CRÍTICA | MARVEL: THE DEFENDERS

Carolina Rodriguez
Matérias Geek
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4 min readJan 9, 2020

“Se juntos já causam, imagine juntos”, é o que propõe a nova série da Marvel The Defenders, em parceria com a Netflix. A reunião de quatro super-heróis, que por si só já não são muito convencionais, tem um resultado explosivo para ninguém botar defeito.

Uma semana após os acontecimentos de suas séries solo, Demolidor (Charlie Cox), Jessica Jones (Krysten Ritter), Luke Cage (Mike Colter) e Punho de Ferro (Finn Jones), acabam se esbarrando nas ruas de New York para deter um inimigo em comum: o Tentáculo.

Trata-se de uma organização criminosa de porte internacional, que visa poder acima de tudo. Entretanto, o buraco é mais embaixo. Seus membros são praticantes de magia oculta e servem a um demônio lendário conhecido como A Besta. A partir de seus ossos, fabricam uma substância capaz de ressuscitar e reprogramar pessoas, dando-lhes uma vida nova — sem lembranças antigas, moldando-se à necessidade de seus mestres.

Infiltram-se na política, no tráfico, na polícia e outros. Estão em todos os lugares e os membros da alta cúpula já viveram séculos. O que isso tem a ver com os quatro defensores, afinal? Bem, os ossos d’A Besta foram selados para sempre por K’un-Lun, atrás de uma porta que pode ser aberta somente por aquele que manejar o Punho de Ferro.

Perseguindo qualquer um que entrar em seu caminho, acabam chamando a atenção dos quatro heróis. Não são amigos, não são uma equipe. Apenas possuem um inimigo em comum.

A série tem um ritmo acelerado e poucos episódios, o que torna fácil de ver. A química entre os atores principais é instantânea, nos fazendo vibrar com as situações em que as duplas dinâmicas dos quadrinhos dividem juntas.

Cada herói já tem seu background mostrado em suas séries solo, de modo que o foco não é em suas explicações e passados. Os vilões também já são figurinhas carimbadas, mas não menos especiais. O desenvolvimento dos personagens vem de forma rápida, mas suave.

Sem dúvida, o Demolidor é o que ganha mais destaque emocional por conta da morte de sua ex-namorada, Elektra, que retorna como Céu Negro para se juntar ao Tentáculo. Dividido entre os dois amores de sua vida, — sua cidade e Elektra — o dilema que enfrenta é mais profundo do que dos outros e Charlie consegue fazer isso muito bem.

Já Luke Cage acaba de sair da cadeia e tenta encontrar seu lugar no mundo. Ele procura estabilidade e segurança, mas é uma característica do personagem fazer o que é certo, mesmo que corra risco de ser preso novamente.

Por outro lado, Punho de Ferro continua em sua busca pelo Tentáculo e os segue até a cidade que nunca dorme. Treinado para esse objetivo, é o primeiro a aceitar a parceria com os demais após ser convencido por sua namorada, Colleen, que merece destaque por atuação e desenvolvimento da personagem.

A última e também muito bem explorada é Jessica Jones, que reluta em ser parte de um “time”. Acostumada a trabalhar sozinha e não gostar de pedir ajuda, deixa isso bem claro em cada fala. Jessica está perto de retornar para sua vida de investigadora profissional, por mais que queira ficar longe de encrencas. Marcada como o alívio cômico por seu sarcasmo, Krysten Ritten não decepciona e age com naturalidade na pele da investigadora.

Um momento especial é quando todos os sidekicks dos principais se juntam numa mesma sala, universos colidindo e um compreendendo a dor do outro em relação ao seu herói. Três deles tiveram uma participação intensa e papel fundamental na luta contra o Tentáculo. Colleen, Misty e Claire não possuem “poderes” como os outros, mas suas habilidades são tão especiais e necessárias quanto a dos outros.

A ninja Elektra deve ser mencionada por conta de seu arco parecido com o dos quadrinhos. A atriz Élodie Yung trás a intensidade e fúria da personagem, se assemelhando com a original. O traje também remete ao das publicações, fazendo a composição da grega mais completa.

Talvez um dos pontos fracos encontrados seja a dificuldade de acompanhar a trama quem não assistiu as outras quatro séries solos dos defensores. Há muitas referências e, apesar do foco ser em eventos futuros, quem não assistiu as outras sentirá falta de explicações. Nem todas as pontas foram amarradas, exatamente por ter um ritmo rápido — diferente do arrastado como as séries originais — e espera-se que isso se resolva na próxima temporada.

Definitivamente esperando por uma segunda.

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Carolina Rodriguez
Matérias Geek

28 anos, jornalista e técnica de museologia. Música e escritora de ficção nas horas vagas.