Designday e a importância de cerimônias e relações em um time remoto

Matheus Marchesi
Magalu Design
7 min readOct 14, 2020

--

Já não é novidade que nos encontramos em uma pandemia e que mudanças aconteceram da noite para o dia, em nossas vidas e na forma que trabalhamos. Com essas mudanças, tivemos que começar a repensar algumas coisas, uma delas foi o designday, uma das nossas cerimônias do time de design do Luizalabs.

Nosso UX Manager, Leonardo Lins, apareceu procurando interessados para organizar o próximo designday, agora em formato remoto. Junto comigo, Liria, Karina Napoli, Sabrina Soares, Roc de Castro e Leo Morbeck, demostraram interesse em participar na idealização e construção da idéia.

Entendimento e idealização

O designday em seu formato presencial, reunia todos do time de design em nossa sede de São Paulo, tendo praticamente um dia todo reservado para acontecer. Cada designer trazia um case de algum projeto que trabalhou ou está trabalhando para mostrar para todo o time e discutir um pouco sobre. Após os projetos, nos reuníamos em um happy hour, jogando conversa fora e sem formalidades corporativas, um momento nosso mesmo.

Era um momento interessante, não só pelo trabalho que era mostrado ali, mas para nos conhecer. Querendo ou não, nossa equipe é dividida em outras sedes, dificultando um pouco assuntos fora do tema trabalho.

Agora, com todos trabalhando de suas casas, não seria muito realista reunir todos fisicamente ou durante um dia inteiro, né? Como poderíamos realizar o designday remotamente, de uma forma que não fosse algo massivo? Duração, formato, tema, tudo isso teria que ser pensado para nosso momento atual. Com isso em mente, buscamos entender o que nosso time esperava e com isso definir um norte(fig.1 & fig.2).

fig.1 — Formato

Um ponto interessante para nós, foi o time mostrando um maior interesse na interação com atividades no lugar de palestras ou projetos internos por exemplo. Foi algo que abriu alguns questionamentos sobre.

fig.2 — Tema

Entendendo esses pontos, começamos a reunir referências, formatos, atividades e qualquer outra coisa que fosse relevante para nós. Conforme discutíamos sobre o que faríamos, começaram a surgir algumas conversas sobre as dificuldades que vieram junto com o distanciamento, que afetou não somente nosso modo de trabalho, mas a forma que nos relacionamos. Ficou nítido para nós que poderíamos focar nossas energias nisso, construir algo visando a construção do time.

Distanciamento e mudanças

Indo mais afundo nesse ponto, percebemos o quanto a relação do time foi afetada por conta do distanciamento social e problemas que já existiam antes ficaram mais evidentes.(fig.3). A falta de convivência, almoços com o pessoal, do “Psst, bora pegar um cafezinho?”, ir até a mesa de alguém ver no que está trabalhando, pedir uma ajuda com algo especifico ou até mesmo somente mandar um “oba, tá bom fio?”, cruzando nos corredores.

fig.3 — Distanciamento

Essas interações que nos levavam a trocar e nos conhecer mais, foram perdidas. E percebemos o quanto essa proximidade pode fazer falta para a relação de um time. Como aproximar(fig.4) as pessoas que fazem parte do time? Também trazendo os que são de sedes diferentes como São Paulo e Uberlândia?

fig.4 — Aproximação

Para isso, definimos duas dinâmicas para trabalhar, uma com um foco na relação pessoal, a Biblioteca do time, visando a interação fora do tópico trabalho e outra com foco na parte profissional, Revisitando o framework.

Dinâmicas

Biblioteca do time
Para quem:
Todos os designers e lideranças (Leonardo Lins & Cynthia Iizuka)
O que: Espaço para compartilharem, conversarem e se conhecerem
Porque: Para ser uma fortificação nas relações pessoais entre o time
Duração: 45min

fig.5 — Conteúdo

Percebendo que ficou um pouco mais difícil de conhecer as pessoas fora do profissional, com todos trabalhando de suas casas, ter interações que possibilitam a troca e a convivência, mesmo que virtual, poderia ser um pontapé inicial. Decidimos experimentar e criar essa biblioteca com todos os membros do time de design, onde cada um poderia trazer filmes, séries, livros, podcasts, jogos, videos, músicas e qualquer outro tipo de conteúdo, referência ou até mesmo alguma curiosidade que gostaria de mostrar para o time.

Preenchimento inicial (15min): Os primeiros 15 minutos de dinâmica foram reservados para preencherem o board. Enquanto isso acontecia, rolava incentivos para iniciar conversas, bisbilhotadas em alguns boards e até mesmo rolou de enfeitarem o do colega que não pode comparecer.

Bate papo e pescadinha (30min): O ritmo da conversa foi mantida, com incentivo de procurarem coisas que achassem interessantes de alguém, buscando iniciar conversas relacionadas ao que trouxeram em seus quadros. Pessoas que jogam as mesmas coisas e não sabiam, filmes favoritos, referências, de alguma forma puderam se conectar.

Revisitando o Framework
Para quem:
Todos os designers
O que: Uma análise individual e conjunta com discussões sobre cada etapa do framework de UX
Porque: Para entender o momento atual do time em relação ao nosso processo
Duração: 1h

fig.6 — Framework

Trazendo o tema processos de design que foi levantado no entendimento que tivemos do time, buscamos somar isso ao que tivemos de objetivo com o designday e decidimos trazer essa visão do nosso atual framework.

Uma dinâmica para revisitarmos nosso framework e também, visualizar quais etapas do framework os membros do time mais se identificam e quais gostariam de desenvolver mais.

Nosso processo atua de ponta-a-ponta no desenvolvimento de um produto, contanto com diferentes atividades realizadas entre elas, tendo a possibilidade de atuar em diferentes etapas.

Introdução e preenchimento individual (20min): Os primeiros 20 minutos da dinâmica foram reservados para cada participante preencher o board, sinalizando de que forma se sentiam em relação a cada etapa do framework, entre 3 possibilidades:

Me sinto em casa“, caso fosse uma etapa onde tenha mais afinidade e facilidade para aplicar e desenvolver.

Estou confortável“, caso fosse uma etapa onde se sinta tranquilo no momento, mesmo que não seja o maior forte, ela pode esperar para ser desenvolvida.

Gostaria de desenvolver e aplicar mais“, caso fosse uma etapa onde sinta que é necessário uma maior atenção para se desenvolver ou que exista alguma dificuldade para aplicá-la.

Também demos um espaço nos cards para que pudessem escrever suas próprias visões sobre aquela etapa e como se encontravam nelas.

Analise etapa por etapa (40min): Com cada etapa preenchida pelo time, partimos para uma discussão sobre cada uma delas, abrindo espaço para quem quisesse comentar sobre seu ponto buscando trazer diferentes pontos de vista de aplicação, desenvolvimento e conforto em relação a etapa.

Pequenas grandes descobertas

Percebemos que conhecemos pouco de muitos dentro do time e que cada um tem muito a trazer para todos (fig.7), não somente como profissionais mais como pessoas. E é disso que um time é feito primeiramente, certo?

fig.7 — Board biblioteca

Coisas que não imaginávamos de alguns e curiosidades muito interessantes de outros vieram para superfície em uma única dinâmica. Sentimos, nem que na mínima forma possível, que toda essa interação trouxe uma sensação de coletivo, de time para muitos ali. A dinâmica não foi perfeita, mas ainda sim, conseguiu cumprir seu papel de forma que até mesmo nós que organizamos ficamos surpreendidos.

Time aberto

Um medo que tínhamos durante a idealização da dinâmica com o framework, fosse que levassem essa atividade para algum tipo de nivelamento do time. Mas não, foram bem abertos(fig.8), trazendo dores reais tanto de desenvolvimento quanto ao processo e aplicação das etapas.

fig.8 — Board Framework

Conseguimos visualizar a forma que acontece a participação dos designers em seus projetos, onde gostariam de atuar mais e quais etapas sentem que poderiam se desenvolver mais. Cremos que ter essa visão nos ajudará para os próximos passos para conseguirmos evoluir nosso trabalho individual e a visão e importância do time para a empresa como um todo.

Conclusão e uma visão futura

Esse foi um dos primeiros passos em relação a adaptação de nossos processos. Futuramente podemos ter cerimônias mais focadas nas pessoas, fora do assunto trabalho para conseguirmos manter e evoluir essa base do time(fig.9) que são as relações pessoais.

“Magalu: A plataforma digital com calor humano e pontos físicos”

fig.9 — Time

O calor humano do Magalu não deve estar presente somente para os clientes, mas também para aqueles que fazem parte dela.

Não queremos depender somente de cerimônias para que o time interaja e se conheça, queremos tornar isso algo orgânico com o tempo e sem forçar a barra para isso. O objetivo é tornar isso algo de grande valor para todos como pessoas e profissionais.

--

--