Que fazer?

Marília Duka
Maria do Ingá
Published in
1 min readSep 21, 2020
La Chinoise (1967), Godard

A minha pele
A minha cor
A minha vida
Logo cedo aprendemos
Que do nada
nem pouco fica.

O meu amor
O meu corpo
O meu sentir
Desde sempre nos reprimem
Subtraindo o básico
direito de existir.

A minha memória
Os meus dias
A minha história
Brutalmente apagados
com o falso pretexto de
ser uma prática transitória.

Os meus pensamentos
Os meus desejos
Os meus planos
Ora nos privam de sonhar
Ora nos iludem com esperança
mais um, de tantos outros enganos.

A minha voz,
Essa solidão atroz,
O meu medo
que compõem esse enredo
São palavras ao vento, mas
que em tempos de indigência
gritam:
Resistência!

E depois de tanto resistir
o que fazer? Como agir?
Retomemos, em coro,
o refrão universal:

“Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A internacional”.

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