O tesouro escondido nas cinzas do Museu Nacional

Marcus Brancaglione
ReCivitas Basic Income Democracy
16 min readSep 5, 2018

Bem agora que já sabemos os tesouros que perdemos e mal sabia que tínhamos, e sejamos sinceros não estávamos nem aí antes de perder, quem sabe não se procurarmos com cuidado não encontremos o único tesouro que pode ser encontrado em meio as cinzas. Na verdade mais que um tesouro um segredo da nossa história. Nossa verdadeira identidade cultural. Um segredo guardado a sete-chaves, e que nas salas de exposição para o mundo e para as futuras gerações não há apenas só réplica para inglês ver, mas uma réplica completamente adulterada feita propositalmente para esconder nossa realidade e história. Uma realidade histórica não só dissimulada, velada com mitos e folclores, mas narrativas e dados não só descaradamente, mas estupida e perigosamente falsos.

Entretanto já aviso de antemão, negligenciemos mais essa busca pela revelação da verdade, empurremos os fatos e eventos para debaixo do tapete, a espera da próxima copa do mundo, ou o próximo carnaval, enfiamos a cabeça no próprio rabo para não ver nada, já não é mais opção com chances de dar certo. Fingir de morto, não vai colar. Não se queimaram apenas patrimônios do povo brasileiro sob a guarda do nosso Estado-Nação mas da humanidade, e que pertencem a história de outros povos e nações, que não por acaso, já vem brigando para repatriar seus tesouros, que ao contrário da casa imperial brasileira (tirando os nativos é claro), não foram trocados, mas pilhados em guerras de ocupação, colonização e pilhagem.

Não nos enganemos, ou melhor podemos de novo tentar, temos todos os motivos para continuar a enganar a nós mesmos para tornar menos insuportável nossa condição, mas os outros povos não. Eles não tem nenhum motivos para enganar a si mesmos, nem muito menos continuar a se deixar enganar, com a nossas falsa cordialidade e servilismo autocomplacente esse sim genuíno.

Nas cinzas e escombros do museu nacional finalmente o povo brasileiro e o mundo finalmente tem a oportunidade de encontrar cientificamente sem falsificação e maquiagem os vestígios e pegados deixados pelos hábitos, costumes e cultura brasileira. Onde o mais importante achado, é sem sombra de dúvida esse mesmo: a grande farsa chamada Brasil.

Não que outros Estados-Nações não relativizem e floreiem suas narrativas histórias , fabriquem seus heróis e inimigos, ou mesmo escondam, manipulem ou até mesmo falsifiquem suas dados, que o diga Colin Power e George Bush e sua guerra no Iraque, feita assumida com relatórios falsos e toscos. Não, não estamos falando dos coitados que seguem cegamente partidos, seitas ou lideranças políticas e governamentais, estamos falando justamente dessas lideranças, dos coitadores; gente que de santa não tem nada, e logo (até por coerência de argumento) não é inocente, ingenua, e portanto pode ser acusada de ser ignorante nem estupida, ao menos não desse tipo de estupidez.

Nas cinzas e escombros não está só o retrato do descaso do Brasil como o patrimônio nacional e da humanidade. Isso como a própria palavra retrato diz, é o óbvio. E assim permanecerá enquanto for uma marca, enquanto a cultura do esquecimento e acobertamento histórico uma obviedade. Isto é, enquanto o Brasil não fizer como faz com cenários dos seus crimes e tragédias, dos prédios dos DOPS, aos Carandirus, maquiar ou implodir para eliminar marcas e rastros, para esquecer e apagar da memória das novas gerações os vestígios dos crimes de Estado, e de omissão da sociedade, e poder germinar o ovo da serpete de novo.

Não, não é o fato ainda não falsificado historicamente, o nosso descaso as maior descoberta que ao menos os gringos já estão a tirar das cinzas do nosso patrimônio perdido e também do deles. Agora que eles começam a compartilhar a sensação de choque, perplexidade e impotência, que o brasileiro honesto tem com o seu país. E quando digo honesto, não se deixem enganar pela nossa cultura das falsificações ideológicas e hipócritas, não estou falando de moralidades seletivas, e moralismos de classes. Estou falando de verdade no sentido epistemológico, o patrimônios está destruído. Não há demagogo, relativista ou subjetivista ou necromancia que “ressuscite” múmias que dirá crianças mortas com a cumplicidade do mesmo descaso com a contribuição de outros fatores oportunistas. Ou será que já esquecemos?

Não foi o primeiro, e infelizmente talvez não seja o ultimo.

Mas foi preciso a perda de tamanho riqueza material e saber acumulado durante séculos, já que vidas não importam tanto para que o choque de realidade se desse. Precisou perder patrimônio história incalculável, para que se revelasse tão explicitamente nas cinzas a cultura institucionalizada em um nação. Ou as instituições e seus são tão sólidas quantos os relatórios que atestam a sua solidez e resultados são fidedignos.

Escritos com cinzas e escombros retorcidos, está lá para quem quiser ler no Brasil e fora a infame frase proferida pelo Ministro da Educação de FHC, mas que de diferente ou mais dos seus antecessores e sucessores só cometeu mesmo o pecado do sincerídio quando disse a cerca da greve dos professores:

“As crianças fingem que aprendem; os professores fingem que ensinam; e nós fingimos que pagamos.”

Uma verdade a cerca da mentalidade monstruosa daqueles que nos governam, domesticam, mas um mentira a cerca da natureza da educação, cultura e aprendizado. Um inversão da ordem dos fatores que é o padrão da própria superestrutura cultura quanto logicamente o resultado consequente da nossa completa falta de infraestrutura institucional e moral- nesse caso nos dois sentidos, tanto de ethos quanto de compromisso com a verdade. O processo fenomenológico é o inverso:

Eles fingem que pagam; Logo os professoram fingem que ensinam; mas as crianças não fingem que não aprendem, elas não apreendem, e não porque não querem, mas porque nós somos um bando de velhos malditos e hipócritas.

E que se tivéssemos um mínimo de dignidade, responsabilidade ou senso de autocritica não estaríamos tentando desqualificar os agravantes do crimes de femininístico, mas estaríamos desde já qualificando os agravantes do crime do infanticídio, mas como criança é como bicho não vota, e não tem bancada, depende do instinto gregário dos seus progenitores e semelhantes. De fato poderíamos eliminar todos os agravantes da lei, como por exemplo, o matar motivo torpe, ou sem chance de defesa, e simplesmente colocar um só agrante o da covardia. Mas aí não sobraria ninguém para julgar ou condenar ou prender, porque da dissuasão pela ameaça do uso da superioridade evidente da força se estabelece o monopólio da violência e logo, o Estado, ao menos o histórico, o único que narrativas e discursos e cartinhas magnas fora é o único que empiricamente conhecemos até hoje.

Conto nos dedos as vezes que entrei num museu de história, e a última delas foi a alguns dias atrás no museu de história natural de Atibaia, e só entrei por livre e espontânea pressão dos meus filhos que queiram ver, saber e aprender tudo, que estava ali dentro. Não senhores, eles não fingem que aprendem, quem finge somos, nós. Até porque o que eles tem nós já perdemos ou foi está tão atrofiado que mal conseguimos lembrar que (ou como) um dia já tivemos. Vontade de apreender, uma vontade que tão grande, e sem traumas, que não só não fazem com aquele enfado e lentidão característica de quem vai para não chegar, como fazem tudo correndo. Nesse sentido, fingir é a única coisa que nos resta, não como os canalhas que destroem patrimônios ou amputam vontades de viver e aprender, mas fingir por respeito e amor, ao amor a vontade de viver e aprender de quem ainda a possui de forma tão pura e repleta de possibilidades. Fingir por amor e solidariedade e não egoismo e descaso que eu como o cientista e a criança gosto e entendo o valor daquele monte ossos e bichos empalhados e não que meus gostos e desejos ali se resumia apenas em sair e alimentar meus vícios, no meu caso acender meu cachimbo e fumar meu tabaco.

Entretanto não é sobre nossas relações de amor, respeito e solidariedade que o incêndio que história recém-escrita do museu destruído trata, ou melhor conta. É sobre esses outros vestígios dos fatos, dados e eventos que na era paradoxal era da informação, estão cada vez mais difícil de esconder e monopolizar como segredos, e que portanto são objetos de outro tratamento por quem quer se apropriar e controlar a história, que não é novo, mas é mais intensivo: a falsificação e manipulação cada dia tecnologicamente mais bem elaborada e massificada, tanto na qualidade de lixo e ruido, contra-informação e desinformação, quanto falsa ou psedo-informação.

A cada avanço da sociedade da vigilância tecnológica, a cada câmera, novo site, nova tecnologia ou metodologia científica de investigação, quanto mais o conhecimento e acesso descentralizo a informação e aparelhos de registro de fatos, das câmeras aos bancos de dados, sejam eles enciclopédias abertas, ou segredos de Estado hackeados, fica mais difícil tanto esconder tanto o que aconteceu no passado quanto o que está sendo feito no presente. De políticos e empresas a maridos e pais, e toda espécie de autoridade ou bandidos que usavam das sombram ou do manto do privilégio do segredo e da sua palavra autoridade contra a palavra das vítimas, e que passaram décadas a cometer e encobrir e falsificar seus crimes e rastros impunemente passaram a se ver confrontados com gravações, registros, dados e provas obtidas não pela construção de narrativas, a especialidade dos demagogos, mas pelo avanço das ciências especialmente as matemática da computação e informação e outras que usaram desses conhecimento para ampliar seus campos de saber.

O que elevou o fronte da propaganda, manipulação, falsificação. na a guerra da informação para outra status de importância estratégica. O de definição da verdade. Já não é mais possível esconder nem monopolizar o saber. Logo o poder está em quem controlar a difusão da qualificação ou desqualificação das narrativas históricas. Uma ferramente que como o segredo e a espionagem sempre esteve presente, mas nunca foi tão determinante no controle de massas que mesmo vendo o que estão vendo, tem que continuar não acreditar no que estão vendo. Da mesma forma que ao se deparar com falsificações grosseiras, que alguns poucos cruzamentos de dados, ou o bem senso, serviria para perceber que é um dado falso, continue acreditando no que veem ainda que tal impressão ou registro não seja coerente ou sequer pare de pé. Em suma elevar a enésima potencia um processo já iniciado através no rádio, ampliado na TV, ou seja começado na era das telecomunicações de e para as massas, imbecilizar as populações. Retirar delas a capacidade de conseguir discernir a realidade sem cair sozinhos em paranóia ou tutelados na cegueira seletiva.

Nisto a perda do patrimônio histórico, não significa problema nenhum para os responsáveis pelo crime de negligência para com ele, os Estados e a União. Vergonha? E Perdas de credibilidade não há? Porque para perder isso é preciso possuir tanto uma como outra e eles sabem que não possuem nenhuma. Tanto melhor que queime. Quanto menos fontes primárias de dados, mas margem de manobra para manipulação e falsificação do passado e do presente. Descaso é uma palavra vazia. A alocação de recursos revela os verdadeiros interesses. Eu posso comprar pão ou cigarro, posso arrumar a instalação da casa, ou comprar jóias. Posso cumprir meu dever ou ir a festa. A escolha tanto da união onde aplica e distribui, recursos quanto do gestor onde uma vez que recebe representam a dimensão da sua responsabilidade.

Entre os estudos perdidos estão 10 anos de pesquisas do projeto. Para quem não sabe ou não se lembra um sargento foi preso por abandonar o seu posto e ir participar da despedida de uma colega, deixando vazar gasolina que resultou no incêndio da base brasileira. O sargento foi preso por sua negligência. Responsáveis e co-responsáveis principalmente nos cargos superiores, incluso civis, o serão? Porque descaso é um termo para sair de fininho. Simplesmente não há como esconder o crime de negligência. E por sinal alguns dos responsáveis já se entregam ao mandar as verbas depois, estupidamente confessam que poderiam tê-lo feito antes.

É importante destacar isso, por que a cultura de vitimização, de autocomplacência é tão arraigada que a autoridade e prepotente acha que incompetência é álibi. não, não é. É desculpa para o dolo, não para a culpa. As vezes não é nem conivência, mas só para não brigar, o brasileiro senta e lava as mãos. Não faço o trabalho, porque não tenho como fazer, mas também não largo o osso, e não enfrento quem impede. Mesmo que um maluco tivesse entrado e tacado fogo, em todo acervo, ainda sim, o crime de negligência estaria configurado, porque um museu, assim como uma escola tem por obrigação ter medidas de prevenção não só acidentes, mas atentados. O pensamento binário fla-flu do brasileiro é facilita criar bodes expiatórios e capitalizar tragédias. O responsabilidade dolosa criminal de A, não absolve a de B.

Fazendo uma amalgama de dizeres que explicam o Brasil, tamanho caos não se improvisa, nem é para amadores. Daí a dificuldade de tantos gringos incluso os que contribuíram para a construção da nossa cultura e amealharam um bom patrimônio com isso, entender como funciona esse caos e eterno subdesenvolvimento tão programado para durar quanto a obsolência das objetos de consumo programa uma torradeira para quebrar. A dificuldade deles de entender e a nossa é claro de explicar e justificar o que até explicável mas jamais justificável.

Volta-me a história que fui aprender sobre o Brasil da boca de um professor japonês muito viajado quando palestrei na Universidade de Tóquio. Na verdade uma anedota que ele aprendeu de um brasileiro falando sobre a diferenças culturais entre Brasil e Japão, na forma de piada é claro. Falavam de políticos, corrupção. E o professor japonês deixou claro para o brasileiro que não se enganasse apesar da austeridade e o Japão também tinha muita corrupção. E o brasileiro lhe contou a seguinte piada. Era mais ou menos assim:

Haviam dois políticos um brasileiro e um japonês e um brasileiro disputando quem era o estadista mais astuto ou esperto na arte de demagogia e corrupção. Em visita ao Japão o governante japonês levou o brasileiro para uma obra monumental. E simplesmente apontou para o bolso e disse 10 por cento. Tempos depois, em visita ao Brasil era a vez do governante brasileiro mostrar sua folha corrida. Levou o Japonês, para um lugar onde não tinha absolutamente nada, e como japonês não estava entendendo o canalha sorriu apontou para o bolso, 100 por cento.

Parece até piada, mas nós sabemos o quanto dela, não é. A moral absurda dessa história não está só na disputa de quem é mais ou menos corrupto, acusação que já escutei a cerca por exemplo do PT, “quem nunca como melado se lambuza, o problema é que eles roubaram demais(!!!)”. Entendi, o problema é que eles passaram da cota. Mas não. Não, não trago essa história para falar dos escrúpulos precários e contabilidades morais seletivas, e honestidades relativas. O absurdo da moral dessa história é outro. É o fato que pode até ser que eles nem embolsassem 100 por cento, mas o entregar nada, prestar contas de nada, fazer propaganda do nada, ou pior fazer propaganda e novamente projetos milionários em cima da tragedia causada pela omissão isso, não é uma anedota, isso é exatamente como funciona a coisa pública e muito da cultura brasileira.

Não é a toa que antes de me contar essa história esse professor visitou o Brasil durante o Congresso Internacional de Renda Básica junto com uma “delegação” japonesa de professores e estudiosos. A esses professores foi apresentados um dilema. Rezava a lenda que haviam então 3 experimentos concretos de renda básica no mundo até, um na Namíbia e dois justamente no Brasil. Um governamental ou não-governamental. O dilema é que eles só tinham dia de janela para conhecer esses projetos no local, e foram convidados para conhecer ambos. Sabiamente esses professores que já deviam conhecer a piada do brasileiro, se dividiram sua delegação em duas. Da visita do estudioso ao projeto não governamental veio o convite para apresentar nossos resultados nas Universidade de Tóquio e Doshicha. Do outro, o governamental. E adivinha o que a delegação encontrou de experiência concreta? Isso mesmo. Palanque, discurso, lei e papel. Gente recebendo dinheiro, nada. E olha que a iniciativa lá nunca foi um engodo, começou com ativista da sociedade sérios. Mas bastou entrar a política no meio e a iniciativa ir para a senda governamental, para que o projeto ficasse no devido lugar que a política mantém tudo que não lhe interessa: na promessa e na lei a ser cumprida no dia que “vampiro doar sangue”.

E talvez, você esteja se perguntando, como eu a época me perguntei e demorei tempo para decifrar esse enigma antes que ele me devorasse. Porque? Porque eles levaram gente séria para conhecer uma experiência que sabidamente não havia saído do papel? A resposta esta na pergunta. Papel. Papel. Papel. O Brasil é um país de papel, atolado em papel, que exige papel, falsifica papel, e que em algum lugar perdeu seu juízo no meio de tanto papel, ao ponto de acreditar que basta assinar decretos, basta produzir papel, basta parecer, produzir dados, inventar nomes, criar peças, teatros, propaganda e lavrar isso em cartório, ou promulgar isso como oficial que o prédio o projeto a ação social para todos os efeitos legais, para gringo ver estão lá.

De tanto achar esperto, ou o que é a mesma coisa, achar que seu povo e todo gringo é otário, o homem de estado brasileiro perdeu a noção do ridículo, perdeu a noção da realidade, perdeu a noção dos próprios limites do que a sua falsificações sustentam e não sustentam. Perderam os limites da lei de Lincoln para manipulação das massas:

Perderam o limite da sanidade. Dados e relatórios falsos, não sustentam o desenvolvimento, projetos e programas sociais, nem instituições que dirá de prédios e edificações que não são conceituas, mas concretas.

Isso deixou de ser falsidade ideológica e estelionato, Isso já é trastorno mental com seríssimos riscos implicações para quem está a merce desses doentes. Isso já é mitomania. E se a população brasileira está disposta a ser o par desta loucura com sua cegueira seletiva. Outros povos e países não.

Quem quer respeito, precisa não só se dar e exigir respeito, mas antes de tudo aprender a respeitar os outros, a começar pela sua inteligência. O brasileiro usa das diferenças culturais para bancar o esperto, achando que está engando todo mundo. Não se engane nenhum nação é uma ilha, e a nacionalidade de uma pessoa é como um sobrenome, uma benção ou maldição que você já joga na criança quando ela nasce. Ou se você dúvida, faça a seguinte experiencia mental, imagine o político que você mais odeia ou despreza, agora se imagine como filho dele, carregando para o resto da vida essa marca, com um monte de gente sentindo por você, o que você sente ao ouvir esse nome. A nacionalidade ligando ou não você para ela, é a mesma coisa. Você, não fez nada, forem eles, mas quem carrega as marcas (e as dívidas) pelos atos dos seus governantes é você. Há duas soluções para isso: uma é trocar de nacionalidade e sair do pais. A outra é trocar de governo e mudar o pais.

E não, não estou acusando ninguém que saia para dar um futuro melhor para seus filhos. Muito pelo contrário. Faz bem quem pode. E quem não pode se sacode. Porque pertence aos adultos a decisão de querem ou não fazer da sua vida uma luta. As crianças merecem a melhor formação possível. Ou o quê? Que pais que podem dar um futuro melhor para o seu filho, vai condená-lo a ter o seu roubado. Que pais ao ouvir que o filho quer ser cientista, artista, professor no Brasil criaria ele aqui se pudesse (ou houvesse) um lugar para eles no mundo onde pudessem ser tratado com mais respeito, dignidade, mesmo sendo estrangeiros ou naturalizado?

Talvez até haja para os mais ricos entre os brasileiros, desde é claro a crise e consequentemente a xenofobia não aumente ainda mais. Mas quanto a maioria dos brasileiros, isso não é uma opção, come-se o que tem, trabalha-se no pode, se tiver trabalho e se tiver comida. Vocação, continua a ser um luxo, para quem pode fugir desse campo de trabalhos forçados e extração de matérias primas, a província Brasil.

E assim como a maioria da população não tem sequer ciência do patrimônio e renda que lhe é direito e que são roubados e dilapidados, também não tem a menor consciência de que sua condição não é propriamente o produto do livre arbítrio, mas um conjunto de cartas marcadas, não raro marcada por perdas irreparáveis a serem mais uma vez substituídas por réplicas, representações, as falsificações legais e homologadas.

Hoje mais do que nunca o brasileiro de classe média sabe como sente o brasileiro miserável, sem casa, sem herança, sem patrimônio que tudo que ele constrói ele precisas construir do nada, como se tivesse vindo ontem das cavernas, para chegar amanhã nas universidades. Hoje ele sabe, o que é uma correr uma corrida. E talvez, e bota talvez nisso, entenda, finalmente como sente aquele pai e mãe, que eu não ouvi falar, eu estava lá, eu vi, quando o filho falou que gostaria de ser médico, vi nos seus olhos o que é um pedido, um sonho de um filho que ele sabe que jamais terá condições de bancar. Vi ele fingindo força, e dizendo é por isso que tem que estudar, mesmo sabendo que que renda básica de poucos reais já fazia uma diferença enorme junto com o salário de fome que recebia não bastava só o menino estudar. Algo mais precisa mudar. Um milagre precisava acontecer.

Hoje, enquanto o museu queima sabemos que nossos filhos não serão astronautas, não serão cientistas, não serão pesquisadores, não serão “doutores”, e se conseguirem correrão o risco de ver trabalhos de uma vida queimar por causa da negligência, imcompetencia de vagabundos e omissão de todos nós. E que eles deêm graças a deus, porque esses deram sorte na vida, há os que vai morrer na bala, em serviço, indo pro serviço, sem serviço, procurando qualquer serviço, ou descançando de um serviço que nunca sonharam nem quiseram fazer. E esses também tem que se considerar por pessoas de sorte, porque ainda há os que não chegarão a idade adulta.

Mas não esquenta sabemos disso, hoje, amanhã já não. É como disse o diretor daquele outro museu que pegou fogo, qual era mesmo o museu? Da Língua Portuguesa? Perái, me dá um tempinho que já já eu esqueço.

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Marcus Brancaglione
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