A feia do banhado
Estou visível, mas você não me vê.
Sou o obstáculo formado pelo corpo graveto –
pequena, manchada, escura, sombria…
E aquela que brota, torta, líber,
sobrevivendo aos sul-fatos e ao peso dos dias.
Sou lei e lama — a vida (de)composta, floema,
e quem defende as sementes membradas
lançando caules e raízes ao ar.
Eu sou aquela que respira por todas (nós)!
A mãe em solo instável e a simbiose –
o riso afora, a pneumo aflora, o mangue-beat!
A favela botânica
e a margem afro-latina do Atlântico
encontrando o braço nigredo do rio.
Mas você não compreende a união dos nichos,
como flores apontam no apicum,
como se supera, canoa, a corrente salobra.
Eu sou o trato das manhas e minas.
Eu sei porque sou a folha sã e a casca-grossa,
e eu sou quem fez crescer as irmãs.