“A Viagem Autonómica” — A História da Autonomia dos Açores

Rogério Sousa
Made in Azores
Published in
5 min readMay 31, 2020

Os Açores são uma das duas regiões autónomas de Portugal. Mas, na prática, o que é que significa ser “autónomo”? Em que é que se traduz a Autonomia açoriana e como foi ela construída ao longo destes anos? Estas são apenas algumas das perguntas que são abordadas no documentário “A Viagem Autonómica”, de Filipe Tavares, e servem de roteiro para um melhor conhecimento da realidade deste arquipélago.

No dia 2 de Março de 2013, o Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, viu a sua sala esgotada com centenas de espectadores ávidos de assistirem à estreia mundial do documentário “A Viagem Autonómica”. Tratava-se da primeira longa-metragem do jovem realizador Filipe Tavares, natural de São Miguel, escrita em parceria com Nuno Costa Santos, também ele micaelense, e produzido pela Ventoencanado Produções.

“A Viagem Autonómica” é uma espécie de viagem documental e visual, partindo da base ficcional de uma personagem que se lança em busca da história e da identidade colectiva deste arquipélago, perdido algures entre a Europa e a América, com quase 600 anos de história e com um termo muito próprio, criado pelo escritor Vitorino Nemésio, para definir a sua existência insular: açorianidade.

Fotograma “A Viagem Autonómica” | DVD

A história segue a viagem de Gonçalo Cabral, um jovem açoriano a estudar teatro em Lisboa, interpretado pelo actor Frederico Amaral, que escolhe como tema para a sua peça de final de ano a “Autonomia dos Açores”. Ao desenvolver o seu trabalho, Gonçalo depara-se com várias dúvidas e questões que, para as ver respondidas, terá de partir em direcção aos Açores.

Assim, com as suas dúvidas na bagagem, de mochila às costas e acompanhado pela sua fiel Vespa, o personagem resolve fazer uma viagem de investigação pelo arquipélago, partindo à procura das figuras, dos documentos e das instituições que definiram os momentos fundamentais da construção do regime autonómico nos Açores.

É esta busca pelas origens da Autonomia que leva Gonçalo aos locais, arquivos e às conversas com mais de 50 protagonistas e especialistas no assunto — desde personalidades ligadas à política, à história, à cultura, à ciência, e, de um modo geral, à sociedade açoriana — e que o vai ajudar a construir um roteiro geográfico e sentimental daquilo que é, no fundo, a viagem de um jovem à procura da História da sua terra, da identidade açoriana e também de si próprio.

O filme capta, ao longo de 90 minutos, o “espírito de lugar” açoriano, conjugando o passado com o presente, a tradição com a modernidade, numa busca romântica do que é a “alma açoriana”, evocando a natureza geográfica, histórica, política, cultural, científica e antropológica dos Açores.

O documentário é, no fundo, o múltiplo retrato de uma complexa realidade — a autonomia dos Açores, vertida no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores. Uma autonomia que, para além de política e administrativa, também o é social e culturalmente. Uma autonomia que encontra a sua concretização diária na frase de Aristides Moreira da Mota: “não pedimos ao Governo que faça, mas que nos deixe fazer”.

A viagem do personagem identifica os principais acontecimentos que conduziram ao processo iniciado no final do séc. XIX pela 1ª geração autonomista. O Decreto 2 de Março de 1895 celebra o início da autonomia administrativa dos Açores e, apesar de estar longe dos objectivos dos seus patriarcas, abriu caminho para o projecto autonómico ao longo do séc. XX, concretizando-se com a democracia do pós 25 de Abril,e que consagrou o actual regime de governação regional.

Press Book | Alguns dos Intervenientes

“A Viagem Autonómica” é um retrato da história do arquipélago, mas acima de tudo um objecto que apresenta e discute as características da autonomia nos Açores contemporâneos, mais próximos entre si e abertos ao exterior. A insularidade é hoje encarada como uma força mas também como uma oportunidade.

Ficha Técnica

Produção: Filipe Tavares (Ventoencanado Produções) / Realização: Filipe Tavares / Argumento: Nuno Costa Santos, Filipe Tavares / Fotografia: Pedro Emauz / Som: Ricardo Leal / Edição: Renata Sancho, Filipe Tavares / Pesquisa: Bárbara Almeida / Revisão científica: Carlos Enes, Bárbara Almeida / Duração: 90’

Ventoencanado produções

A Ventoencanado é uma produtora de audiovisual que se dedica à produção em alta definição de filmes de ficção, documentários, videos publicitários, institucionais e ao apoio de projectos audiovisuais. Com sede em S.Miguel, Açores, e representação em Lisboa, a empresa aposta fortemente na mobilidade dos seus meios de produção, portabilidade e segurança dos seus equipamentos de forma a garantir um acesso rápido e eficaz a qualquer parte do globo.

Filipe Tavares

Filipe Tavares nasceu a 28 de Abril de 1981 na ilha de São Miguel — Açores, Violinista e compositor. Em 2005 concluiu o curso de som em Lisboa e participou em diversas produções nacionais e internacionais tais como: “Pare, escute, olhe” de Jorge Pelicano, “Enxoval — Joana Vasconselos” de Pedro Macedo, os documentários de Arte de Abílio Leitão e Alexandre Melo: “Geração 25 de Abril”, “Eduardo Batarda — como deve ser”, “Cabrita Reis” e “Noites Brancas — Julião Sarmento”. Desde 2010 tem feito a Direcção de Som dos filmes de Basil da Cunha: “Nuvem”, “Os vivos também choram” e “Até ver a luz”, filmes que estiveram na “Quinzena dos Realizadores” do Festival de Cannes em 2011, 2012 e 2013. Recebeu o prémio de melhor som na “41ª Muestra cinematográfica del Atlãntico, Alcances, Cádiz, com o filme “La Mano Azul” (Floreal Peleato).

DVD A Viagem Autonómica no Made in Azores

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