RESENHA | Relic e The Dark And The Wicked: o abandono e a solidão na velhice — Mais Horror

Ás vezes o futuro é o que mais tememos!

Bruna Galvanese
Mais Horror
5 min readApr 19, 2021

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Relic, 2020

Uau meus queridxs do Mais Horror! Quanto tempo, não é mesmo?! Infelizmente por problemas pessoais tive que me afastar um pouco do intenso e sombrio mundo das resenhas de terror, mas para a felicidade geral dos “horríveis”, estou de volta!

Trago hoje duas resenhas de dois filmes que assisti ano passado, e apesar de não terem nada a ver um com o outro (mesmo) eles me fizeram pensar em algumas coisas que tenho medo, como: a velhice, o abandono, a solidão…

E são essas coisas que tanto The Dark And The Wicked e Relic trazem. Claro que cada um da sua maneira, mas de qualquer forma me deixaram bem pensativa.

Começando por Relic, um filme sensível que, claro, é dirigido por uma mulher. Natalie Erika James assina a direção do seu primeiro longa, e apesar de ser sua estreia, já surpreendeu positivamente.

Falando de modo mais amplo, a trama já começa de forma intensa, rodeada de cenas profundas com uma baita fotografia. De cara você percebe que a senhorinha que está ali sozinha não está bem. E realmente é isso mesmo. Kay, vivida pela atriz Emily Mortimer, recebe a notícia de que sua mãe, Edna (Robyn Nevin), está desaparecida. Então Kay e sua filha Sam (Bella Heathcote)viajam para a casa de Edna, que fica em um lugar beeeeem afastado da cidade, em uma zona rural (Lembrete: The Dark And The Wicked também se passa em uma zona rural, mais um ponto em comum).

A partir de aí, minha galera, é eita atrás de eita! Edna acaba reaparecendo, porém é nítido que ela não é mais a mesma pessoa.

ATENÇÃO SEUS CHATOS! A PARTIR DE AGORA TEREMOS SPOILERS!

Queria muito falar a respeito da sensibilidade que a diretora traz, dentro desse cenário macabro, a questão das limitações da velhice, tanto física quanto psicológica. Edna acaba se deteriorando, junto com a sua casa, que na verdade foi a única companhia que lhe restou.

Outro ponto importante para ressaltar é o fato do filme ter como protagonistas 3 mulheres, de 3 gerações diferentes, ligadas pelo mesmo sangue e, talvez, pelos mesmos conflitos internos.

Uma cena que me marcou muito é o labirinto que Sam fica presa dentro da casa. Será que realmente o labirinto existe? Eu acredito que não! Tenho pra mim que aquilo é uma metáfora muito doida de que, aquela casa antiga, acabou ficando enorme para sua avó, cheia de lembranças e coisas que infelizmente não voltam mais.

Nós mulheres sabemos que a maternidade, a velhice, e outras responsabilidades da rotina nos fazem tomar caminhos ou decisões nem sempre corretas, e Relic mostra isso de forma explícita, conflitando sempre as 3 personagens principais que oferecem muito ao telespectador.

Relic é exatamente a tradução de um dos meus maiores medos: a velhice, e em como ela será.

Passando agora para o próximo filme, The Dark And The Wicked.

Pensa num filme com clima tenso? Nossa! Você fica cheio de dúvidas e ansioso pra saber o que tá se passando naquela casa bizarra.

O diretor Bryan Bertino (Os Estranhos), apesar de também ser um diretor novo, conseguiu construir um clima bem interessante, e, aparentemente, com um orçamento baixo.

A história é a seguinte: dois irmãos, Louise (vivida pela maravilhosa Marin Ireland) e Michael (Michael Abbott Jr), viajam para a casa extremamente afastada de seus pais para, talvez, se despedirem do seu pai que está acamado. Os mesmos percebem que algo não está bem, principalmente por conta das atitudes de sua mãe, vivida pela atriz Julie Oliver-Touchstone.

AVISO NOVAMENTE QUE TEREMOS SPOILERS A PARTIR DE AGORA, PORTANTO, FIQUE OU SE VÁ!

Dentro de uma cena maravilhosa e perturbadora, a mãe de Louise e Michael, acaba se suicidando, deixando todo aquele rolê ainda mais bizarro.

Existe uma linha bem tênue entre a religiosidade que persiste no ambiente e a loucura. As cenas são cheias de olhares, parece que você nunca está sozinho, em nenhum dos ambientes.

A entrega dos atores é maravilhosa, principalmente pela parte de Marin Ireland, que acaba passando em cada segundo o desespero que é perder sua mãe de forma trágica, ainda mais numa casa que aparentemente está amaldiçoada pelo Capiroto.

The Dark And The Wicked foi considerado um dos filmes mais assustadores do ano passado, e tenho que concordar. A fotografia, a trilha, as cenas cheias de jumpscare, contribuem demais pra isso!

Ah! Importante ressaltar que os pais de Louise e Michael parecem estar sozinhos naquela casa bizarra por muito tempo (tirando a enfermeira que vai visitar o velho, numa espécie de home care). É ali que eles vivem, e é ali que eles vão morrer, independente do que aconteça.

Vale a pena demais assistir esse longa, e apesar de eu não ter gostado muito do final, o filme é intenso, pesado e tem tudo o que um bom amante de terror gosta: sustos, uma boa trilha e Demônio.

Bom, me despedindo da resenha, vou deixar vocês com uma frase bem famosa do mestre Stephen King que eu adoro: “Os monstros existem, e os fantasmas também; eles estão dentro de nós, e às vezes eles vencem.”

Do que mais vocês têm medo? A velhice te assusta? A solidão é uma realidade? Compartilhe com a gente :)

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Bruna Galvanese
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