Prisão
Sete horas da manhã.
Acordo com o barulho de vozes. Olho ao redor de minha cama e na pequena mesa à frente vejo alguns poucos livros gastos. Levanto-me, estico meus ossos e olho para o sol que entra pela janela acima. Pego nas grades e suspiro sentindo que logo poderei sair.
Dou conta de que a vida pode ser melhor, é preciso pensar em cada escolha.
Respiro…
O que me resta é estudar, tiro o pó de um dos livros e volto à leitura. Depois de tanto tempo deitado lembro que não posso descuidar do corpo, saio novamente da cama e faço algumas flexões.
Já são meio dia, olho para o prato sem vontade de comer novamente aquela mesma comida, me alimento com um desdém fatigado. Lembro-me das restrições, de tudo que me privei.
Algo se move dentro do meu peito.
Inquieto.
Ajoelho no canto e rezo, agradeço por tudo que me aconteceu, sem arrependimentos, sentindo que cada coisa que deixei de fazer, hoje se reverte para meu bem.
Durmo novamente.
Às 5 horas tomo um banho. Mais uma hora se passa, troco de roupa e coloco-me agora a escrever.
No diário inicio alguns rabiscos:
Há algum tempo não me reconheço mais. Estou tolhido de tudo que mais gostava. Começo a perceber que quanto mais preso fico, mais livre me torno. É o preço que se paga pelas escolhas…
Balanço a cabeça, pego outro livro e vou para faculdade.