30 anos de Debian

Rodrigo Ghedin
Manual do Usuário
Published in
2 min readAug 19, 2023
Logo do aniversário de 30 anos do Debian, com uma escrita estilizada de “30 years” e o nome Debian, na fonte tradicional, embaixo.

São raros os softwares com o “ethos”, o histórico e a influência do Debian, a segunda distribuição (distro) Linux mais antiga ainda ativa.

Nesta quarta (16), completou-se 30 anos do seminal e-mail que o saudoso Ian Murdock enviou a uma lista de discussões anunciando a criação do “Debian Linux Release”.

Debian, aliás, era o “nome de casal” de Ian e sua namorada à época, depois (ex-)esposa, Debra Lynn.

O Debian está entranhado no universo Linux. Outras distros populares, como Ubuntu, Mint e Pop_OS!, partem da sua base.

Motivos não faltam. A sólida fundação do Debian, a cadência espaçada e previsível de novas versões — em média a cada dois anos — e o foco obsessivo em estabilidade fazem do Debian um sistema operacional único. Sem falar que ele é, sempre foi e sempre será gratuito, aberto e livre.

Tais características derivam de princípios norteadores, codificados em documentos como o contrato social e as diretrizes de software do projeto.

São textos que revelam uma mentalidade raríssima na indústria, que prioriza seres humanos em detrimento do capital ou de qualquer outro delírio tecnocrata.

Como consta no texto em celebração do 30º aniversário:

O Debian, em essência, é composto por usuários, colaboradores, desenvolvedores e padrinhos/madrinhas, mas o mais importante, por pessoas. A unidade e o foco de Ian permanecem incorporados no coração do Debian, permanecem em todo o nosso trabalho, permanecem nas mentes e nas mãos dos usuários do Sistema Operacional Universal.

Mesmo que esta seja a primeira vez que você ouve falar no Debian, provavelmente já teve contato com ele, ainda que indiretamente.

Das big techs às menores startups, o kernel Linux é um componente essencial ao funcionamento da vida moderna, e nenhuma outra distribuição Linux é mais presente nesses ambientes que o Debian.

Embora seja mais comum em servidores, o uso do Debian em computadores pessoais tem sido facilitado ao longo dos anos, graças a concessões e ao avanço de algumas tecnologias.

Em 2023, na versão 12 “Bookworm”, repositórios de pacotes proprietários, não-livres, passaram a ser uma opção no instalador oficial/padrão.

Foi uma concessão histórica. Até então, habilitar o sistema para receber esses pacotes, que facilitam o uso de componentes proprietários, como chips Wi-Fi e GPUs, exigia alterações temerosas para quem não tem familiaridade com a linha de comando.

Em outra frente, novos sistemas de distribuição de pacotes em “contêineres”, como Flatpak, atualizam os aplicativos para usuários finais às versões mais recentes. Por padrão, o Debian prioriza estabilidade, o que se traduz em aplicativos “antigos”, mesmo nas versões recém-lançadas.

Que venham mais 30 anos de Debian!

PS: No podcast Guia Prático desta semana, bati um papo com Paulo Santana, desenvolvedor oficial do projeto Debian e um dos voluntários mais ativos no Brasil. Ouça aqui ou procure por “guia prático” no seu app de podcasts.

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