Camila Silva
Mandume
Published in
2 min readJan 23, 2018

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Será que ele namora mulheres negras?

Padrões fazem parte da nossa construção social, desenvolvemos perfis ideias para todos os âmbitos da sociedade, inclusive no campo afetivo. Ao me interessar por um homem, sempre questiono — mesmo que involuntariamente — , se ele desenvolveria o mesmo interesse por mim. Isso é normal, todos nós, independente da classe social, raça, ou peso nos questionamos sobre aceitação do futuro (a) parceiro (a).

Reflito muito sobre o porque a afetividade da mulher negra traz tantas cargas emocionais e é exclusivo para nós, mulheres brancas podem ter diversos questionamentos, mas nenhum é ligado à cor da sua pele, ao seu cabelo, ou seus traços. Não pode ser normal, e não deveria existirem esses questionamentos e afirmações.

Crédito: Caue Mathias

Como heterossexual, tenho propriedade apenas para falar das relações entre mulheres e homens, os questionamentos e afirmações que rodeiam minhas relações afetivas são: “Esse cara não tem jeito de que se interessa por mulheres negras.” “Padrão demais, nunca vai ficar com uma mulher negra.” Essas dúvidas se potencializaram quando enfrentei o processo de transição capilar, abdiquei dos padrões e encontrei uma forma totalmente diferente de se relacionar.

Tudo isso foi ampliado com o uso dos aplicativos de relacionamento, sempre afirmo “esse like é por obrigação já que tenho certeza que esse cara jamais ficaria comigo.” e isso em relação a homens negros e brancos, vale ressaltar.

Não é normal, precisamos transformar esses questionamentos, nos fortalecer, entender que os padrões estéticos não podem nos destruir. Ao invés de “Esse cara não tem jeito de que se interessa por mulheres negras.” para “Por que esse cara não se interessaria por mulheres negras?”

Um dos significados para a palavra padrão é “regras de execução desse produto.” O produto em questão são os relacionamentos afetivos, cabe à nós modificar as regras de execução.

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