On Mars + complexidade de regras

Diego Santos
MaisQueJogo
Published in
3 min readApr 1, 2020

Quando se quer conhecer um novo jogo, o primeiro passo é entender como ele funciona. O manual de regras tem a função de ensinar sua estrutura e seus mecanismos.

Caixa do On Mars

Uma das recentes obras de Vital Lacerda, On Mars (Mosaico Jogos) é daqueles jogos que não se aprende na primeira partida. Precisei de três delas e o manual sempre ao lado para pegar a dinâmica.

Expandir a primeira colônia de Marte me fez focar na obtenção de energia, usada para extrair água, que me possibilitava cultivar plantas, para posteriormente gerar oxigênio e enfim expandir meu abrigo — um ciclo de recursos interdependentes para gerar outros recursos.

Tabuleiro do jogador

Eu vi minha própria cadeia ser quebrada quando decidi investir no recebimento de naves — que me trazia novos colonizadores num modo de fortalecer minhas ações. Quis obter projetos e contratar cientistas que ajudariam na realização de ações executivas.

Expandindo a colônia em Marte

Como astronauta chefe, ainda precisava contribuir com as necessidades da LSS (Sistema de Suporte à Vida) e garantir alguns Pontos de Oportunidade (pontos de vitória) com os robôs que ganhava junto às naves, ainda em sinergia com as missões do Departamento para Operações e Exploração de Marte (DOEM).

LSS — Sistema de Suporte à Vida de On Mars

Sei que colonizar o planeta vermelho, mesmo que num futuro próximo do ano 2037, é uma tarefa árdua. No entanto, precisava ser tão trabalhosa assim?

Sempre tive duas percepções claras em jogos do designer Vital Lacerda:

1. Seus jogos são médios a pesados, não indicados a iniciantes, e demandam bom tempo de leitura e compreensão das regras;

2. Normalmente o tema é bem presente atrelado em suas mecânicas, elevando a imersão a um nível prazeroso de se jogar.

Com base nisso, creio que o fato de um jogo ter regras complexas não o torna necessariamente difícil, principalmente após algumas partidas.

Isso acontece com Lisboa (Grok Games), CO2: Segunda Chance (Meeple BR Jogos), The Gallerist (Fire on Board Jogos) — jogos do autor português que, em algum momento, esteve na lista dos melhores de muita gente.

Em On Mars essa complexidade se estendeu por algumas partidas, embora eu esteja compreendo seu mecanismo e começando a curtir o jogo. Sim! Três partidas para me ver feliz à mesa com minhas ações.

Embora os componentes de On Mars saltem aos olhos, talvez a ausência do tema durante o gameplay ajude a dificultar essa imersão: ainda estou mais preocupado em entender como funciona que desfrutar minhas decisões.

Naves recebidas e cientistas trabalhando nos projetos

Minério, energia, água, planta, oxigênio e cristal são gastos para quase toda ação e desenvolvimento em diferentes combinações e quantidades. Essa gama de possibilidades inicialmente confunde já que tematicamente não fica claro o propósito e desdobramento desses itens.

Todavia é inegável a melhora da fluidez de cada nova partida. Menos consultas ao manual, ou seja, menos pausas e mais entendimento proporcionaram enxergar melhor como as ações se conversam.

Mesmo com tantos percalços, persistirei com On Mars na conquista de Marte desenvolvendo a maior e mais avançada colônia do planeta!

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