Escute o sussurro, e não os gritos
Deve ser coisa da idade, da maturidade, da vida. Eu chegando aos 40. A versão de mim de 20 e poucos anos diria que estou “muito calmo, tranquilo”, enquanto o eu-atual olha pra trás e pensa “que afobado, que impaciente!” ao relembrar de tudo que eu fiz e deixei de fazer dos 20 aos 30.
Hoje começo a me dar conta, finalmente, que existe de fato um efeito de “juros compostos” nas ações e investimentos que fazemos na nossa vida. Tudo em que investimos, devagarzinho, se acumula de forma surpreendente para criar quem somos (ou seremos) no futuro. E juro composto é algo chato que poucos de nós entendemos. Mas não estou aqui para falar disso.
Nesse meio-tempo (esses últimos 20 anos) sou eternamente grato a cada livro que li e cada pessoa com quem eu conversei, e que me fez pensar, refletir. E a cada conversa ou livro, uma mensagem. E ao longo do tempo algumas dessas mensagens “grudam” na gente, ficam incorporadas nas nossas crenças, vão se tornando quem somos.
Recentemente eu li um artigo do Taylor Pearson chamado “Escute o que está sendo sussurrado, não o que está sendo dito”. É interessante pensar no que nos influencia e o que nos faz evoluir, crescer e mudar de ideias e comportamentos ao longo do tempo.
Segundo o autor, alguns livros excepcionais tem esse poder, de trazer uma ideia poderosa ao longo de poucas centenas de páginas, e dessa forma, num constante sussurro, mudar nossa vida. Como no filme “A Origem” de Leonardo DiCaprio, a grande ideia é sussurrada nos nossos ouvidos, como num sonho, e transformamos essa ideia em realidade ao acordarmos.
Da mesma forma, nossas organizações também sussurram o tempo todo mensagens, verdades, mantras. E mais do que isso, comunidades e cidades também o fazem, de uma forma muito poderosa.
Fico refletindo sobre minha caminhada empreendedora e as cidades por onde passei, as tribos e organizações pelas quais eu pertenci, e as mensagens sendo sussurradas, e o impacto que isso teve em mim hoje.
E pensando na Manifesto 55, fico pensando na mensagem que o local onde trabalhamos (Impact Hub — uma comunidade de empreendedores de impacto) e a cidade onde vivemos (Florianópolis) nos traz.
Seria um “empreenda com estilo de vida”? Seria um “seja global ou não seja ninguém”? Seria um “sem propósito não é negócio que resista”? Ou seria um “aqui não dá pra empreender direito — impostos, mão-de-obra, burocracia”?
Tudo isso está sendo dito. Aos gritos às vezes. Mas me pergunto, o que de fato está sendo sussurrado nos meus ouvidos? Pois isso sim determinará onde eu estarei daqui a 5 anos.
E você, o que está escutando? O que estão sussurrando ao seu redor? Na sua empresa? Na sua família? Na sua cidade?