Meias-palavras
Que a vida é regida pelos contratempos, é sim.
Tão depressa a maneira numa questão de mínimos segundos, meus olhos recorrem aos olhos dela, e o coração escuta o silêncio, no silêncio ela. Por este ângulo, os astros caem, laceiam o lençol, as evidências. E eu nunca mais soube como, mas como aprumar o imprevisto. Os búzios se calam.
Lasca o sentido, mastigando o mundo no estômago. As palavras sem traduções para explicar a invenção duma linguagem azul, essa frase miúda faz gritar o amor é no pretérito. E não acho justo o ilícito. Esculpe o estrago por dentro descaminhado de volta pra mim.
As miragens súbitas construindo um futuro de prosa, verde e quintal. É rede que vai cortando a tarde de domingo regado de morno e canta reconforto a rede que vem. Ela é o lapso, me espanta, entrelinha e mistério. O quarto misturado de solidão e ausência.
Agora vejo se, abro uma brecha que pinta sorriso frouxo. Faz escuro na divisa da esperança e da lua.
Desatam as estruturas, a solidez e os pés. A próxima sentença adivinha o precipício que não acaba mais: o tempo desconjuntado atravessa o espaço de ver rasgando a realidade, e para. Se há uma parte tangível ou viajo longe, desse ponto, a razão enturva, difícil de forma.
Nisso concordo até, mas vai saber. Dizem que o destino pertence ao deus-dará, quem sou eu, deve que é, predestinado por acaso ao caso. Dizem tantas coisas e nadas.
De que servem os sonhos, os delírios, os absurdos, as esperas. E o amor, tão inútil.