Der Ubermensch: Supersapiens? Não, superegos mesmos.

Superhomens, Superegos, e Superpotências

Marcus Brancaglione
ReCivitas Basic Income Democracy
30 min readAug 31, 2018

--

http://www.dialbforblog.com/archives/305/

Conversando com um leitor de KOYAANISQATSI : ele fez um comentário literalmente desconcertante: eu estaria propondo no texto o desenvolvimento de uma espécie de “superconsciência”. Um novo ser humano. Desconcertante. Não só porque a mim, o que temos já basta, basta deixar o potencial se desenvolver sem obstruções. Mas porque, se ele inferiu tal conclusão, é de se supor que deixei margem nas entre-linhas para esse tipo de interpretação. Trato aqui de corrigir esse erro, preenchendo esse espaço vazio.

Não, não tenho essa ilusão de controle; de que é possível controlar a interpretação do outro, porque esta a ele pertence como seu entendimento. De modo que, para cada linha de código escrito sempre haverá entre as linhas (e os código ) o espaço inerentemente produzido pelas mesmas, para o entendimento tomar seu devido lugar: estabelecer as conexões. A interpretação é parte indissociável do processo de compreensão e entendimento dialógico entre as partes. Porém, a outra parte dessa comunicação continua e não pode ser transferida como responsabilidade ao outro. Assim, se não consegui fazer exatamente o que pretendia antes, se não consegui transmitir exatamente o que queria e principalmente o que não queria, ou seja, que o escrito NÃO fosse interpretado, como mais uma dessas apologias aos ubermensch, supersapiens, super-homens e afins cuja reedição e releitura está na moda. Mas SIM, pelo contrário, que fosse lido justamente como sua contraposição, sem problemas, onde falta talento a gente cobre com teimosia, tento outra vez. Vamos lá.

Antes de tudo tenho que agradecer o meu amigo (sem nome por que ele é imaginário, um mero recurso retórico) por preencher essa lacuna, não como uma correção ou remendo, até porque em geral as ementas são piores que o soneto, mas por me obrigar a fazer essa espécie de prefácio, onde faço o que não gosto nem costumo fazer: explicar o que queria e onde eu queria chegar com a reflexão que resultou em KOYAANISQATSI

Embora eu tenha escolhido um tema aparentemente fortuito para desenvolver a notícia o tema da consciência: “A primeira inteligência artificial psicopata”. KOYAANISQATSI tem como motivação reflexões anteriores, que estão profundamente ligadas a minha experiência pessoal com o trabalho social que escolhi para me dedicar. E em que consiste esse trabalho? Sem entrar em detalhes, para não perder o foco, meu trabalho consiste em pagar renda básica para as pessoas, um trabalho que superficialmente consiste ao invés de receber dinheiro (é voluntário e não remunerado), em distribuir dinheiro, não só o meu mas o dos outros. Como não sou rico, nem sou ladrão, nem mesmo do tipo robinhood, uma parte importante gasto do meu tempo nesse trabalho era mendigar para quem tivesse um pouco mais sobrando, e que compartilhasse um pouco com quem precisasse de muito mas que não tivesse quase nada. Quem trabalha com ONGs honestas sem fundos, empresas, ou grandes patronos que a sustentem sabe do que estamos falando, metade do trabalho é basicamente mendigar para terceiros para poder fazer a outra metade do trabalho, o social e voluntário. Coisa para gente idealista, maluca, ou esquema para estelionatário fingir que é doido e idealista, tipo pastor de igreja picareta, e partido político para embolsar em cima da solidariedade do povo e da sociedade. E não fazer nada. Ou fazer uma coisa ou outra, e embolsar o grosso, do que arrecada, uma mini-maquina estatal para quem não consegue ou (enquanto não consegue) se enfiar dentro do Big Brother.

Mas não percam o fio da meada. Na prática, o trabalho era mendigar franciscana e institucionalmente. E fazer isso sem nenhuma das desculpas que as pessoas consideram normais e aceitáveis socialmente. Isso é, fazer isso sendo o braço de instituição religiosa, partidária-política, ou mesmo corporação empresarial que tenta limpar sua imagem perante a sociedade, ou o tentáculo paraestatal do próprio governo. Fazer na prática pela razão social em si que por sinal em tese consta como razão social da associação. E nesse instante tive o primeiro contato imediato de primeiro grau, lúcido é claro , com o fenômeno que é objeto de estudo de K. : a hipocrisia e insanidade da nossa sociedade ou mais precisamente nossa mentalidade dita civilizada.

Supunha até então ingenuamente que tudo que era necessário para colocar um ponto final no odioso problema da carestia, que tudo que faltava era um modelo funcional e uma prova concreta que tal experiência para eliminar esse problema não era perfeitamente solúvel. Supunha que o que faltava era a solução, a cura e não vontade de sanar o problema. Ledo engano. Na minha cabeça era então simplesmente inconcebível outra explicação racional possível para esse paradoxo de tanta miséria e morte em meio a tanta riqueza e tecnologia. Atente que não falei em desigualdade de riquezas como economistas. Desigualdade de riqueza engloba o fútil. Estou falando de miséria, a desigualdade de oportunidade desde o nascimento que implica em sentença de vida e morte. A falta do vital e essencial. O fato concreto é que ao longo de trabalho, tentando mudar essa realidade, me defrontei com algo que só a experiência ou experimentação pode corrigir. Meus pressupostos estavam incorretos, não era só uma questão de vontade de corrigir o problema, o que tanto me preocupava para muitos outros nem sequer incomodava e para outros não só era um mal necessário, mas até certo ponto a prova de sua superioridade e sucesso na vida.

As respostas às questões e problemas que eu trazia não faziam sequer sentido. Era como se tentasse vender um relógio para uma tribo que desconhece a noção numérica da passagem do tempo. Ou pior, colírio para cegos. Eles não tinham dúvidas, apenas certezas. De modo que as respostas que estava trazendo sequer faziam parte dos seus questionamentos. Me senti numa ilha de daltônicos a falar de cores, sentimentos e percepções, que os demais habitantes não só não sentiam, mas que passavam a me olhar como um louco, como se eu estivesse vendo ou sentido coisas.

Minha hipótese que isso era meramente um engano passível de ser corrigido com argumentos e demostrações honestas e racionais estava completamente errada. No entanto não eram os outros que estavam enganados ou se enganando, era eu quanto a minha pressuposição de que existia um nós, ao menos um senso comum de fraternidade capaz de incluir todo o mundo.

Não havia apenas um muro, havia um abismo infinito a “nos” separar. Não era uma questão de concordância ou discordância na troca de ideias. Simplesmente nenhum objeto de discórdia nem concórdia porque simplesmente não havia nada em questão. O que eu tinha feito, minha ocupação, para eles sequer era objeto de preocupação.

Era como conversa entre surdos e cegos no mínimo curioso:

.-E o que eu ganho como isso?

-Nada.

-O que você leva nisso?

-Nada.

-É caridade?

-Não.

-É igreja?

-Não.

Não fazia sentido. Percebi que para eles ou era um tremendo dum mal mentiroso e péssimo golpista, ou eu e minha esposa éramos simplesmente dois coitados verdadeiramente doidos. Acometido dessa estranha doença para o homem perfeitamente civilizado, a empatia. A empatia para eles era como o deus do sábio iluminista Voltaire, algo que se não existisse, precisaria ser inventado, mas não para você acreditar como os tolos, e loucos, mas apenas para vestir em público, e cobrir suas vergonhas depois de perder o paraíso. Solidariedade era apenas mais uma das peças dessa rica vestimenta, feita para ser vista e pregada em púlpitos, palanques e comerciais, não para ser prática, por favor.

Até mesmo nos circuitos dos entusiastas e pregadores da renda básica, a mensagem, muitas vezes, era mesma: “Vocês não estão entendendo como se joga o jogo. Não é para fazer, é para falar.” E muito embora tenhamos vencido essa etapa. E hoje esse ideal que permaneceu por séculos como utopia para ser degustados em cafés e encontros de intelectuais e acadêmicos, em revolucionários 10 anos desde que a primeira renda básica foi efetivamente paga, não por governantes nem do Primeiro mas por cidadão para cidadão nas periferias dos Últimos Mundos consta até dos programas e promessas de candidatos e governos fascistoides do Brasil à Itália, passando por projetos do MIT aos FundosTec do Vale do Silício. Porém não mais do que isso, como projeto e pregação e protelação a serviço da desmobilização e apropriação e adequação desse movimento aos interesses. Ou o que é a mesma coisa, o contrabando das velhas práticas e mentalidade, sob a fachada do novo. O que, resumindo, quer dizer o seguinte ganhamos a batalha silenciosa para tirar a renda básica do mundo impossível dos utopias, mas continuamos perdendo, e perdendo feio a guerra pela humanidade e humanização das civilizações.

Infelizmente se não mudarmos o curso dos acontecimentos, tudo indica que não só a renda básica como prática será uma onda tão passageira quanto a duração dos experimentos, salvo a exceção que confirma a regra para não durar. E enquanto o “risco” da renda básica se espalhar como uma prática de responsabilidade social e humana cosmopolita se desfaz, cresce na razão inversamente proporcional a estupidez da xenofobia, racismo e guerras das comerciais, econômicas, as hibridas. De modo que a chances de um novo ethos emergir antes da humanidade bater de novo como a mosca contra o vidro, é remota.

Se considerarmos a quantidade de tempo, dinheiro e trabalho e pessoas envolvidas na realização e até mesmo na divulgação, de cada uma dessas alternativas de futuro, devemos ser sinceros, a aposta na renda básica, ou de qualquer outra proposta concreta de realização de qualquer coisa parecida com a concretização de uma paz e fraternidade universal razoavelmente exequível, segura e estabelecida, se que existem outras, é mais remota que a colonização de Marte, e bem mais remota ainda que conflitos bélicos mundiais. Siga os capitais. Me diga para onde o tempo, o dinheiro, e o trabalho está se dirigindo, ou melhor sendo dirigido, e em que velocidade, e eu te digo onde e quando vamos chegar a esse destino. Talvez, um imprevisto aconteça, e a coisa toda pare ou afunde no meio do caminho. Mas uma coisa é certa imprevistos não teleportam alguém meio caminho ao Norte, instantaneamente para a direção oposta, as praias do Sul. Por mais que a maré mude com tormentas e correntezas, há ainda um longo caminho a ser percorrido.

Mas o que este pano de fundo tem especificamente a ver com a abordagem da questão da consciência em KOYAANISQATSI?

Bem, como diz o rapaz do trem, “eu poderia estar roubando, matando, mas estou aqui vendendo balas”. Tudo, o caminho a ser percorrido, é abismal. Há uma distancia quase infinita a separar o que para uma pessoa é razão suficiente para agir e mudar o mundo e outro para deter e trancar num hospício o outro como falta dela para manter tudo como está. O que para mim, era tão obvio e natural quanto não cagar na rua ou limpar a minha bunda, para ele era algo que precisa de uma motivação, ou premio ou ganho que justificasse ser feito. A perplexidade era portanto mútua. Eu pasmo e desconfiado da falta de empatia do outro, ele pasmo e desconfiado da minha.

Quanto mais eles me achavam maluco e me tratavam como um alienígena literalmente um ser não de outra classe, mas de outra espécie por de fato me importar com seres iguais não apenas em discurso, mas eu também desconfiava que era na cabeça ou melhor no coração deles, como diria Pascal, que estava a faltar algum parafuso.

Quando meus filhos nasceram a suspeita virou certeza. Não só faltava um parafuso, como tinha outro no lugar. Era certeza. Já havia visto isto antes no trabalho de campo, como o ambiente familiar, social, tanto o material quanto o psicológico afetava o desenvolvimento das crianças, como era uma luta o seu crescimento frente aos traumas, privações e obstáculos muitas delas desnecessárias, muitas delas sabidamente intransponíveis. Mas o contato com a natureza do ser humano em todo seu potencial desde o nascimento, como tantas capacidades entre elas sentimentos emergiam não como consequência, de causas estabelecidas, ou mera reação as ações sofridas, mas sim como uma força volitiva, na forma de sentimentos e inteligência que lutam para emergir como lutamos para respirar mesmo onde não há mais ar. Sentimentos como a empatia, que cresciam como a própria criança, dia após dia, desde que não a privássemos da sua luz e alimento. Neste momento tive certeza que não havia um parafuso solto que me levava a me importar com as outras pessoas gratuitamente, sem precisar de prêmios, recompensas, ou doutrinações ideológicas, mas um parafuso que insistiu (confesso que não sem sérios efeitos colaterais) em permanecer bem preso, até mesmo depois de velho. Junto com meus amores e ódios, medos e esperanças, egoismo, e tudo o mais que um ser senciente tem direito, empatia, numa solidariedade tímida, precária, tanto tempo envergonhada dela mesma, manca e subnutrida, abandonada e sonada, mas ainda sim viva. Enterrada, bem funda, nas camadas mais esquecidas da minha subconsciência, mas ainda viva como minha própria alma. Um pálido espelho, uma sombra do ser humano que todo adulto quebrado é frente ao brilho da potencia de uma criança ainda não processada, mas ainda sim lá, como tanto como sentimento quanto razão da perplexidade frente ao absurdo, impedindo de fechar definitivamente o olho da razão, para o mundo e perder minha ligação com a rede vida de onde não só a minha vontade emerge como alma, mas meu corpo como seu veículo nessa terra de cegos loucos e velhos rancorosos e raivosos.

Mais claro e concreto é impossível. Eu estava olhando para essa verdade todos os dias e ela olha de volta para mim, como minha responsabilidade. E pobre de quem já não consegue mais ver isso, nem mesmo olhando para uma criança “sua” ou não. Estamos a amputar e matar as empatias, para manipular e usar uns aos outros como se fossemos coisas destinadas a satisfazer desejos, ambições, felicidades, interesses, causas e ideais não só os que achamos que são bons para nós, mas que julgamos bons para os outros a revelia da vontade alheia. Estamos a substituir nosso instinto gregário, para egrégoras, inconsciências coletivas introjetadas em cada individuo como superegos, como culto a figuras de autoridade por traumas emocionais que permite conseguir que os seres façam coisas contrárias aos seus instintos não só egoístas, mas sobretudo os gregários através de estímulos e comandos que remetam a esses imprints, e produzam desejos e comportamentos como se fossem produto da livre vontade. A industria da domesticação que produz nada menos que a servidão e os servidores ditos voluntários, mas que rigorosamente devem ser chamados de autômatos.

Estávamos (e estamos) portanto a amputar capacidades, sensos e sensibilidades inatas e substituir geração após geração por toneladas de puro lixo, preconceito e ainda chamar esse processo de desnaturação e desumanização de educação, progresso e civilização. Não era só a mentalidade de um individuo considerado normal que poderia apresentar os chamados “traços” de psicopatia e psicopatia, mas a mentalidade coletiva formada pela sociedade enquanto uma rede de pisque conectas e interação. Uma interação que não se restringia a relação pessoa a pessoa, mas da pessoal com a totalidade dessa mentalidade coletividade através de cada relação pessoal.

Isto implica que a sociedade, ou mais precisamente a mentalidade de uma população não é um campo monolítico, mas um processo simbiótico onde os traços psicopáticos e os psicóticos formavam esse fenômeno manifesto na nossa inconsciência coletiva, que quando interpretado substantivamente como se fosse uma entidade, tomava a a forma desse simbionte psíquico, essa egregora teratológica que parece ter vontade e comportamento próprio, a inconsciência coletiva. Um simbionte parasitário onde o comportamento psicopático, o comportamento amputado de empatia enseja as traumas que produzem as psicoses que alimentam seu impulsos eróticos e tanáticos dentro do seio da própria sociedade, reproduzindo-se como mentalidade cultura e sociedade doente-doentia de geração a geração. Ou a grosso modo a história da civilização de como pessoas que um dia foram crianças cheias de potencial humano se tornaram o espelho daquilo que matou a sua potencia da sua humanidade.

A história da humanidade de como adultos que um dia foram crianças foram amputados se suas sensibilidade empática e instinto gregários, para se tornarem os escravos de suas psicopatias e psicoses e na busca por satisfazer suas manias matam a humanidade da sua própria prole para reproduzem a imagem e semelhança dos homens e mulheres desumanizados que se tornaram, já incapazes de se surpreender com seu feito: como da matéria senão pura e inocente, livre e repleta das infinitas possibilidades que forma uma nova vida encarnada numa criança, nós criamos esse singular forma de viver, e conviver que não raro há quem prefira a solidão companhia de outros animais para estimar do seus confiar essa estima a seus semelhantes. Passando ainda que não tenhamos consciência disto tanto a odiar a si mesmo como ser humano, quanto o outro como se não fosse, o ser humano que não encontramos nem no espelho do que somos nem do que o outro.

Fico imaginando o dia em que essa mentalidade enfim triunfar de vez, e a tecnologia dessa civilização encontrar não só energia inesgotáveis, mas conseguir satisfazer seu desejo egótico de existência infinita no tempo e espaço descobrindo a “cura” para morte. O dia que esse ser humano completamente envelhecido e desnaturado na alma não sentir nem mais a necessidade egoísta de se reproduzir meramente para perpetuar seu legado, a extensão da projeção imagética materialista de si mesmo. Um mundo onde a o nascimento de crianças se tornará enfim a máximo dos meros caprichos de egos, ou ordem de superegos naturais ou artificiais sem fim. A morte da humanidade de fato como um sono eterno, do qual não teríamos mas nenhuma esperança de despertar, não mais por nossa própria força de vontade como consciência.

KOYAANISQATSI no fundo não passa disso, uma investigação crítica a cerca de como sair dessa problema que já não era simplesmente um problema de trabalho, mas pessoal na medida que essa cultura hegemônica não só despreza o que não entende, ou lhe é estranho, mas faz um ultimato totalitário: submeta-se a ao que lhe foi predestinados, os nós devoraremos você.

E eis que chegamos a cerne da questão: a tal consciência. Que se fosse ou precisa-se ser uma superconsciência não seria mais libertária, mas totalitária. Ou seja o mesmo problema, com um novo nome. Um superego, um projeto de Ubermach a novamente se apropriar e hospedar orwellianamente na concepção do seu contraditório para se perpetuar como ideia de superpotência tanto na projeção do individual quanto da coletividade. A mesma ideologia que projetar homens, e suas espécies desintegradas e classificadas em raças com base na hierarquia das capacidades e capacitações, inatas ou adquiridas. Se são socialmente ou geneticamente herdadas, alteradas ou planejadas como projeto de raça, nação ou ser humano, isso pouco importa, o que importa a ideia de superpotência é que a desigualdade não apenas de grau mas de gênero seja e esteja instaurada e mantida enquanto discriminação, classificação das pessoas em superiores e inferiores. Porque onde super-homens por lógica também são apenas os homens frente aos sub-homens. De modo que a capacidade de governar pela sua consciência ao invés da subconsciência constitui-se qualquer capacidade extraordinária, teríamos uma versão new age do arianismo.

Nós os seres humanos conscientes e pacíficos e solidários, e eles os primitivos, violentos e egoístas macacos em forma de homem. Um evidente incoerência não só de termos, mas de natureza da suposta consciência. Pois no exato instante em que essa discriminação se processa, tal pensamento não é mais propriamente consciente, como de acordo com os termos pelo qual se defini esse ethos humano, somos nós os pressupostamente mais conscientes, os macacos da nossa “nova” teoria preconceituosa. Não há um inimigo a ser combatido, não há vilões nem heróis. Nem super, nem infra. Nem mesmo o superego, a psicopatia, a insolidariedade, o egoismo e o progresso civilizatório que são objeto de critica são demonizados, nem muito menos o sentimento altruístas e gregários são divinizados ou santificados. Muito pelo contrário o esforço é de compreensão de ambos, não só em seus aspectos aparentemente normais, mas também os teratológicos. Não há portanto nenhuma proposta de superconsciência, porque ela implicaria num super-homem. E tudo que KOYAANISQATSI busca justamente o oposto, se livrar dessa mentalidade prepotente que precisa reduzir outros seres incluso os humanos para projetar seus sonhos e fantasias de supremacia.

Assim, uma das camadas da tese de KOYAANISQATSI. é na verdade extremamente simples:

Se a vontade desde dos mais ricos e poderosos até os pobres e vulneráveis pode ser manipulada através do controle dos estímulos que provocam as vontades enquanto desejos e volições. Resta-nos duas alternativas para preservamos nossa capacidade de autodeterminação e sermos de fato soberanos sobre nossos própria vontade. Uma: nos colocamos em ambientes controlados, onde não permitimos que nossa vontade seja pervertida ou manipulada. Ou desenvolvemos uma mentalidade que funcione como um sistema imunológico capaz de preservar nossa autonomia e sanidade em qualquer ambiente. No primeira hipótese, continuamos extremamente vulneráveis e carentes. no segundo mais independentes e autossuficientes, na exata medida que não só nossos instintos gregários mas o equilíbrio natural entre esses e os instintos egoístas estão preservados do parasitismo que faz de um ser meramente o hospedeiro das vontades, e sua existência uma função existência de uma força alheia, incluso a vontade de outro ser.

Ou seja, no primeiro caso, fora toda uma série de problemas colaterais que não nem enumerar, tal solução não produz a proteção e segurança necessária. Porque novamente basta assumir o controle do sistema de estímulos para dominar novamente a mentalidade desse grande organismo. Ou seja basta controlar a produção da inconsciência coletiva para controlar os seres humanos assim egregados. Como aliás temos experimentado ao longo da história da domesticação, alienação e imbecilização do homem pelo homem.

No segundo, não temos mais esse problema, mas outro? Se não somos governados por esses estímulos a condicionar nossas vontades e desejos, o que então governará nossa vontade e desejos? Simplesmente responder a consciência, é uma resposta vazia, se ela mesma não se constituir numa força de fato, numa força de vontade própria suficiente capaz de produzir nossas volições. Como desenvolver essa força de vontade não só conscientemente, mas como a própria força motriz da consciência eis a questão de KOYAANISQATSI

Bem se não somos um engenheiro eugenista, nem queremos entregar nossa singular pessoa a tais cientistas. Nem queremos utilizar a primitiva técnica do ameaçar com um bastão ou cenoura nem contra nem contra os outros, a pergunta é: o que temos então a nossa disposição afinal de contas para desenvolver essa consciência? Como fazer para sair da mera ética, isto é das prescrições do que é certo , para entrar no plano do ethos, o “ser de fato capaz de fazer a coisa certa” sem precisar que ninguém nos diga ou force a fazer o que é supostamente certo, não se esquecendo que uma vez alienados nem sempre podemos nem sempre concordar, mas é quase sempre não teremos mais a força de fato para discordar. Ou seja, não raro precisamos ser capazes de tomar decisões absolutamente sozinhos, como temos que ser capazes de fazê-las e mantê-las contra todas as circunstâncias, obstruções e dificuldades contrárias, não só constituindo-a como força de vontade capaz de tanto, mas como força de vontade capaz de resistir até mesmo as ordens e ameaças em contrário. Como constituir uma consciência com força suficiente não só para nos permitir acordar, mas levantar e andar ainda que presos em grilhões, correntes e sob a mira de quem quer nada menos do que o oposto de nós?

Posto desta força parece até que realmente precisamos da intervenção de alguma força sobrenatural, o advento de alguma força artificial, ou até que estejamos falando de uma capacidade supernormal, quando não passa de atributado comum, a todos humanos, inato e natural e que pode ser fortalecido e desenvolvido exatamente da mesma forma com a qual ele vem sendo degenerado e destruído ao longo do tempo, como o uso, o exercício dessas faculdades e consequentemente a seleção natural, através de hábitos costumes, tanto como práticas de solidariedade que fortalecem a empatia, como de práticas de livre pensamento que fortalecem a razão e raciocínio independente. Não é preciso criar nada de excepcional, extraordinário, nem superior, mas justamente o contrário, deixar que o natural e o comum aflorem sem serem amputados por esses complexos e maniacos pela produção de relação de supremacia e seres superiores e estados supremacistas que antes de tudo são uma mentalidade uma ideação. Uma ideologia onde não só a empatia, mas o próprio egoismo, os dois instintos de preservação estão adulterados e por essa programação ideológica alienista que diz ao ser vivo que a sua vida e liberdade, assim como a vida e liberdade de outrem valem menos que esse Bem Maior, seja qual for a forma material ou transcendental desse bem maior que sua própria vida de alguém, incluso a sua. Consciência num mundo de homens domesticados por outros outros homens é sinônimo portanto de desalienação. E desalienação de libertação do domínio mental alheio dos preconceitos, ou o que é a mesma coisa conscientização, o retomada de posse dos campos de saber e conhecimento para a formulação dos próprio conceitos e entendimentos.

Logo,dependendo do grau de consciência que é sempre inversamente proporcional ao de alienação ou de uma pessoa é fácil para ela perceber, que não deveria matar ou deixar outro ser humano morrer. Da mesma forma que é fácil para uma pessoa treinada adestrada a matar em nome de signo que dê sentido a sua vida destituída de significado fazê-lo sem titubear ou questionar, seja para satisfazer suas taras, seja para satisfazer as taras alheias via esse programação culto-cultural introjetadas nele como componente do sue próprio eu e pensamento inconsciente: o superego. Você não consegue criar um exército de assassino de crentes fanáticos e fundamentalistas cultuadores de personalidade de um grande líder e suas causas e bandeiras sem muito lavagem cerebral. Já uma criança capaz de solidarizar e sofrer com o sofrimento alheio, ninguém precisa ensiná-la a fazê-lo. Mas pode sim, matar essa capacidade, como pode matar até mesmo a capacidade de enxergar, anulando os estímulos necessários, ou seja trancando-os num quarto escuro emocional desde o nascimento. As formas de expressar a dor essa co- paixão variam são aprendidas e variam conforme os ritos e costumes da criação, mas o instinto gregário não, como a outro polo, junto com o egoismo do instinto de preservação, não. Para que elas não se desenvolvam naturalmente é preciso privá-la de alimento, podá-la, arrancar suas raízes, amarrar suas troncos, até que elas se tornem enfim o ornamento da deformidade e objeto do desejos de quem as “forma”.

Ela não precisa ser adestrada, ensinada, amestrada para emular esse sentimento e comportamento instintivo, até porque se não tivesse por seleção natural desenvolvido essa sensibilidade inteligente e percepção heurístico que a liga instantâneo a rede dos outros seres do mundo, jamais teríamos evoluído para nos tornar seres sencientes, quanto mais conscientes. Não seriamos sequer vermes e bactérias que dirá seres com redes neurológicas individuais e sociais complexas que somos, humanos, para dar-nos falta de algo de nossa essência enquanto essência, enquanto alma, falta desse principio elementar da constituição da nossa pisque e comportamento: empatia e solidariedade.

Mas na prática o que é essa consciência que nos falta? Manifesta em comportamento o que seria o sinal da presença desse fenômeno, a consciência?

Vou voltar então a um mito ou história que esta presenta na fundação de 3 grandes cultos patriarcais Civilização Ocidental e Médio Orientais hegemônicas que predominam no mundo. Para que entendamos a natureza fundamental dessa capacidade humana.

Imagine que você é Abraão e que deus apareça para você e diga para você pegar o seu filho e mata-lo em amor e obediência a Ele? Se você é cético, ateu, ou agnostico, substitua a figura de deus, por qualquer outro conceito de autoridade que superior a seu ego, um você deposite sua confiança, por exemplo a ciência, a lei, ou a até a mesmo a racionalidade. Suponha que o dilema do patriarca, se dê porque a lei exige que você o entregue a serviço da pátria numa guerra que você tem certeza que ele vai voltar num caixão, que ele seja portador de uma doença contagiosa e precisa ser sacrificado, ou mesmo que ele tenha a cura para uma doença que salvaria toda a humanidade. Ou qualquer outro dilema onde sua ação ou inação implique em condená-lo a morte em favor de alguma causa. O importante neste caso é se colocar no lugar do outro, essa causa seja ela um credo racional ou não, não importa você de fato acredita, você por alguma razão ou credo considera que seja seu dever sacrificar seu filho em nome de um Bem maior. De modo que no dilema não está em questão se você está alucinando ao ver ou ouvir falar com deus, não importa se é um esquizofrênico ou tomou muito LSD e esqueceu, o importante é que ter mente que para você deus está lá, você pode vê-lo, tocá-lo e ouvi-lo. Na sua cabeça, ele existe, e é Deus, seu pai, criador, todo-poderoso, fonte da verdade e autoridade máxima. Enfim tudo o que deus significa todas as suas atribuições e atributos em fé e razão para quem acredite nele, exatamente como descrito nesta história. E segundo esta história, você está portanto no lugar do patriarca e deus está falando para você sacrificar seu único filho, cortar a garganta dele. A pergunta que determina o tamanho do grau de consciência é então: qual é o tamanho da força de vontade para objetar a ordem daquilo que de fato você acredita e mandar como todo respeito que tudo sua fé merece seu deus ir tomar naquele lugar, ou pro inferno se você não for um desbocado, mas já aviso, a escolha de palavras não vai adiantar muito, porque não importa para onde você manda ou fazer o quê, qualquer resposta que dê, é a ordem dada que têm consequências eternas ditadas não por Deus mas por seus atos sua heresia. Ou se preferir livre-arbítrio. Porque se você cortar a garganta dele, não adianta por a culpa em deus, assim como ao desobeceder a ordem a heresia também. Porque HAERESIS, nada mais é do escolha. Escolha até na origem etimológica da palavra.

E esse dilema do patriarca das 3 religiões hegemônicas do mundo ocidental, não é só o dilema dos neuróticos esquizoides por credos transcendentais, mas também dos fanáticos pelos credos mundanos e materiais: renunciar a sua vontade soberana, a sua consciência frente a um poder que se impõe apenas como real ou Rei todo-poderoso, mas como a própria encarnação da impotência da existência frente a toda onipotência do que a pessoa julga real, verdadeiro e absoluto, a encarnação de todas possibilidades. Uma autoridade inescapável, seja como ciência, seja como fé, seja como ideia de poder total, seja como ideia do que lhe é impossível fazer ou escolher, ou assumir a responsabilidade.

Quem já leu alguns textos meus, sabe que se tem uma coisa que não sou fã é de patriarcas, patriarcalismo e pátrio-poder, muito pelo contrário abomino tal como a própria uma das formas mais antigas e primitivas que de dominação do homem pelo homem, ou melhor do homem a mulher a sua própria prole, como objetos de sua posse, caprichos e escravidão. Talvez não anterior ao advento da pilhagem e da guerra como bases de sistemas de produção e estratificação social, mas certamente intrinsecamente e imediatamente ligados a eles Porém, cabe destacar que Abraão não seguiu o costume primitivo não sacrificou seu filho, pratica comum de então. Voltou e contou a seguinte a história: ia fazê-lo, mas como provou sua obediência, deus ficou satisfeito e o impediu deixando-o trocar o filho por um bicho. Bem, há quem creia na história. Mas como disse, que era para imaginarmos na situação de Abraão, como pessoas conscientes. Temos que também levar em consideração a outra hipótese , que ninguém falou nada para ele. Era Abraão, seu filho, a faca, e um problema, um bando de fanáticos alucinados que caso ele voltasse com seu filho vivo, provavelmente dariam cabo dele e do filho. E como com gente louca principalmente violenta e mais principalmente ainda em manada, você não discorda, podemos aventar a hipótese que Abraão não só fez a escolhe que seu coração ou sua consciência mandava como sabiamente soube dar as razões que melhor faziam sentido para a loucura que era a norma e normalidade vigente a qual ele certamente não tinha como escapar, nem curar. Heresia? Com certeza. Mas essa escolha desse pai, que poderia ser uma mãe, não importa se nossa sociedade patriarcal ou matriarcal, mas que demandasse o sacrifício de vidas humanas frente a qualquer coisa que eles considerassem mais sagrado do que a vida dos seus filhos, seja um deus, a pátria, ou só dinheiro mesmo, é um dilema que permanece, e não muito diferente, porque quando você diz não aos que esperem que você entregue seus filhos ou você mesmo, as suas ordens para que o bem maior seja atingidos, a chance de serem presos, julgados e linchados continua a mesma, embora esse serviço hoje seja terceirizado.

Notem que esse fenômeno de alienação é anterior ao próprio surgimento do estadismo ou religiosidade. E embora seja relevante rastrear quando e porque ele aparece, algo que levantamos como hipótese em KOYAANISQATSI, o problema não é que tal perversão tenha surgido, mas que ela permanece. Tomem o exemplo das escolas. Mesmos os mais conservadores de direita e libertários de esquerda que tem sérias reservar contra a prevalência e intervenção de agentes e autoridades externas, de estado em geral, na relação pais e filhos, na família, nem sempre tem clara essa noção que tal liberdade ou soberania da família ou mais profundamente do respeito absoluto a vida e liberdade como responsabilidade, jurisdição e mandato dos seus pais, enquanto a vida e liberdades delas dependem de fato deles não serem alienados e inconsequentes implica nessa absoluta autonomia e liberdade e capacidade do exercício dessa soberania como consciência. Escravos e alienados, não tem filhos, tem prole, não criam se reproduzem, porque não estão só condenados a entregar seus filhos a ordem de quem consideram a autoridade, ou superior, mas dispostos a fazê-lo, a não raro, como cães, abanando o rabo, em troca de afago, prêmio, ou só promessa de tesouro nesse mundo ou no além de seus mestres.

É curioso, como pessoas que não deixariam seus filhos por exemplo passar um final de semana na companhia de estranhos por desconhecer os riscos, nem hesitam em entregá-los aos cuidados de uma pessoas e instituição contaminadas pelo desejos de micropoder, desde que ela tenha o signo da autoridade de poder, e a licença legal para serem omissos ou obsessarem o filho do alheio. O signos são deles, mas as marcas inscrita a ferro e fogo estão na cabeça são nossas e muito em breve também nas crianças igualmente institucionalizadas: Obedeça.

Tem-se a impressão que vamos nos acostumando como as coisas são apenas por elas se repetirem ritual e cotidianamente. Mas se esquecem o pássaro domesticado não voa mais, ficando sempre do lado do a esperar a ração, por que alguma pedaço dele foi amputado, se não um pedaço da asa, um pedaço ainda mais importante, o da potência de ser o que ele, um pedaço da sua livre vontade enquanto anima.

A banalização, a ilusão de normalidade é o segredo da perpetuação e reprodução da alienação. Mas mesmo assim, nunca deixará de causar perplexidade como mesmo perante o sofrimento físico e mental dos seus filhos, e as vezes, verbalizado, as vezes constado na mudança do própria afetividade e comportamento, ainda sim, os progenitores seguem fazendo o que foram condicionados a fazer como norma e normal, ainda que para isso precisem fecham seus olhos e ouvidos e coração renunciam a seus sentimentos e abdicam da própria consciência, e violentar o sua própria relação de confiança e reciprocidade com quem lhe dá tudo de graça, para se manterem fiéis e obedientes a “ordem das coisas” que cobra um preço impagável, a alma.

E depois há pais que ainda por cima estranham que seus filhos depois prefiram sofrer calados, ou se abrir com amigos, ou mesmo estranhos. Ou os olhem como se eles fossem estivessem em guerra com eles, na outra trincheira, ou como infiltrados ou carcereiros dessa condição e processo psicológico. É triste. A alienação, é a pobreza da pobreza da pobreza. E como a miséria não conseguem mais perceber, que dessa ordem das coisas eles não são o guardião dos seus filhos, mas o primeiro vigia e carcereiro da sua própria prole a serviço da sua ordenação às normas, não importa que as normas sejam perversas, desnaturadas, ou o quão incompatíveis a natureza sã da criança elas sejam. Não são meros cobaias do Experimento de Milgram, mas do Experimento de Satanford. Não vivem, interpretam seus papeis na tara e fantasia psicótica que não é nem sua, mas alheia. Space Monkeys.

A doença está disseminada. Assim como trabalho, também, no estudo, na recreação, e até no lazer, nada é feito em função de si mesmo. Não existe arte pela arte, descanso, pelo doença, nem vida pela vida, tudo cada ação, cada ser só existe em função de. Ele não existe senão em função de. Como alguém poderia, existir de forma soberana, mesmo seu próprio filho poderia existir senão em função de algo maior? A alienação mata. Mata amor, mata a vida, mata a liberdade. Mata o significado da existência em si, seu valor e a possibilidade em de significação e valoração próprias. Essa é a doença da mentalidade da nossas culturas e civilizações baseadas desenvolvidas na domesticação de gente por gente, em favor de interesses fantasia e satisfação de taras e vontades, e manias alheias introjetados como nossos, seja como desejos seja como obrigações.

Consciência é o caminho, do desenvolvimento e fortalecimento dessa estranha e esquecida faculdade de pensar, decidir e escolher por conta própria e sobretudo querer, desejar e ser de acordo com a força da sua própria vontades em harmonia com seus instintos naturais de preservação e evolução e não contra eles, de pensar livremente não o si mesmo, mas também o outro, não mais como coisas, mas sujeitos iguais em direito não só de definir seus destinos, mas como direito de propriamente concebê-los e antes disso desenvolver livre e naturalmente sua próprio-concepção. Pensar e existir tanto como identidade individual quanto coletiva não como ditadores ou seguidores, mas como soberanos absolutos da sua vida e liberdade, o logo co-soberanos sobre o bem comum e o mundo.

Pessoas comuns, lutando não só com senso comum mas com toda potencia da consciência que implora para emergir das subcamadas da sociedade e da mente, contra esses super-homens seus super-egos, que nunca se cansam nem se satisfazem como suas fronteiras imaginárias das suas superpotências na terra, no além, a desenhar suas fantasias de poder, do pequeno ao grande, do bedel, passando pelo gerente até as escalas mais altas da hierarquia desse status quo, os cagadores de regras para as manadas de inconscientes egregados na insolidariedade e discórdia na impotência da sua inconsciência coletiva.

Porque o resto é mais do mesmo. É ficção. Sejam elas científicas ou não. E concretizá-las como realidade não é sinônimo de verdade nem muito menos de novidade. Técnicas e Tecnologias para mudar o homem… o que há de novo nisso? Revolucionário será o dia que voltarmos a ser capazes de nos auto-adaptar e evoluir através da força da livre vontade, com toda a inteligencia que desenvolvemos aplicada a isso e não à manipulação dos meios e uns dos outros para ver que realidade há de prevalecer. Seres autômatos não são seres animados. Quem quer que governe o mundo e todos os seres, mesmo que tivesse o poder de um deus, desprovido da capacidade de governar a si mesmo e a sua própria vontade de poder, continuaria a ser um mero escravo, da força que é verdeiro senhor e governo desse mundo e seus seres, do qual esse todo-poderoso não passa de cavalo. Ou o mais precisamente um líder da manadas, que são muitas.

A liberdade ao contrário do que se prega não é a falta de disciplina. Mas a própria em todos os sentidos que a palavra tem de construção de ordem. É o compromisso com o desenvolvimento da autoridade, só que não a falsa, a alheia, mas com a sua própria. É a responsabilidade e soberania, mas não a que renuncia, delega e transfere, mas a que preserva, mantem desenvolve inclusive como perseverança e resistência. Em seres dotados de grande inteligência simbólica que não perderam suas outras capacidade sencientes e sua pisque para o mundo das idéias, é a consciência.

Sem ela, as comunidades se dispersam, ou pior passam apresentar o comportamento de manada. Com todos os riscos e vulnerabilidades que tal comportamento apresenta e quem ainda não perdeu completamente seu instinto gregário sabe que estamos correndo não só no Brasil, mas no Mundo.

Uma capacidade que não se desenvolve com pílulas, implantes, programas, agendas ou soluções mágicas, justamente porque a raiz do problema é justamente esta a dependência e esperança por soluções exóticas e alienígenas predeterminadas que matam a vontade natural e nativa a potência da vontade de autodeterminação e soberania como povo, sociedade e antes de tudo como o átomo desse universo enquanto rede da vida natural e social: a pessoa humana.

A vontade é o átomo, a liberdade é a força, e o desenvolvimento equilibrado e harmônico do egoismo e solidariedade é o logos, a conexão. Um complexo que antes de se materializar e crescer perante nossos olhos como realidade e corpo, existe e precisa pré-existir como código, mentalidade e potencia, como alma, o espírito das coisas.

Como ver isso? Simples. Não furando os olho da mente das crianças. Nascemos capazes de fazer sensível e inteligentemente co-nexões e re-ligações das coisas que são absorvidas de formas distintas pelos diferentes sentidos, integrando não só diferentes percepções, e pontos de vista, mas diferentes vivências incluso aquelas que não se apresentam nem representam a amostra da nossa experiência de vida. Não somos mônadas sem janelas como dizia Leibinz, não vivemos nem somos bolhas. Somos capazes de compreender, e produzir saberes e entendimentos, porque somos dotados de empatias, a capacidade sensível de projetar nossa razão ao outro. Mas mate a empatia e solidariedade no berço e não só a humanidade passará a eternidade dure ela o quanto durar correndo atrás do do seu próprio rabo… como cada formigas-cão dessa colônia humana passará toda sua existência operária correndo atrás do rabo dos outros, seja a seguindo e perseguindo, trabalhando e tomando outros formigueiros sem escolher nem saber porque, precisam disto ou de rainhas.

Precisam?

Tanto quanto ele precisa ou um dia quis ir para Marte.

When I visited the Kamaram makeshift museum (set up with the help of the local district administration), it reminded me of the Harappa civilisational artifacts, instruments, tank systems and so on. They had a system for rain and drought predictions. The Koya interpreter told us that their Mau flower- and water-based tests and predictions, and bird and animal behaviour-based predictions of rainfall by and large remain accurate.

One of the Koyas said their predictions are more accurate than Brahminic Panchangam predictions. I was really astonished by their scientific and accurate explanations about the cause and effect of nature’s ways.

The Koyas’ engagement, synthesisation knowledge systems and predictions are basically around human survival, development and community wellbeing. Their engagement with war and violence is almost zero, showing that indigenous forces were against such destructive behaviour.

Their social life is well detailed in the book Indigenous Knowledge of Koyatoor of Kamaram, based on a study by Birsa Munda Youth Association. In contrast, the Brahminical knowledge system is mainly around war, violence and power. Adivasi knowledge, as it survives in the villages and gudems today, is for social collectives and anti-discriminatory in nature. Vedic texts suggest offering sacrifices for destruction.

Fascinating use of soil, earth and water

The museum is 15 kilometres away from Medaram Village, where the biggest “Sammakka Jatara” is held every alternate year. One can easily understand how Sammakka and Sarakka goddesses have evolved over time. The bamboo figurine planted as the goddess on a round-shaped and well decorated mutti (soil) Gadde (pedestal) with white or colourful new clothes attracts observers to their divine placement.

They use turmeric, very red cumcum (they never use saffron) and white stone and rice powders for their spiritual, cultural and civilisational symbols. There is no notion of “sanyasis” among them and they believe all adults should marry and procreate.

The museum is 15 kilometres away from Medaram Village, where the biggest ‘Sammakka Jatara’ is held every alternate year.

The Koyas’ Indigenous Knowledge of Koyatoor of Kamaram reaffirms my proposition in my book Post-Hindu India that adivasis are the “unpaid teachers” of India, unlike Brahmins.

The tragedy is that the dakshina they deserved went to the brahmins; in fact it should have gone to Koyas, Gonds, Bhills, Mundas and so on. All castes of India are indebted to the indigenous people.

The museum and visits should have given new direction to the nation. We saw the tribals resolve that their children should study in well-established English-medium schools. The central and state governments must provide them world-class schools with the necessary infrastructure. They also decided they must add INDIGEN (with English spelling) to their names so that all adivasis are identified as “indigenous” people — it will help them gain national as well as international visibility.

Brahmins across India can be easily identified — they share common names like Shastri or Sharma; Banias, on the other hand, have the end name “Gupta”. Hence, indigenous people should add the Indianised INDIGEN to their name too.

Once this education and name revolution progresses without violence or atrocity, indigenous forces will be empowered across India. If their children get an English-medium education and learn one regional language till Class 12, their culture will survive — and the INDIGEN can truly become a modern, English-educated national force.

Kamaram has paved an exemplary path for cultural revolution in India.- Great Harappa of south India? How the Koya tribal museum is shattering ‘Brahmins are supreme’ myth

--

--

Marcus Brancaglione
ReCivitas Basic Income Democracy

X-Textos: Não recomendado para menores de idade e adultos com baixa tolerância a contrariedade, críticas e decepções de expectativas. Contém spoilers da vida.