Um sistema convergente gera inovação ágil

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3 min readNov 18, 2015

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Uma viagem a trabalho para a Nova Zelândia pode ser uma grande surpresa, especialmente porque saímos do eixo de referência norte-americano e das escolas que contaminaram o Vale do Silício com uma obsessão pelo crescimento — muitas vezes sem fundamento. Ou, talvez, seja porque escapamos do tradicional pensamento linear inglês e sua capacidade infinita de criar, sempre condicionado a muitos protocolos. Ou, quem sabe ainda, o espanto positivo venha da ausência dos frameworks suíços, que de tão acurados nos encaixotam.

A primeira reunião que participei quando cheguei em Auckland foi por acaso, e me inovou.

Fui até a Prefeitura da cidade esperar a saída de uma amiga que trabalha lá. Era quase o final da tarde. Estava sentado, tranquilo, quando minha amiga me convidou para participar de uma reunião que começaria em seguida. Não entendi o porquê, mas fui de qualquer maneira, sem nenhuma expectativa ou cartão de visita.

Na sala, estavam seis pessoas — entre elas, um brasileiro, grande amigo, que apresentaria uma ideia radicalmente disruptiva. Quieto o tempo todo, eu observava as pessoas, todas mulheres, vidradas, irradiantes, emocionadas ao projetar suas falas coerentes, contemporâneas e lúcidas. Em seus discursos, elas propunham soluções tecnológicas que ajudassem a resolver problemas sociais de um jeito rápido e leve.

Já meu amigo brasileiro tinha algo que elas queriam e não estavam vendo com clareza. Foi então que abriu sua ideia e a ofereceu para o grupo. O modelo ali era mais do que negócio. Era impacto. A apresentação virou um diálogo aos poucos, e isso significa que todos lá se ouviram, incorporaram as ideias alheias e adicionaram algo. Foi lindo e, digo, raríssimo! Chegamos a uma nova dimensão naquele pequeno recinto da municipalidade local. Uma interconexão que eu nunca tinha visto em uma reunião na minha vida. Saí de lá sem saber o porquê.

Foi aí que pensei: “O invisível fez seu papel!”. A reunião começou com uma reza. Sim, uma oração. Uma das presentes era uma das grandes líderes do povo Maori dentro do Partido dos Trabalhadores local, cumprindo o papel de seu povo frente ao seu governo. E o que ela fez do começo ao fim? Honrou sua tradição, teve humildade e estava ali a serviço.

Curtimos muito. A segunda razão para o fluxo inovador ter aparecido ali foi a diversão. Em algum momento, chegamos até a cantar um refrão de Bob Marley! Ah sim, e o chá era delicioso.

Fomos ao que interessa. Foi profundo. Discutimos o que tinha que ser discutido, e, por isso, fomos bem além do superficial, não só em ideias trendy ou termos contemporâneos, mas pensamos em problemas reais.

Presença. Todos ali estiverem presentes em corpo e espírito para contribuir pelo todo. Em nenhum importava de quem era a ideia.

No final dessa experiência, a líder Maori abençoou o projeto com uma reza. Abraçamo-nos, e, em 2 meses, o projeto começou a ser implementado.

Saí daquela sala de reuniões inovado.

Por Igor Botelho

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