BIO | Conheça a vida e trajetória do diretor Tobe Hooper — Mais Horror

Jason Wolf
Mais Horror
Published in
7 min readJan 25, 2020

O diretor estaria completando 77 anos deste dia 25/01

Hooper durante a produção do que seria o seu maior sucesso do gênero: O Massacre da Serra Elétrica.

Willard Tobe Hooper nasceu no dia 25 de janeiro de 1943 em Austin, Texas. Filho de Louis Belle e Norman William Ray Hooper dono de um cinema em San Angelo, Tobe começou a se interessar por fazer filmes aos 9 anos, quando ganhou uma câmera 8mm de seu pai.

Anos 60

Hooper era professor da Universidade do Texas em Austin, e fazia trabalhos como cinegrafista documentarista (sacou a estética de documentário do O Massacre da Serra Elétrica, né?). Em 1965, seu curta The Heisters foi selecionado parar concorrer ao Oscar de melhor curta metragem, mas Tobe não conseguiu finalizar o projeto a tempo, o que acabou o deixando de fora da competição. Durante a época que lecionava, foi apresentado ao Kim Henkel por um amigo em comum.

Eggshells

Eggshells de 1969 (sem título nacional), foi o primeiro longa-metragem de Hooper como diretor. O filme custou cerca de US$40 mil para ser produzido e teve a ajuda de Kim Henkel no roteiro (o próprio Kim tenta a sorte como ator no longa). Além de Kim, Allen Danziger faz sua primeira participação em um trabalho de Tobe (ele também viria a atuar em O Massacre). O próprio Hooper classifica Eggshells como um filme “Hippie”, distante de seu tempo.

Uma curiosidade sobre esse longa: Ele nunca foi lançado em nenhum tipo de mídia nos EUA, e em 2013, a Arrow Films do Reino Unido lançou uma edição especial com 2 discos em Blu-ray de O Massacre da Serra Elétrica: Parte 2 e tanto o The Heisters quanto Eggshells veem como extras com suas versões restauradas. Essa edição já saiu de catálogo e é bem rara de ser encontrada por aí.

Anos 70

O Massacre da Serra Elétrica

O Massacre foi de fato o filme que lançou Hooper ao patamar do cinema independente e que o fundamentou com um dos diretores mais notáveis do gênero horror. Em seu roteiro com Henkel, Hooper combinou elementos de isolamento e obscuridade, com relatos de acontecimentos extremamente violentos (as notícias que escutamos ao fundo no rádio nos primeiros minutos do filme), além da inspiração dos casos reais dos assassinos Ed Gein e Elmer Wayne Henley que comprovavam até onde poderia chegar a maldade humana. Com o roteiro pronto, Hooper e Henkel fundam a Vortex, inc., produtora para a captação de recursos. Junto deles, entram Jay Parsley e Richard Saenz como produtores do projeto. O baixo orçamento estimado em US$140 mil indicava que a produção teria que ser rapidamente finalizada, ou seja, filmar 7 dias por semana, 16 horas por dia, ainda lidar com a alta temperatura do verão texano que passava fácil dos 40 graus e efeitos especiais limitadíssimos. Aliás, o problema que Hooper sofria ao lidar com a MPAA foi um dos motivos da falta de gore no filme, o que acabou o deixando mais notável ainda. O filme alcançou um gigantesco sucesso comercial (é o filme independe de maior bilheteria da década de 1970), se fala mais de US$30 milhões, mas não é possível ter uma contabilidade oficial pois o distribuidor deu um calote na produção e ficou com grande parte da grana recebida.

Trailer recriado em 1978 para o relançamento do filme nos cinemas, agora pela New Line Cinema.

O próximo trabalho de Hooper é Devorado Vivo, de 1976. Também escrito com a ajuda de Henkel e assim como O Massacre, também era inspirado em Joe Ball, um famoso assassino texano conhecido como o Homem Jacaré e o Açougueiro de Elmendorf. Na época dos assassinatos, a polícia foi ao estabelecimento de Ball para um interrogatório e o mesmo ao ver os policiais entrando, sacou uma arma de dentro de sua caixa registradora e disparou em seu próprio peito. Joe Ball foi culpado pelo assassinato de 2 vítimas na década de 1930. Alguns dizem que foram mais de 20 mortes, mas é uma informação que não foi confirmada. O filme conta com a participação de Marilyn Burns e o até então desconhecido Robert Englund (sim, o nosso amado Freddy Krueger). Wayne Bell estava no projeto trabalhando na captação de áudio, mas acabou abandonando antes das filmagens terminarem.

A convite do produtor Richard Kobritz (depois de ter assistido a uma exibição de O Massacre), E em 1979 chega então o projeto de maior recurso de Hooper. Estimado em US$ 7 milhões, a versão para TV de um livro do autor Stephen King chamado A Mansão Marsten é feita para a emissora CBS, e com o sucesso alcançado, acaba recebendo lançamento em cinema em alguns Países.

Anos 80

Os anos 80 começam com o lançamento de Pague para Entrar, Reze para Sair (1981). Em 1982, Hooper é convidado para Dirigir Poltergeist — O Fenômeno, baseado no roteiro de Steven Spielberg. A ideia original era de que Poltergeist fosse uma continuação de Contatos Imediatos de Terceiro Grau, mas Hooper deu uma ajuda para que o projeto guiasse mais para o terror do que para a ficção. Curiosidade: Os Atores Lou Perryman (O Massacre 2) e William Vail (O Massacre) fazem pontas no filme.

Hooper durante as filmagens de Poltergeist — O Fenômeno

Acordo com a Cannon Group

Com a popularização de Hooper a cargo de Poltergeist, os produtores Menahem Golan e Yoram Globus da Cannon Group entram em contato com Hooper e fecham uma parceria para que o diretor fizesse 3 filmes com a sua produtora. Seriam eles: Força Sinistra (1985), Invasores de Marte (1986) e a conturbada produção de O Massacre da Serra Elétrica: Parte 2 (1986) que também seria um dos motivos da falência da Cannon que já não andava bem das pernas. Nessa mesma época, Hooper começou a trabalhar na Tv em projetos como: Histórias Maravilhosas (1987), A Hora do Pesadelo — O Terror de Freddy Krueger e The Equalizer, ambos de 1988.

Hooper e Bill “Leatherface” Johnson — O Massacre da Serra Elétrica: Parte 2

Anos 90

Com os anos 90, vieram Combustão Instantânea com Brad Dourif (a voz do boneco Chucky) e A Morte Veste Vermelho, ambos de 1990. A Morte Veste Vermelho foi um dos últimos filmes do ator Anthony Perkins (Normam Bates de Psicose do diretor Alfred Hitchcock). Haunted Lives: True Ghost Stories (1991) inédito no Brasil, Noites de Terror (1993) com Robert Englund, Trilogia do Terror (19993) onde dirige um dos seguimentos junto de John Carpenter, Mangler, O Grito de Terror (1995), seu último trabalho com Englund, e Apartamento 17 (1999). Na TV Hooper dirige episódios de: Contos da Cripta (1991), Nowhere Man (1995), Dark Skies (1996) ambos inéditos no Brasil, e Perversões da Ciência em 1997.

A Morte Veste Vermelho

Anos 2000

Na primeira década do século seguinte, Hooper dá uma desacelerada no trabalho e dirige: Crocodilo (2000), Shadow Realm (2002) inédito no Brasil, Noites de Terror (2005) remake do filme The Toolbox Murders de 1978, Mortuária (2012) e Djinn (2013) lançado no Festival de Abu Dhabi, produção que seria o seu último longa-metragem. Na Tv, dirige os episódios de: Os Sensitivos (2000), Visões Noturnas (2001), Taken (2002) e é convidado para dirigir 2 episódios da série Mestres do horror em 2006.

Em 2011, Hooper lança seu primeiro e único livro: The Midnight Movie: A novel (inédito no Brasil).

Primeiro e único livro escrito por Hooper

Em 2014, Hooper é chamado para um bate papo com o diretor William Friedkin (O Exorcista) antes da apresentação da cópia restaurada e convertida para 4K de O Massacre para as celebrações de 40 anos do filme (essa entrevista está na edição Black Maria do filme lançada em 2014).

Hooper VS Rebecca Hodges

Em junho de 2017, Hooper virou notícia quando foi a público alegar que Rebecca Hodges, sua ex-namorada de 36 anos na época, havia lhe espancado diversas vezes e que na última, havia lhe deixado com um olho roxo. A Juíza que averiguou o caso na época deu uma ordem de restrição contra Hodges, que não poderia se aproximar a menos de 100 metros de Hooper.

Em 26 de agosto de 2017, Willard Tobe Hooper morre de causas naturais aos 74 anos no bairro de Sherman Oaks, em Los Angeles.

Tobe Hooper não foi homenageado na 90.ª cerimônia do Oscar que ocorreu no início de 2018.

Hooper e Nubbins em O Massacre da Serra Elétrica: Parte 2

--

--

Jason Wolf
Mais Horror

Viciado em horror desde os meus tenros 6 aninhos, colecionador desde os 12. Sou da época q a gente pagava multa na locadora por devolver a fita sem rebobinar.