CRÍTICA | Hagazussa — A Maldição da Bruxa — Mais Horror

Se você gosta de filmes intensos e interpretativos, você está no lugar certo!

Bruna Galvanese
Mais Horror
3 min readAug 12, 2020

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Queridos e queridas, leitores e leitoras do Mais Horror. Estava eu, na minha casa, curtindo essa quarentena horrível e ouvindo Ghost quando de repente, bateu o satanás na minha mente. Como assim você, Bruna, nunca escreveu sobre Hagazussa? Que heresia com Lúcifer você cometeu!

Gente, agora de verdade, que filme. Aqui no Brasil o filme alemão ficou conhecido como A Maldição da Bruxa, e olha, como esse longa mexeu comigo e com a minha percepção feminina.

Antes de começar a falar sobre ele, gostaria de dizer um pouco a respeito de sua produção. Hagazussa é um filme de 2017 do jovem diretor austríaco Lukas Feigelfeld, e xeretando nas internet da vida, descobri que o filme foi a sua tese na faculdade e feito também com financiamento coletivo. Gente, que tese, hein?!

Outro fato curioso que também descobri e quer dizer muito sobre o contexto do filme, Hagazussa nada mais é que um termo antigo alemão muito utilizado durante a Idade Média para se referir á demônios femininos e ou bruxas.

Hagazussa se passa nos Alpes Austríacos (lindos, por sinal) no século XV. Como história central, temos Albrun, uma jovem menina tímida que vive em um quase isolamento com sua mãe. Percebemos que as duas estão ali sozinhas por algum motivo, porém, não sabemos o porquê. Outro fato curioso, é que não localizamos a figura paterna, dando a entender que ambas podem ter sido abandonadas por um homem (o que ainda, infelizmente, é comum nos dias atuais).

AVISO! A partir deste momento, teremos alguns spoilers. Se você se importa com isso, tudo bem. Se você não se importa, tudo bem também. Mas continuem lendo o cacete do texto, rs!

Continuando, a mãe de Albrun fica muito doente, e aparecem algumas pessoas para cuidar dela. Porém, a mulher acaba falecendo e a pequena Albrun se encontra sozinha, perante uma comunidade religiosa e que as excluíram durante todo esse tempo.

Albrun cresce e a partir daí vem toda a história. Mais uma vez, nos deparamos com o mesmo cenário. Albrun tem uma filhinha, porém, não vemos um pai. Será que o bebê é filho do caipiroto? Ou será que, mais uma vez, seguimos o exemplo triste e comum de homens que mantém casos extra conjugais e abandonam suas “segundas” famílias. Nunca saberemos!

Nitidamente percebemos que Albrun sofre por ser diferente, por ser taxada como bruxa, assim como inúmeras mulheres foram taxadas e julgadas ao longo de sua existência.

Nos deparamos com temas polêmicos, como masturbação feminina e estupro. E o que mais me deixou impressionada foi a solidão extrema que Albrun foi direcionada. Sobre como fria, distante e excluída é a sua existência.

A figura pagã bruxa ainda é vista como algo ruim, algo sombrio. Porém, o fato de uma mulher ser livre ou mãe solo (como é o caso de Albrun e sua mãe) era o suficiente para a mulher ser apontada como não cristã, e por consequência, era queimada ou morta.

Hagazussa nada mais é que um conto gótico rural, sobre mulheres, sobre ocultismo. O silêncio do filme e seus poucos diálogos trazem para nós um barulho, um barulho que vem de dentro. Seja ele da pobre Albrun, seja ele de mulheres que foram acusadas injustamente.

Ah, lembrando que: A Maldição da Bruxa não é um terror convencional, jump scare. Vou defini-lo com o algo que, você vai odiar, ou amar. E se você, como eu, adora uma parada ligada ao inexplicável e á belos e góticos contos europeus, vai que vai! Isso é pra gente!

Finalizando, com todo esse cenário e introdução, você pode esperar sim um filme bem dirigido, com uma fotografia impecável e cheio de simbolismos e metáforas.

E aí? Já assistiu Hagazussa? Se interessa por bruxas ou ocultismo? Conta pra gente, deixe seu comentário e vamos trocar figurinhas ❤

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Bruna Galvanese
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Sleep all day, party all night. Never grow old, never die! Its fun to be a vampire 🦇