Zeca Medeiros — O Aprendiz de Feiticeiro
O artista açoriano Zeca Medeiros regressa com “Aprendiz de Feiticeiro”, uma obra que traz ao público músicas novas e um documentário rectrospectivo, produzido e realizado por Tiago Rosas. Uma vida de palcos e ecrãs que tem atravessado gerações de açorianos e portugueses em geral. De teatro à novela, da música à televisão, Zeca Medeiros é dono de uma voz inconfundível e responsável por levar o nome “Açores” para lá das suas nove ilhas.
“Aprendiz de Feiticeiro” é o mais recente trabalho discográfico de Zeca Medeiros. O seu nono disco, saiu em 2015, cinco anos depois de “Fados, Fantasmas e Folias”. Uma aposta da produtora “Palco de Ilusões”, este CD/DVD é composto por 17 novas músicas e o documentário “O Outro Lado do Espelho”, o qual inclui músicas como: Isaltina, Cantiga da Terra, Camarim — a canção da timidez, Cançoneta do Forte Fraquinho, Maria Maresia, assim como excertos de algumas das suas famosas séries de televisão.
José de Medeiros, popularmente conhecido como Zeca Medeiros, nasceu em Vila Franca do Campo, ilha de São Miguel, a 9 de Dezembro de 1951. Começou a sua carreira musical no início da década de 70, tocando e cantando para os passageiros do paquete “Funchal”, que fazia a ligação entre o arquipélago da Madeira e o continente português.
Cumpriu o serviço militar obrigatório na guerra colonial em Angola — uma experiência traumática que estaria subsequentemente muito presente no seu trabalho criativo — e foi mais tarde contratado como funcionário do canal público RTP.
Alguns anos mais tarde, quando o canal regional de televisão RTP-Açores foi criado, depois do estatuto de região autónoma atribuída ao arquipélago dos Açores, em 1976, Zeca Medeiros regressou a São Miguel para trabalhar no canal regional, no qual iniciou a sua carreira como director.
As suas séries televisivas fazem parte do nosso imaginário colectivo regional e nacional, com referências como: “Mau Tempo no Canal”, uma série adaptada do romance clássico de Vitorino Nemésio; “Xailes Negros”, baseada na obra de José de Almeida Pavão; ou ainda, “Gente Feliz com Lágrimas”, uma adaptação da obra premiada de João de Melo.
Para além do seu trabalho como realizador de televisão e cinema, Zeca Medeiros também foi o compositor de muitas bandas sonoras, tais como: “O Barco e o Sonho”, “7 Anos de Música”, “Mau Tempo no Canal”, em 1986; e realizador de obras ficcionais como sejam: “Balada do Atlântico”, “O Barco e o Sonho”, “O Feiticeiro do Vento” ou “A Ilha de Arlequim”, entre outras.
Zeca Medeiros fez parte da banda Phoenix e actuou no primeiro festival de verão realizado em Portugal, após a Revolução de 25 de Abril de 1974. O festival “Musical Açores 1976”, inspirado no Woodstock, foi realizado na cidade da Praia da Vitória, ilha Terceira, apenas 11 dias após as primeiras eleições livres democráticas de Portugal.
Para mais informações sobre as duas edições do Musical Açores, ver: www.musicalacores.com & Musical Acores 76/77 — O Woodstock Português no Atlântico.
Em “Aprendiz de Feiticeiro”, Zeca Medeiros recorda-nos por que o seu nome ressoa a palavra “Açores”. De uma capacidade de reinvenção extraordinária, apresenta-nos um conjunto de músicas poderosas e dramáticas, que são ao mesmo tempo excertos de uma peça de teatro imaginária, do ponto de vista do aprendiz.
A voz poderosa de Zeca Medeiros junta-se a um conjunto de participações musicais por artistas como Filipa Pais, Carlos Guerreiro, Manuel Rocha, e muitos outros músicos brilhantes.
Susana Coelho, nascida na ilha Terceira, é uma amiga e colaboradora de longa data de Zeca Medeiros, tendo participado em muitas das suas produções. A música “Canção do Sustento” faz parte do álbum “Fados, Fantasmas e Folias” (2010), e surge-nos aqui numa interpretação a capella, por Susana Coelho, numa gravação de 2015, para o projecto do Youtube @Madeinazores.
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