O que necropolítica tem a ver com a pandemia e com falas de Bolsonaro

Mateus Araújo
MATEUS ARAÚJO
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1 min readApr 5, 2020
Cemitério de Perus, em São Paulo, onde foram encontradas ossadas de presos políticos da ditadura militar. Imagem: Folhapress

Mateus Araújo
Colaboração para o TAB
03/04/2020

Na Itália, o aumento exponencial de casos de covid-19 levou os médicos a escolherem salvar aqueles com “maior chance de sobreviver”, entre os milhares de pacientes que lotam os leitos dos hospitais, seguindo orientação das autoridades do país. No Brasil, na semana passada, em entrevista a um programa de TV, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) relativizou a situação em que vivemos: “Alguns vão morrer? Vão morrer. Lamento, é a vida. Não pode parar uma fábrica de automóveis porque tem mortes no trânsito”, disse.

Em ambas as situações, fazer viver e deixar morrer — ou definir que vai sobreviver e quem vai morrer — faz parte de um conjunto de políticas de controle social através da morte: a chamada necropolítica, como define o conceito do filósofo camaronês Achille Mbembe.

Professor da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, Mbembe cunhou o termo em 2003, em estudo sobre “mundos de mortes” da sociedade contemporânea, na qual “vastas populações são submetidas a condições de vida que lhes conferem o estatuto de ‘mortos-vivos’”, escreve. O poder, explica o autor, se materializa pela “expressão da morte”.

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Mateus Araújo
MATEUS ARAÚJO

Jornalista. Repórter do TAB UOL. Mestre em Artes pela Unesp e membro da Associação Internacional de Críticos de Teatro