O que fiz em duas semanas como líder de engenharia
Fala galera, tudo bom com vocês? Espero que todos estejam bem fisicamente e mentalmente também.
Para quem não sabe, assumi a gestão de engenharia da Matchbox Brasil, uma startup HR Tech focada em resolver os problemas de RH e melhorar a experiência da jornada do talento. Estamos trabalhando bastante no que chamamos de marca empregadora e marketing de recrutamento, uma etapa anterior a aplicação ou postagem da vaga, entendemos que o talento para se inscrever em uma vaga é consequência de seu relacionamento com a empresa.
Temos um baita desafio pela frente tanto em relação a educação de mercado e aos negócios como também a tecnologia, se você quiser conhecer um pouco mais sobre o assunto e as buzzwords de uma HR Tech, dá uma olhada no nosso blog e no canal do youtube.
Hoje vou tentar apresentar como foram meus primeiros dias e mostrar um pouco do que estou planejando fazer, para ajudar quem pode vir a assumir uma liderança semelhante.
Antes de entrar e iniciar tenha certeza que eu estava cagado de medo, não era como em outras vezes, mas rolou uma preocupação interna diferente e interessante dessa vez, não fiquei tão ansioso e querendo ler tudo sobre como fazer, agir e falar, aquelas auto ajudas de como ser um robô, mas tentei planejar melhor algumas pequenas ações que poderiam fazer a diferença nesse início. Contei também com algumas mentorias pontuais que estão agregando muito valor nessa nova jornada.
Minha primeira semana de trabalho se iniciou e claro tivemos algumas reuniões de onboarding e apresentações dos times. Logo de cara tivemos uma reunião semanal na segunda pela manhã, com todas as áreas da empresa, onde cada líder falou sobre a semana anterior e os próximos passos com muita energia e alto astral. Podem ter certeza que me ganharam no primeiro dia com toda a diversidade e empolgação de vocês, me cativaram.
Time
Uma coisa que talvez seja meio clichê, mas que muitos ainda descartam ou não dão atenção, é em relação ao seu time. Tratar cada um com o devido valor, mostrar preocupação com o papel dele dentro do time e dar direcionamento de carreira.
Meu time é meu maior patrimônio, sem ele eu como líder não entrego nada.
Uma das primeiras atitudes foi marcar os 1:1 ‘s (reuniões individuais), e a partir de agora vamos falar um pouco sobre carreira, conhecê-los melhor e entender o momento de cada um, se precisam de mais ou menos ajuda e claro deixar um canal aberto entre eles e eu.
Pode parecer comum, mas muitas vezes encontramos um ambiente inseguro ou líderes omissos que não dão atenção as pessoas e à saúde do time.
É interessante conhecer seus liderados, só assim você poderá casar o que ele deseja com as oportunidades que aparecem pela frente. Tente ajudá-lo em todos os sentidos da vida, pessoal e profissional.
O seu liderado precisa entender que existe um ciclo de compensação (desenvolvimento, performance e reconhecimento), como as coisas vão funcionar e alinhar as expectativas, você não pode cobrá-lo sem ao menos uma vez falar o que você irá exigir dele.
E não é correto mandá-lo embora sem ao menos ter dado algumas oportunidades e feedbacks sobre sua atuação.
Escala
No decorrer da semana fui me inteirando sobre o produto, conhecendo melhor cada funcionalidade e também fui marcando algumas reuniões para entender como estava a arquitetura e infraestrutura cloud.
Essas reuniões iniciais com o time são sensacionais, geralmente os desenvolvedores já soltam o verbo sobre as partes em que mais sentem necessidade de mudança e preocupação. E foi exatamente o que aconteceu.
No geral consegui identificar alguns pontos de melhoria, mas o diagnóstico ainda não foi muito conclusivo, porque falta observabilidade e dados de monitoramento.
Quando não há um direcionamento claro de engenharia, o time de desenvolvedores irá focar muito nas funcionalidades do produto e acaba deixando de lado pontos fundamentais para a escala.
Um fato interessante que conseguimos identificar de primeira foram as limitações de escrita e leitura do banco de dados, a partir daí configuramos algumas limitações em nossas filas de processamento, ainda sem entender realmente quais os números ideais, mas por hora já é um sinal de alerta para nós e que conseguimos tomar alguma ação de imediato.
É importante nesse momento, elogiar também o que encontrar de positivo, teve muita coisa bacana e muito bem feita que identifiquei e trouxe pro time.
“Yes, we can!”
Como líder é interessante identificar uma entrega de valor ou redução de custos nos primeiros dias de trabalho, como geralmente fazem os presidentes americanos.
Ter um objetivo claro a curto prazo pode direcionar seus esforços nesse início de trabalho e fazer com que ganhe visibilidade na empresa, em algo que talvez eles estejam patinando ou há muito tempo querendo que seja entregue.
Na Matchbox utilizamos a metodologia OKR com entregas trimestrais. Como eu cheguei em maio, as metas desse trimestre já estavam definidas. O mais interessante de termos metas mais curtas são os check-ins mais próximos e mudanças constantes de objetivos que geralmente acontecem em qualquer empresa, mas é mais comum nas startups e negócios com alto risco.
A dica principal aqui é ter alianças, principalmente com seu par de produto ou product manager, e fundamentalmente com o time de desenvolvedores que fará a entrega e combinar algo que faça sentido no momento e que tenha um impacto relevante para o sucesso do produto.
“I have a dream”
Outra dica fundamental para quem é um líder novato, é seu papel em conjunto com o RH ou área de talentos, isso nada tem haver com o flerte de demissão (risos).
Hoje os profissionais da área de tecnologia são os mais concorridos do mercado de trabalho, falta mão de obra qualificada e as empresas estão concorrendo não só no âmbito nacional, mas o trabalho remoto e a pandemia, intensificaram o interesse de empresas estrangeiras por trabalho remoto fora do país ou até mesmo uma mudança total de vida por parte dos profissionais.
Muitos estão dizendo que o Brasil é a nova Índia da tecnologia, a desvalorização do real em relação ao dólar fez com que muitas empresas mostrassem maior interesse em profissionais do Brasil.
Isso faz com que aumente muito a busca por profissionais e o valor pago a eles, estamos literalmente vivendo uma bolha tecnológica.
Dito isso, seu papel com o RH é fundamental, além de parceiro, vocês devem fazer ações em conjunto, em relação a cultura, contratação, onboarding, desenvolvimento e reconhecimentos, como em todo o ciclo de vida de um profissional dentro da sua empresa.
Uma lição de casa que fiz foi identificar as reais necessidades de novas contratações no time, trazer as pessoas certas no momento certo é vital pra seu sucesso. Também entender o que precisa ser feito para o time escalar e aqui realmente é algo desafiador.
Fazer produtos escaláveis talvez já não seja um desafio em sua carreira, mas escalar um time de desenvolvedores ainda é um sonho pra mim e foi até um dos motivos que me trouxeram até aqui, criar um ambiente inovador, processos ágeis que deem autonomia e flexibilidade, fazendo com que novos integrantes entrem e se adaptem rapidamente ao nosso contexto.
Conclusão
Não existe receita de bolo, não considero que tive sucesso até agora, foram apenas 15 dias a frente de um time sensacional, e trabalhando em conjunto com muitas pessoas incríveis em um ambiente super diverso.
Quando me despedi da Resultados Digitais não pedi sorte aos meus colegas, sorte só se dá a quem não se prepara, mas a real é que até agora tive muita sorte em encontrar esse pessoal e parabéns por criarem um lugar seguro de se trabalhar.
Em breve espero contar mais sobre os próximos passos que darei a frente da engenharia da Matchbox!
Não podia terminar esse texto e deixar de dar uma força pro RH da firma que me incentivou a escrever essa experiência e compartilhar o link com nossas vagas!
