma próxima fase da vida “no tempo certo”, umas gordas, outras magras, outras sem sal. E aí você se compara mais a elas e vê que a coitada é você! Você é quem tem síndrome de Peter Pan, você é que é OCD, você é que quer ter tudo. “No darling, YOU can’t have everything” Você é quem está ficando para trás…

E aí você se compara às suas amigas que estão na mesma. “Olha o quanto evoluímos. Somos feministas, independentes, não dependemos de ninguém” E aí você se lembra porque não quer depender de ninguém. Financeiramente ou emocionalmente. Seu casamento é uma parceria. Você tem um marido que te trata de igual pra igual. Tem orgulho de você, diz pra todo mundo que você é linda e diz que mais importante é vocês viverem juntos, com filho, sem filho, não importa.

E de qualquer forma, você lembra que é mais lucrativo não tê-los. Saiu no jornal, US$250 mil para criar uma criança malcriada nos dias de hoje. No final acabam na terapia dizendo que a culpa é sua, que tudo de errado vem de você. Você sabe porque você é assim! É sim, e se você parar pra pensar… Seus pais são crianças como você. E aí, como dorme à noite? Como dorme? Como vive quando uma parte sua perambula pelo mundo levando uma parte de você?

Mas você tem vontade? E nem isso você sabe. As amigas que sabem são fonte de inspiração, de admiração. Pelo menos elas sabem o que querem. Você… E é isso mesmo, você não sabe. E as variáveis são muitas, muita coisa pode dar certo, mas Murphy opera de uma forma que nem os deuses entendem. E a verdade é que você não sabe, você não sabe mesmo. Tic… Toc… e o relógio biológico continua influenciando todo mundo, mas você é a única que se sente com quatorze anos. A única que quer continuar num ritmo frenético, que quer conquistar o mundo (mas será preciso tudo isso?).

Breath in… breath out… No final, dizem que os hormônios resolvem. Foi assim com a sua primeira menstruação, com o seu primeiro beijo e a sua primeira trepada. Foi assim também a primeira fez que você se apaixonou e jurou amor eterno… Os hormônios hão de resolver.

Quem mandou estudar, menina?
Pra quê se preocupar com o futuro?
A gente avisa, num acredita, dá nisso!

* Este post é baseado numa história e inspirado por estatísticas da vida real.

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Veronica Heringer
MadameHeringer

1/2 Brazilian, 1/2 Canadian, Digital Strategist, proud Gen Y-er. Opinions are my own! writes @madameheringer & @halfhalf2016