(Quase) Nada é tão urgente assim

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3 min readDec 1, 2015

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Como diria Stephen Hawking, “na teoria da relatividade, não existe tempo absoluto único; em vez disso, cada indivíduo tem sua própria medida de tempo, que depende de onde ele se encontra e de como está se movendo”. Não, eu não entendo nada de Física. Mas, se o próprio tempo é, em si, relativo, que tal pensarmos um pouco sobre a nossa relação com o tempo?

Tenho a impressão de que tudo é para ontem. Propostas devem ser enviadas em 24h. Workshops precisam acontecer do dia para a noite. Entregas têm que ser feitas em tempo recorde. Mas para quê tanta pressa uma vez que em geral as propostas levam meses para serem fechadas, os workshops sempre podem ser adiados e as entregas algumas vezes se quer são lidas no momento em que são enviadas?

Aqui na Maker Brands, como o próprio nome diz, somos adeptos do fazer e também de reduzir o máximo possível o tempo dos processos. A cada dia, vemos que isso é viável. Mecanismos simples, como unir todos os responsáveis por uma entrega para trabalhar em conjunto por alguns dias, têm efeitos incríveis: equipe alinhada, menos refações e uma redução no tempo de entrega do projeto que pode representar meses de trabalho.

Mas, se o próprio tempo é, em si, relativo, que tal pensarmos um pouco sobre a nossa relação com o tempo?

Agora, não vá pensando que sou uma adepta da procrastinação ou que adoro processos que se arrastam sem motivo algum. O que quero propor aqui é apenas uma relativização dessa ideia de urgência que parece ter tomado conta das pessoas e das empresas a partir de alguns pontos:

· Planejamento não é perda de tempo. Essa não é uma etapa que pode simplesmente ser cortada dos projetos. O mínimo de reflexão sobre as etapas do projeto podem até garantir que sua execução seja mais ágil.

· As entregas têm seu próprio tempo — e esse precisa ser respeitado. Como dizia um professor que tive, é impossível gerar um bebê com nove mulheres em um mês. Isso significa que cada entrega precisa de um tempo mínimo para ser planejada e executada. Exigir que etapas sejam puladas não leva a lugar algum. Ou pelo menos, não a um lugar satisfatório.

Não acredito que os trabalhos não possam ser rápidos, bons e baratos, mas é preciso admitir que a proposta desse diagrama (que já rodou muito por aí) merece pelo menos cinco minutos de reflexão. (Crédito: http://bit.ly/1XCBsrG)

· Urgente mesmo é refletir sobre os resultados que queremos. Com tantos projetos, demandas e metas tendo que ser cumpridos ao mesmo tempo e sem tanta justificativa para tal, fica difícil manter o foco e entregar ações e iniciativas realmente relevantes para as organizações e para as pessoas.

Alguns movimentos, na linha slow life, têm questionado a nossa relação atual com o tempo. Slow food, Citta slow, Slow design, Slow travel, entre outros, buscam nos reconectar com a comida, o espaço, objetos, experiências. A proposta é aprender a dar o devido tempo às coisas. Não estou dizendo que essa é a solução, mas pelo menos é um outro olhar sobre a nossa correria.

A ideia não é gastar ainda mais o seu tempo com um texto como esse. Portanto, finalizo com três perguntas. Por que estamos fazendo o que estamos fazendo? Onde queremos chegar com tanta pressa? Que tal dar uma relativizada e respeitar o tempo das pessoas e das coisas acontecerem?

Por: Maíra Valladares

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