Prisão

Lucas Mota
Made in Brasil
Published in
2 min readMay 8, 2019

--

Sete horas da manhã.

Acordo com o barulho de vozes. Olho ao redor de minha cama e na pequena mesa à frente vejo alguns poucos livros gastos. Levanto-me, estico meus ossos e olho para o sol que entra pela janela acima. Pego nas grades e suspiro sentindo que logo poderei sair.

Dou conta de que a vida pode ser melhor, é preciso pensar em cada escolha.

Respiro…

O que me resta é estudar, tiro o pó de um dos livros e volto à leitura. Depois de tanto tempo deitado lembro que não posso descuidar do corpo, saio novamente da cama e faço algumas flexões.

Já são meio dia, olho para o prato sem vontade de comer novamente aquela mesma comida, me alimento com um desdém fatigado. Lembro-me das restrições, de tudo que me privei.

Algo se move dentro do meu peito.

Inquieto.

Ajoelho no canto e rezo, agradeço por tudo que me aconteceu, sem arrependimentos, sentindo que cada coisa que deixei de fazer, hoje se reverte para meu bem.

Durmo novamente.

Às 5 horas tomo um banho. Mais uma hora se passa, troco de roupa e coloco-me agora a escrever.

No diário inicio alguns rabiscos:

algum tempo não me reconheço mais. Estou tolhido de tudo que mais gostava. Começo a perceber que quanto mais preso fico, mais livre me torno. É o preço que se paga pelas escolhas…

Balanço a cabeça, pego outro livro e vou para faculdade.

--

--