Feliz dia ou mais dias felizes
Não podemos reclamar das mulheres que querem desejar um “feliz dia da mulher”. E nem daquelas que não querem receber um. Afinal, é um dia para lembrar dos direitos das mulheres, certo?
Certo. Muito certo. Esse é (e sempre deve ser) o foco: o certo é poder escolher.
Poder escolher se vai sair de salto ou com seu all-star. Poder escolher se quer ser odontologista, engenheira, bióloga ou designer. Ou nenhuma das alternativas. Poder escolher com quem ela quer dividir a vida: com um homem, uma mulher, um filho, um gato, um cachorro, ou apenas com ela mesma. Poder escolher se vai pegar ônibus ou um Uber. E poder fazer essa escolha porque ela quer, não por medo do que pode encontrar na rua.
Só não cometa um erro grave: escolher não ouvir as mulheres. Pois isso é escolher a ignorância. Palavra pesada? Forte? Ignorância é “estado de quem não está a par da existência ou ocorrência de algo”. Se tiver outra palavra para definir alguém que não está a par da existência dos direitos das mulheres, me avise (acredito que a única que se encaixa para substituir é marciano, pois não faz sentido esse ser habitar o planeta Terra e ter esse tipo de ignorância).
E isto é o foco, e isto que deve ser celebrado, o poder de escolha que as mulheres merecem e o verdadeiro significado da existência do “Dia das Mulheres”. E por isso escolhi falar sobre esse assunto hoje, dia 9. Não apenas porque posso, mas porque todos os dias são das mulheres. Todos os dias elas devem ser respeitadas. Não merecem flores uma vez no ano, pois enfrentam os espinhos todos os outros 364 dias.
É uma data para comemorar? É uma data de lutar? Acredito que se aproxima mais da junção das perguntas anteriores: uma data para comemorar lutas. Mas também não vou definir como essa data deve ser comemorada. Ou relembrada. Porque essa também é uma escolha. A escolha de como lutar ainda mais, e de como celebrar as lutas das mulheres. Lutas no passado, ontem, hoje, e todas que lutarão amanhã. A luta que não é só minha, é sua também. A luta de tantas mulheres fortes e corajosas anos atrás, para que hoje nós possamos viver melhor e com mais direitos. E a sua luta, que vai se transformar em muitas conquistas para outras mulheres no futuro.
Continue lutando. Se você não quiser lutar, saiba que muitas mulheres vão lutar por ti. Porque essa luta é de todas nós. E você tem esse direito de não querer entrar na luta. Mas saiba que vamos lutar felizes, pois sabemos que todas nós vamos nos beneficiar com isso. Inclusive você. Esse é o ciclo. Nossa escolha vai permitir que você faça mais escolhas.
Repito: esse é (e sempre deve ser) o foco: o certo é poder escolher.
“Que chegue o dia que ninguém precisará desejar “feliz dia” pois todos os dias serão felizes” — João Doederlein