CRÍTICA | Um olhar feminino sobre A Bruxa — Mais Horror

Bruna Galvanese
Mais Horror
Published in
3 min readMay 20, 2020

Será que você consegue ver o filme com outra perspectiva?

Terríveis amigos do Mais Horror! Vamos para uma resenha um pouco diferente? Queria fazer um texto “conversando” com vocês, de forma bem simples e direta. Para tal e para começar a resenhar por aqui, escolhi o filme A Bruxa (The Witch) e assim, mostrar á vocês uma visão um pouco diferente sobre o filme.

Vamos lá! Aposto que devem ter ouvido muitos comentários negativos sobre o mesmo, e acredito de verdade que talvez muitos não tenham captado seu real significado. A Bruxa não é um filme de terror. Sim, afirmo com clareza e convicção que ele é muito mais que isso.

Thomasin, vivida por Anya Taylor-Joy em uma das suas últimas cenas do filme.

O enredo, a narrativa, o cenário, as figuras simbólicas, como nosso querido e fofo Black Philip, levam a crer que sim, ele é total 100% terror, mas o final te permite chegar a uma outra conclusão. Antes de mais nada, devemos lembrar que a família de William, vivido pelo ator Ralph Ineson, é extremamente religiosa e se apega demais em como a fé move montanhas e as suas vidas. Sua filha mais velha, Thomasin, estrelada e MUITO bem estrelada pela talentosa e jovem Anya Taylor-Joy, está passando por todas as crises que as meninas da sua idade passam. Puberdade, dúvidas, ansiedade… E a sua fé e o extremismo religioso de sua família, acabam oprimindo demais seus atos e sua forma de pensar, fazendo com que ela se sinta culpada em quase todo o filme. Sem contar que, Thomasin está para ser “vendida” pelos seus pais em troca de dinheiro, prática comum (e horrível) durante o século XVII.

O enredo do filme leva a crer que A Bruxa que vive na floresta é a grande vilã da história. Mas será que é mesmo? Será que a família de Thomasin não está colhendo o que plantou? Quando terminei de ver o filme, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi: vai menina, vai embora que agora você está livre! As mulheres sempre foram oprimidas, principalmente em tempos passados e principalmente mulheres de famílias mais humildes. O último ato do filme, a fogueira, o voo de Thomasin, representou pra mim a liberdade. A liberdade de uma jovem que estava presa em uma família que planejava a vender.

A “liberdade” de Thomasin.

Por isso que reforço: A Bruxa é MUITO além de um filme de terror. É uma metáfora explícita de como as mulheres se sentiam ao serem forçadas a ser alguém que não condizia com a sua essência ou, que simplesmente, eram vistas e tratadas como mercadoria. Robert Eggers, promissor diretor do longa, é muito ligado a arte, tendo em vista sua última e maravilhosa obra, O Farol (The Lighthouse). Portanto, analisando em como Eggers gosta de simbologias, será que ele faria um filme tão lógico assim? Acredito que não! E como tudo que é muito bom as vezes choca e divide opiniões, A Bruxa não poderia ser diferente.

Afinal, já pararam pra pensar em quantas mulheres inocentes foram queimadas por apenas serem mulheres? Fica a dúvida e o alerta! Nem tudo é o que parece ser (e ainda bem).

E aí, o que acharam? Gostam de A Bruxa?

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Bruna Galvanese
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