Malu Paulino
Masters of Learning
4 min readNov 17, 2020

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SOLO IO: EMPREENDENDO A MIM MESMA.

Ao final do Masters Of Learning, minha entrega após a jornada de autoaprendizagem, intitulada de Solo Io, não era exatamente a proposta de um programa para responder a minha pergunta - Como me libertar das amarras, me desprender, para pôr em prática minha vivência e conhecimentos, criando uma experiência de aprendizagem diferenciada em gestão de carreiras? - mas sim como este nome apareceu pra mim na busca do desafio de empreender a mim mesma. E é este desafio que quero compartilhar com o mundo. Assim como eu, muitos profissionais, vivem, viveram ou viverão este chamado para a autonomia, independência e protagonismo em suas trajetórias profissionais.

Percebo que ainda estou em processo, mas somente consegui compreendê-lo, vivenciando o meu percurso de aprendizagem tal como descrito pelo Círculo de Desconhecimento, proposto por Yacoov Hecht (2017) e exposto abaixo.

O autor propõe o aprendizado como um processo em espiral, portanto, multidirecional. Uma direção se move do desconhecimento para o conhecimento chamada de “jornada de crescimento construtiva”, e outra, se move do conhecimento para o desconhecimento, chamada de “jornada desconstrutiva do conhecimento”. Tanto a construção, quanto a desconstrução, são muito importantes para a jornada de crescimento pessoal do aprendiz. E, na pandemia, foi a jornada desconstrutiva que vivi intensamente.

Iniciei meu círculo de desconhecimento na área de conhecimento, área que, segundo Hecht (2017), o aprendiz vivencia um sentimento de realização e satisfação pessoal como o fim de uma jornada árdua, deixando de se lançar a outros aprendizados. Tende a se ver enveredado pelas armadilhas da arrogância, com o ego inflado sentindo que nada mais pode ser relevante, e da segurança, conforto alcançado em razão do domínio sobre determinada área , ou mesmo, admiração, respeito e posição atingida. Segundo Hecht (2017, p. 99): “A“ armadilha da segurança ”prende o estudante na“ área de força ”(o seu sucesso), que deixa de ser sua área de crescimento”. Antes da pandemia era assim que me sentia: realizada, satisfeita e segura com o trabalho que realizava, atuando em duas instituições com docência, instrutoria, consultoria e coaching e um projeto de aposentadoria, permanecendo somente nas instituições que atuava. Jamais,passava pela minha cabeça um novo aprendizado ou caminho novo a ser trilhado.

Com a pandemia, fui atropelada pela digitalização de todas as relações de trabalho que mantinha com as instituições. Todo o meu suposto saber, conforto e projeto, começaram a ruir com as rachaduras que apareceram, resultantes da abrupta mudança de contexto. Ingressei na área da dúvida e, literalmente, murchando. Como cita Hecht (2017, p.99): “O estudante precisa abrir mão das descobertas do passado e transicionar para um estado de atenção. O que é exigido nesta etapa é a coragem para ouvir às vozes das dúvidas e a desafiar o que é auto evidente ”. Mesmo com sentimentos de raiva e desconfiança, percebi a necessidade de ingressar em outra jornada de aprendizagem, o da transformação digital e da independência.

Com coragem, crédito em minhas próprias competências e forças internas, me permiti perder o controle, acreditando que meu processo iria me levar a novas descobertas. Ingressei no MOL (Masters Of Learning) e comecei a estudar as plataformas de comunicação e ferramentas digitais, vendo-me na área do desconhecimento. Área, que segundo Hecht (2017), é de caos na vida, já que toda a visão do mundo anterior cai por terra e ocorre a morte do velho. Fui tomada por sentimentos de desamparo, solidão, negação, tentativa de evasão e paralisia. Para o autor esses sentimentos se constituem em armadilhas que podem resultar em dependência de fatores externos e travamento, mas que, por outro lado, superá-los e passar pela transição das áreas é muito importante, porque “elas representam uma garantia de renovação e criação pessoal que está diretamente conectada à personalidade única do indivíduo ” (HECHT, 2017, p. 101).

Foi então, que a expressão Solo Io surgiu em mim. Dali para adiante, seria só eu, seria só comigo e o desafio de empreender a mim mesma surgiu como uma descoberta para criar minhas próprias oportunidades, deixando de ser vítima das mudanças. E o CEP + R - método de fontes de aprendizagem proposto por Alex Bretas e Conrado Schlochauer, composto por conteúdo, experiências, pessoas e redes - foi fundamental para o ingresso na área de descoberta. Me permitiu, por meio das pessoas da comunidade do MOL, a entrar em contato com meus “monstros internos” como a dependência, a procrastinação e os meus traços de caráter oral e rígido. Por outro lado, me possibilitou acima de tudo, entender e aprender a acolher minha vulnerabilidade. Acolhimento este que foi um ato de coragem, de libertação e assunção do meu protagonismo na vida e na minha trajetória profissional. O empreender a mim mesma deixou de ser uma necessidade e passou a ser um movimento natural, meu fluxo, convergindo com que o autor cita sobre o ingresso na área de descoberta:

“Esta é uma etapa em que várias partes do quebra-cabeça se reúnem para formar uma nova imagem. Nela, o estudante não precisa mais de apoio externo, porque suas energias estão no auge. Ele desfruta de um sentimento de completude e satisfação, vivenciando ao máximo as experiências significativas de seu aprendizado. O estudante entra em estados frequentes de fluxo e tem um sentimento forte de que está descobrindo novos mundos quase todo dia”(HECHT, 2017, p. 102).

E assim, o Solo Io está germinando e visa oportunizar a outros profissionais a vivência do processo por qual eu passei e acredito: a autodireção na aprendizagem para construção de uma carreira autodirigida em que a consciência acerca do propósito, a independência, a autonomia e o protagonismo se fazem imprescindíveis para um trabalho significativo, bem sucedido e auto realizador.

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Referência: HECHT, Y. Educação democrática: o começo de uma história. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.

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