“Multiplicar visões é a receita para o jornalismo moderno”, diz Flávia Oliveira

Camila Silva
Mandume
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13 min readNov 8, 2020

Jornalista da GloboNews que cobre economia há 28 anos, considera que diversidade é fator essencial ao bom jornalismo

Flávia Oliveira crédito: Instagram/Reprodução
Flávia Oliveira Crédito: instagram/divulgação

“Oi, Camila, tudo bom? Vou te respondendo aqui aos pouquinhos, na medida do possível enquanto eu cuido das coisas da casa. Realmente, os dias têm sido muito intensos, o noticiário diário não me dá uma trégua.” Assim, a jornalista Flávia Oliveira inicia a nossa conversa, via WhatsApp, pois, diante da rotina intensa, foi a única forma de realizamos essa entrevista.

Não é para menos, é claro, a Flávia cobre economia há 28 anos. Atualmente, é colunista do jornal O Globo, comentarista nos telejornais “Estúdio i’ e “Edição das 18h”, “Em Pauta” e “Jornal das Dez”, do canal GloboNews, e “CBN Rio”, da rádio CBN. Além disso, é podcaster no Angu de Grillo, parceria com a filha e também jornalista, Isabela Reis.

Nesta entrevista, a jornalista analisa a profissão, aponta os desafios atuais do jornalismo econômico e defende a construção de um espaço diverso na imprensa brasileira.

O jornalismo do país informa bem?
Defina informa bem, em primeiro lugar. Acredito que temos um jornalismo profissional de qualidade, levando em consideração que, no Brasil, como aliás na maioria dos países, a imprensa comercial tem um viés político e ideológico na direção de valores liberais. No sentido conservador da economia e liberal progressista nos costumes. Se pensarmos sob essa ótica faz-se um bom jornalismo. Agora, falta muita coisa, falta pluralidade, falta diversidade, principalmente de raça, falta também diversidade regional. Em diversidade de gênero, fomos mais ou menos atendidos, mas ainda falta. Tem uma formação, um compromisso, por exemplo, com dados, com estatísticas, com checagem, isso é um atestado de alguma qualidade, porém, não é perfeito. Como não conheço nenhuma imprensa perfeita e é difícil cobrar perfeição de qualquer instituição da sociedade brasileira sendo o Brasil um país tão desigual. Acredito que a imprensa, assim como o judiciário, a polícia, a educação, a universidade, o audiovisual, a cultura, carrega essa marca da desigualdade profunda que atravessa o país desde a sua formação.

Qual o principal desafio do jornalismo econômico na atualidade?
É o mesmo desafio de sempre. Primeiro, contextualizar e apresentar os nossos dilemas, adversidades, desafios, de uma forma clara e honesta, com multiplicidade de fontes. O jornalismo econômico, não de agora, mas historicamente, é muito ancorado nesses princípios/valores liberais na economia e, tem pouco debate sobre outros pontos de vista. Tem um domínio das fontes e dos economistas ligados ao mercado, mais ligados à ortodoxia econômica, com pouco espaço para o contraditório. Por isso, um desafio é esse. Além disso, podemos pensar em agregar novos tipos de abordagem, por exemplo, pensar sobre a ótica feminina, sobre a ótica étnico-racial, incorporar cada vez mais as dimensões da preservação ambiental. Tem aí uma sofisticação que é necessária e vai além do simplesmente analisar as planilhas das contas que fecham ou não das grandes corporações. Talvez alguma ênfase também no empreendedorismo de pequeno porte, na microeconomia. O mercado de trabalho continua sendo um grande desafio, sempre foi, temos até boas coberturas sobre o fenômeno do mercado de trabalho, mas, talvez, a ênfase seja muito no diagnóstico e menos nas soluções possíveis. Não faltam desafios, mas eles não são exatamente novos.

Algumas pessoas afirmam não gostar de jornalismo econômico por considerar a linguagem difícil. De que forma é possível tornar o economês mais acessível ao público?
Economia é efetivamente uma ciência técnica e humana que é formada sim por conceito e termos técnicos específicos, mas é possível tratar de economia falando uma língua compreensível para a população. Tendo em vista que a economia está presente no nosso dia a dia, mesmo não conhecendo os termos técnicos, nós temos uma compreensão do que esses fenômenos da economia e da política econômica estão provocando em nossas vidas. É uma questão de sair do hermetismo e ser generoso na direção de explicar como as coisas acontecem. Especialmente os fenômenos mais próximos do dia a dia, da rotina das famílias brasileiras, como o consumo, mercado de trabalho, inflação, algo de atividade econômica, alguns princípios de taxa de juros, educação financeira. São questões fundamentais que podem ser explicadas e se tornarem compreensíveis para a maioria da população. É uma questão de ter disposição e de ser generoso.

Você ingressou muito cedo na cobertura do jornalismo econômico diário. De lá para cá, quais mudanças você observa na maneira de cobrir o assunto?
Estou há 28 anos no jornalismo econômico. Quando ingressei na editoria, por exemplo, vivi a realidade da hiperinflação no Brasil, mudamos bastante de agenda. Mudamos de agenda, pois tivemos a estabilização de preços, o combate à inflação, com a entrada no real, mudanças de moedas, planos econômicos. Atravessamos coberturas muito mais densas em relação a modelos de crescimento, a inserção comercial do Brasil, balança comercial, mercado de câmbio. Depois, precisamos explicar o sistema de metas de inflação, um novo modelo de acompanhamento de inflação. A cobertura vai mudando, as agendas do país mudam. Privatização foi um outro grande eixo de cobertura que atravessamos nesses anos todos. Agora tem essa, a retomada do crescimento, essa recessão permanente, esse modelo econômico de um governo que se pretende liberal, mas que teve que fazer concessões. Há uma participação muito mais do Estado na economia, em razão da crise que estamos vivendo. Assim, a cobertura econômica está sempre se transformando, principalmente se pensarmos que há também algo de transição política que também afeta a condução da economia. Ou seja, foram muitas mudanças.

Como relacionar economia e meio ambiente nas matérias sobre problemas ambientais e suas soluções possíveis?
Foi uma das coisas que citei como sendo um dos desafios da cobertura econômica. Esse é um ponto importante porque as coberturas de questões ambientais estão muito ‘apartadas’ da cobertura econômica propriamente dita. Em primeiro lugar é preciso promover algum tipo de interação, de repente, montar um time: um repórter de economia dividir matéria com um repórter de meio ambiente, para que essas agendas sejam contempladas de uma forma mais equilibrada. A cobertura separada cria esse gap, cria essa incompreensão, parece que as duas coisas — o desenvolvimento econômico e responsabilidade socioambiental — são incompatíveis, quando não devem ser. Faria um bem danado à cobertura se pudéssemos juntar, misturar esses valores. Na GloboNews, por exemplo, comento muito economia, tenho até algum conhecimento de questões ambientais, mas, por exemplo, quando eu divido bancada com o meu colega André Trigueiro, que é um grande especialista na cobertura jornalística de meio ambiente é sempre muito rico. O André traz uma visão, eu trago outra. Essa possibilidade de troca é muito bem-vinda, é algo interessante que poderia ser mais testado, assim como a gente já faz muitas vezes na área social e economia. Vale a pena esse cruzamento entre as áreas, essa mistura.

Como o jornalismo profissional se qualifica diante de um cenário de disseminação das “fake news” em mídias sociais ?
Dobrando a aposta na profissionalização, sendo comprometido com a ciência, com a informação estatística de qualidade, com a contratação de profissionais bem preparados para o debate. A imprensa se qualificaria mais e mais se tivesse mais diversidade, porque uma das coisas que leva à disseminação de fake news é a distribuição por pessoas conhecidas, por pessoas que você se identifica e reconhece como legítimo transmissor de informação. Por isso, na medida que temos mais diversidade, isso vai ajudar muito ao jornalismo, porque pessoas diferentes vão se identificar ou serão reconhecidas por públicos diferentes.

Todas as perguntas acabam caindo no mesmo eixo de resposta que tem a ver com diversidade, é realmente multiplicar visões, essa é a receita para o jornalismo moderno.

Durante a pandemia, alguns discursos negacionistas vieram à tona, como manifestações contrárias ao uso de máscaras, mesmo com recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Qual o papel do jornalismo no combate desse tipo de discurso?
A cobertura de covid-19 deu um grande exemplo, o jornalismo profissional e também vários veículos da mídia dita independente abraçaram a ciência, o compromisso com o conhecimento científico e isso fez muito bem à cobertura. Abrimos também muito espaço para o debate sobre política social, que era meio interditado no jornalismo, principalmente no jornalismo econômico e isso fez muito bem ao jornalismo. Tomara que a gente consiga seguir nessa trilha, nesta trajetória, de novo, fará muito bem ao jornalismo brasileiro. Todas as perguntas acabam caindo no mesmo eixo de resposta que tem a ver com diversidade, é realmente multiplicar visões, essa é a receita para o jornalismo moderno.

Pessoas negras, de diversos setores, reclamam que são abordadas apenas para falar sobre os atravessamentos do racismo, raramente são pautadas para abordar sobre outros temas como viagens e moda, por exemplo. De que forma o jornalismo econômico pode contribuir para inclusão de pessoas negras como fontes de múltiplos assuntos?
Essa é outra questão bem importante, que está relacionada com o confinamento e com a falta de reconhecimento da potência e da capacidade de pessoas negras de tratarem de outros temas. O nome é falta de diversidade e isto se resolve com decisões políticas dos veículos ou dos próprios jornalistas em diversificar suas fontes. Buscarem quem são, não apenas os economistas negros, mas também os profissionais de políticas públicas, os advogados, os engenheiros, os urbanistas. É uma questão que melhoraria não só a qualidade do jornalismo, mas também do país, se levássemos em conta a potência e capacidade contida na opinião de pessoas diversas. Seria muito interessante, na cobertura de educação pensar quem são os educadores. Essa é uma questão importante. Os negros são, de modo geral, convidados a tratar de questões raciais, como fontes, como personagens não raro são confinados a entrevistas sobre carências, não tem a potência reconhecida, como consumidor, nem como integrantes da classe média. Tem uma agenda aí, uma cidadania, uma representatividade a ser conquistada a partir de uma mudança de postura que tem a ver com mais representatividade das fontes, das abordagens.

Você é uma mulher negra, de origem humilde, candomblecista. O que essa construção social traz de benefícios para esse lugar que você ocupa, sendo uma jornalista especializada em Economia, em um dos maiores grupos de comunicação do país?
Diversidade. Me empresta credibilidade pela experiência, pela vivência que eu tenho de trazer uma outra visão que está posta, que não é recorrente na minha profissão, já que o jornalismo é, historicamente, uma profissão da classe média para a classe média. Qualquer agente, indivíduo ou experiência de diversidade faz muito bem ao jornalismo, é esse o território. Não apenas o meu corpo que empresta, que já apresenta uma visão, uma aparência diferente, mas, efetivamente, eu procuro trazer essa experiência, esse interesse por ouvir, por compreender as questões periféricas, que de periféricas não tem nada, são as questões centrais do Brasil. O fato de ser uma mulher negra com origem na periferia me aproxima de muitos dos meus espectadores, de fontes, de personagens, isso quebra algumas barreiras. Sendo de economia também me permite fazer reflexões à luz dessa experiência de vida. Convivi com o que significa a baixa escolaridade, em termos de bem-estar, de acesso ao mercado de trabalho, por parte das camadas mais pobres da população. Vivi o que é o significado de ser a primeira de uma família a chegar e concluir uma universidade. Tem algumas experiências sobre as quais eu escrevo ou falo, que eu experimentei, efetivamente. A experiência do transporte público, a experiência do acesso ao mercado de trabalho sem contatos, sem crédito. Isto traz uma bagagem, a vivência é um ativo do jornalismo. Falar sobre o que se viveu ou que se conhece, sobre o que se tem intimidade, sobre o território que já se visitou, empresta legitimidade e verdade à produção jornalística.

No primeiro episódio do podcast Angu de Grilo você e sua filha comentam sobre a sua relação com o rádio. Acredito que devam existir muitas lembranças memoráveis relacionados com esse meio de comunicação, você pode compartilhar alguma?
O rádio é presente na minha vida por conta da minha mãe, ela ouvia muito rádio. A minha mãe acordava muito cedo, ela trabalhava no centro do Rio de Janeiro e nós morávamos em Irajá, um bairro do subúrbio do município, fica a 30 km do centro, por isso ela acordava cedo para cozinhar, para lavar roupas, cuidar minimamente da casa antes de ir para o trabalho e o companheiro dela era o rádio. Por isso, eu acordava com o rádio e isso virou um hábito que eu cultivava ainda na infância e na adolescência, mesmo quando ela não estava em casa. Por exemplo, a minha mãe sempre ouvia a programação de muito cedo, já eu ouvia muito Aroldo de Andrade e Aldir Vieira, que eram apresentadores do meio da manhã até a hora do almoço. A minha construção de fã (risos) do Roberto Carlos tem tudo a ver com o rádio, já que o Valdir Vieira, que era um radialista muito famoso no Rio de Janeiro e que, inclusive, teve uma morte muito trágica, faleceu em um motel acompanhado de uma mulher em recorrência de um vazamento de gás, foi uma comoção na época. Ele tinha um espaço diário no programa dele que só tocava Roberto Carlos e isso, certamente, tem muito a ver com o repertório do Rei que eu conheço. A minha filha também virou fã do rei.

Você considera que, mesmo com o nascimento de novas mídias, o rádio não vai morrer?
Me impressiona muito como o áudio se reinventou, a partir dessa experiência do podcast, das novas mídias. Tenho ouvido alguns, fora o Angu de Grilo e, os podcasts são as radionovelas do passado, ‘né’. É muito interessante isso: rodamos, rodamos e caímos nas radionovelas, com trilha sonora, com vozes diferentes, com efeitos. É absolutamente novo, está completamente reinventado, jovem, mas é o rádio. É o radiojornalismo, são as vozes que ficamos encantados, são os roteiros, a tecnologia mudou, a plataforma é outra, mas a essência é a mesma. Isso combina perfeitamente com os nossos tempos, já que temos múltiplos e variados interesses e neste sentido o rádio é o que melhor atende essa demanda, já que ele não disputa a sua atenção, ele compartilha, ele é um veículo que, em alguma medida, carrega uma certa humildade, ele combina com o nosso tempo por isso. Ele tem a humildade de não querer a sua atenção completa, ele se contenta com uma atenção parcial, por isso, ele ganha.

No local onde você realiza as entradas ao vivo na GloboNews, é possível notar um quadro com a palavra Saravá. A escolha por deixar o quadro em evidência é proposital, no sentido de se afirmar como uma mulher de terreiro, ou é realmente para dizer que as pessoas que estão assistindo são bem-vindas na sua casa?
A Saravá é uma luminária que eu ganhei de natal de uma das minhas melhores amigas. Instalei naquele ambiente, que é o local onde eu trabalho, que eu visito na casa. Antes da pandemia, eu já trabalhava muito ali naquele espaço, salvo quando não estava em estúdio, mas eu escrevo a coluna, faço as participações na rádio. Ou seja, aquele já era o meu ambiente de trabalho e quando a pandemia me obrigou a fazer também as participações da TV na minha casa, esse ambiente não foi alterado. Aquela é a minha estante, aquelas são as bonecas, as minhas Dandaras, da marca Era uma vez o mundo e a luminária Saravá já estava na minha estante. Então, assim, é a verdade da minha vida: eu sou uma mulher negra de Candomblé, sou uma mulher negra que tem uma identidade racial muito forte. Leio mulheres negras, autores negros em geral, consumo produtos de empreendedores negros e isso está presenta na minha casa, em vários outros pontos da casa. No mesmo escritório que você mencionou, tem uma bandeira da Beija-Flor que é a minha escola de samba, ela está em outra parede que não é visível nas transmissões. Tenho muitos quadros e imagens de orixás, muito mais do que se faz crer ali. Eu sou de candomblé, saravá é uma expressão, uma saudação usada na Umbanda e uma interjeição que já está inserida na língua portuguesa, está dicionarizada, logo, não tem só sentido religioso. É a minha verdade. É engraçado, pois uma leitora, uma telespectadora, me escreveu outro dia um e-mail, dizendo que achava aquilo impróprio, que era proselitismo e não, é só verdade. É a minha casa. E eles é quem estão entrando na minha casa, eu não tenho que mudar, só porque a televisão resolveu entrar na minha casa em razão dessa pandemia.

Ao fundo da imagem é possível notar a placa com a palavra Saravá Crédito: GloboNews/Reprodução

Quem é a Flávia Oliveira?
Flávia Oliveira, carioca, 51 anos, formou-se em Jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF). É técnica em estatística pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence). Tem 28 anos de experiência em jornalismo diário na cobertura de economia, indicadores sociais, empreendedorismo, desigualdades de gênero e raça, segurança pública. É colunista do jornal O Globo. Comenta economia nos telejornais Estúdio i e Edição das 18h, Em Pauta e Jornal das Dez, do canal GloboNews, e “CBN Rio”, da rádio CBN. É podcaster no Angu de Grillo, parceria com a filha e também jornalista Isabela Reis. Apresentou a temporada 2019 do programa Entrevista do Canal Futura. É membro dos conselhos consultivos da Anistia Internacional Brasil, da ONG Uma Gota no Oceano, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), do Observatório de Favelas, da Agência Lupa, do Projeto Liberdade, do Instituto Sou da Paz e do Instituto Ibirapitanga. Integra a comissão de matriz africana do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

Memorial descritivo
“Quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. Essa frase dita por Angela Davis é uma das minhas favoritas. Acredito na potencializada das pessoas negras, acredito que oportunidades é o que diferencia a trajetória de uma mulher negra em relação às outras pessoas. Por acreditar nessa potência que fiz questão de entrevistar a jornalista Flávia Oliveira, para a cadeira de Jornalismo Político e Econômico ministrada pelo professor Roberto Belmonte.

O caminho entre o desejo de realizar a entrevista e concretizá-lo não foi exatamente muito fácil. Há cerca de um mês, tentei contato com a Flávia via e-mails que encontrei fazendo buscas na internet, sem sucesso. Depois de quase desistir e partir para outro entrevistado, apelei para redes sociais e, pasmem, deu certo.

Por meio do meu perfil no Twitter mencionei @flaviaol dizendo que gostaria muito que ela respondesse os meus e-mails, ela não só me respondeu, como me mandou mensagem direta, com um novo e-mail, explicando que os anteriores não estavam sendo usados. Ainda sem sucesso, decidi fazer o convite da entrevista via dm, ela me respondeu com o seu número de WhatApp.

A partir dessa etapa, realizei leituras sobre a Flávia e ouvi episódios do seu podcast, com o objetivo de construir as perguntas que vocês leram nessa entrevista. As perguntas foram envidas via Whatsapp e, aos poucos, a Flávia me respondeu por áudio.

É importante reforçar que, não entrevistei a Flávia por ela somente ser uma mulher negra, mas sim, porque ela cobre economia há 28 anos. Esse assunto faz parte do meu dia a dia, tendo em vista que trabalho na redação do jornal Zero Hora, como repórter assistente da coluna +Economia, com a jornalista Marta Sfredo.

A Flávia é uma mulher negra, sambista, de terreiro, assim como eu. E, acima de tudo, alguém que cobre diariamente economia, também assim como eu. As primeiras características servem para reforçar a necessidade da criação de um espaço mais plural, mais diverso e mais negro. Por fim, é importante destacar que a Flávia é uma das minhas principais referências no jornalismo.

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