Vociferar entre dentes

Gabriel Dominato
Maria do Ingá
Published in
1 min readMar 21, 2021
Detalhe da pintura “The Garden of Death” de Hugo Simberg (1896).

Vociferar entre dentes meio
Lascados pelo tempo
Contra o complô dos bastardos
A ópera assassina dos covardes
Um vulcão em magma me
Sobe a garganta uma fúria
Que se espanta de não ser maior
Pensar ao redor de um panteão
De déspotas que pensam com
Intestinos cheios de restos
Dos cadáveres devorados depois
De muito mastigar com dentes
Cinzas e língua lodosa como
Líquido estagnado no Lethe
Ou leite azedo que escorre
Por vielas ou mesmo o sangue
Pensar frente o monte de
Lobisomens e vampiros
Vociferar cheio de som e fúria
Como idiotas antigos e parecer
Não significar nada para os
Carcinomas de braços e pernas
Que agem com os intestinos
Que sentem com o pus do
Estômago podre de seus
Caviares feitos de fetos
Como os dentes
Fétidos de reis boçais
E todos seus bobos da corte
Que aplaudem a mão pálida e
Branca que atira o último
Punhado de terra
Sobre seus caixões.

--

--