Coca Cola e a nossa sede de talentos

Charles Cruz
Marketing Consciente
3 min readApr 25, 2018

Felipe Goettems — Empreendedor, coach e sócio proprietário da consultoria de Brand Impact BeGood

O assunto é quase clichê, eu sei, mas tira meu sono. Cada vez mais os consumidores procuram se relacionar com marcas que estejam comprometidas com causas sociais ou ambientais. — Uma recente pesquisa global online da Nielsen constatou que, 66% dos entrevistados dizem estarem dispostos a pagar mais por produtos e serviços que vêm de empresas que estão comprometidas com um impacto social.

Sei que você não está interessado no que anda tirando o meu sono, mesmo assim aí vai minha provocação: onde deve começar e terminar este comprometimento social ou ambiental? Isso deve ser algo que as marcas fazem em paralelo às suas demais estratégias de marketing e comunicação ou isso deve realmente estar no “core”da marca?

Comecei a me perguntar isso quando vi a campanha da Coca-cola https://www.cocacolafm.com.br/. Pô, grandes anunciantes têm em suas mãos inúmeros canais de comunicação, uma vez que usam estes meios para divulgar seus produtos, serviços, promoções, etc. Será que não poderiam usar este esforço de comunicação para fazer algo mais relevante, do ponto de vista social e cultural?

É notório que a cultura musical brasileira não vai bem. Será que estamos promovendo e consumindo música de qualidade? E nossos artistas, possuem talento ou são um produto?

Não quero generalizar, nem julgar os nomes selecionados pela promoção em questão, mas me parece que focar somente em celebridades POP, em artistas de massa, exclui muita gente boa, com isso, perdemos um aspecto importante; a diversidade, justamente o que está faltando na cena atual.

Me pergunto onde estão os novos Cazuza, Renato Russo, Caetano, Cassia Eller, Elis, Noel Rosa, Edu Lobo, Vinicius de Moraes, etc.

Não tenho dúvidas que a Coca-cola deve estar vendendo mais refrigerante, mas se trata somente disso? Será que a mesma promoção não poderia ser feito de forma diferente?

Sei que todos os “artistas” escolhidos possuem zilhões de seguidores no instagran, mas também tenho certeza que, se a direção da Coca pensasse sobre o impacto deste tipo de ação, poderia desenvolver algo novo.

Se grandes marcas tivessem este compromisso realmente genuíno, já seria um começo. Claro, é mais fácil e simples usar quem já está na “moda”, quem já aconteceu, mas se pensarmos assim, vamos acabar de enterrar nossa cultura.

Não quero crucificar a Coca, não foi ela que começou isso, o furo é mais embaixo. No entanto, eu realmente acho que todos nós temos a responsabilidade de agir em prol de uma sociedade melhor em todos os aspectos, e quando digo todos, coloco as grande marcas neste “bolo”.

Porque não assumir esta responsabilidade? Porque não usar as verbas de comunicação para fazer mais do que vender? Acredito que é possível vender mais fazendo o bem, gerando impacto. Pode dar mais trabalho, mas a recompensa é muito maior, afinal, mais do que promover produtos, devemos promover o ser humano.

A Coca não é para todos? Então, Coca, eu sou fã de Coca-cola zero, mas não escuto nenhum destes artistas. Além disso, estou sedento para conhecer os novos talentos da música brasileira que estão escondidos por aí.

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