Entrando no Matrix

Rodrigo Ghedin
Manual do Usuário
Published in
3 min readAug 12, 2023
Logo do Matrix, protocolo de mensagens em tempo real descentralizado.

Enquanto a Europa tenta obrigar algumas das maiores empresas do mundo a tornarem seus aplicativos de mensagens interoperáveis para bilhões de pessoas, uma turma reduzida já vive no futuro.

Eles usam o Matrix, um protocolo de troca de mensagens em tempo real, descentralizado, de código aberto e com criptografia de ponta a ponta.

Para ficar num exemplo recorrente aqui, é mais ou menos o que o Mastodon é para redes sociais.

Em vez de falar de servidores, licenças de código e outros assuntos que pouco engajam — um erro cometido na minúscula janela de atenção do Mastodon, em novembro de 2022 — , foquemos no que importa, na parte prática.

Quer experimentar? Crie uma conta no servidor dos desenvolvedores. Sua identificação será algo assim: @nome:matrix.org.

Depois, é necessário escolher um aplicativo. Ao contrário de serviços centralizados, como WhatsApp, Discord ou Slack, no Matrix existe um cardápio de apps.

O principal, desenvolvido pelas mesmas pessoas que trabalham no protocolo e usado para criar contas no servidor delas, é o Element. É, também, o mais completo e o que costuma receber os novos recursos com mais agilidade.

Tenho usado o Cinny no computador (baseado no navegador) e, no celular, o Element X, uma reformulação ainda sem paridade de recursos com o Element tradicional, focada em velocidade e leveza. São ótimos.

Escolhido o aplicativo, basta logar com seu nome de usuário e senha.

Dentro do Matrix existem três ambientes possíveis para interações:

  • Conversas um a um privadas;
  • Conversas em grupos, aqui chamados de salas (“rooms”). Uma sala é identificada pela sintaxe #sala:servidor.com; e
  • Espaços (“spaces”) com várias salas, como o Slack ou o Discord. Um espaço é identificado pela sintaxe !espaco:servidor.com.

Além de mensagens de texto, é possível enviar imagens e vídeos, figurinhas, e fazer ligações e videochamadas.

Há, ainda, suporte a integrações, que estendem as funcionalidades do protocolo, e às pontes (“bridges”): componentes que permitem conectar o Matrix com outros aplicativos que, a princípio, não conversam entre si.

Com as pontes, é possível conversar, pelo Matrix, com pessoas usando WhatsApp, Discord, Telegram, Signal, LinkedIn, Instagram e outros vários aplicativos.

Um ponto contra relevante do Matrix é a administração das chaves criptográficas. Quando alguém adota um novo aplicativo do Matrix, é preciso “verificá-lo” em um já em uso. Em alguns casos, essas verificações podem ser um tanto confusas. Não é nada de outro mundo, mas um detalhe que pode afugentar os menos dispostos a resolver problemas que inexistem em soluções centralizadas.

Quase consigo ouvir daqui você murmurando: “Ah, lá vem, mais um aplicativo de mensagens…” A fadiga é real, mas é urgente buscarmos por alternativas mais saudáveis no ambiente digital.

O Signal resolve muito bem os casos de uso do WhatsApp. Para comunicação profissional ou com “semi-conhecidos”, ele não é uma boa. É esse papel que, espero, o Matrix possa desempenhar.

Para estimular a adoção do Matrix e tentar resolver uma dor de quem se dispõe a dar uma chance a ele — a ausência de gente lá para conversar — , nessa semana demos início a uma tentativa de migrar os grupos do Manual no Telegram para lá (endereços abaixo).

Dois deles, o do PC do Manual e o do Órbita, ambos voltados a desenvolvedores e para tirar dúvidas, são públicos, abertos a qualquer interessado. O terceiro é o grupo fechado dos assinantes.

Por enquanto, tocarei os grupos do Telegram em paralelo aos novos do Matrix. Seria lindo se, daqui a algumas semanas, eu pudesse fechar os do Telegram porque todo mundo migrou para o Matrix.

Grupos abertos:

  • PC do Manual: #pcdomanual:matrix.org
  • Órbita: #orbita:matrix.org

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