Ciro Gomes: “Nem o adversário mais agressivo me acusa de responder um inquérito”

Matheus de Moura
Matheus de Moura
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14 min readJun 13, 2016

Originally published at medium.com on June 13, 2016.

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Cotidiano UFSC: Matheus Vieira & Giulia Gaia; Jornal Zero: Matheus Alves; TJ UFSC: Joelson Cardoso & Vitor Sabbi; Fotos: Eduarda Hillebrandt

A palestra do Ciro Gomes sobre as possíveis soluções para a crise político-econômica do Brasil contou com a presença de aproximadamente dois mil espectadores, que se enfileiraram frente ao Centro de Cultura e Eventos pelo menos uma hora e meia antes do marcado (20h) Ciro seguiu do início ao fim da fila abraçando e tirando selfies com todos que a ele solicitavam. A palestra aconteceu na UFSC, sexta feira (10), durou em torno de uma hora e foi sucedida por debates levantados tanto pelo político, quanto pelos espectadores. O evento foi promovido pelos Centro Acadêmico de Engenharia de Produção (CALIPRO) e de Economia (CALE).

Economista, duas vezes ministro — da Fazenda e depois da Integração Nacional -, governador do Ceará, prefeito de Fortaleza, deputado estadual e candidato à presidência; a carreira política de Ciro Gomes é cheia e marcada por mudanças de partido. A passagem por Florianópolis foi breve mas ocupada, com compromissos partidários e acadêmicos. Ovacionado pela plateia, demonstrou surpresa com a recepção “É uma sexta-feira a noite, frio e esse povo todo reunido pra ouvir político falar”.

Antes da palestra, Ciro concedeu entrevista ao Cotidiano, Zero e TJ UFSC sobre o cenário atual e seu retorno a militância política. Confira a primeira parte da entrevista, aqui.

Cotidiano (M.V.) Por que você se filiou ao PDT?

Minha vida partidária é meio trágica, mas eu tenho uma proximidade com esse campo de centro- esquerda, que é minha linha de coerência e trabalho da vida inteira. A última eleição que eu disputei foi há dez anos. Me aborreci muito com algumas coisas que ficaram explosivamente públicas: a incoerência da aliança do PT com o PMDB, o cimento da corrupção… Por tudo isso, resolvi tentar me afastar da política. Mas, o PDT já me apoiou à presidência da república, o Brizola foi meu colega. Quer dizer, eu tive o privilégio de ser colega dele. Os companheiros do PDT e o Manoel Dias, que coordenou minha campanha à presidência república, me convidaram. Nessa hora que o Brasil vê sua democracia ser mutilada e destruída pela corrupção, eu achei que era minha obrigação me reunir com eles e voltar pra luta, que é onde estou agora.

Cotidiano (M.V.) Você já fez alianças com o PDS e com o PMDB, que são partidos de direita. Como funcionou?

Na verdade, eu começo com meu pai prefeito no interior do Ceará, uma cidade pequena que não tinha MDB. Só tinha três sublegendas do PDS. Na eleição de 1972 — que foi minha primeira — foi determinado um pacote que vinculava a eleição de governador e verador. Era o que nós podíamos fazer para ter condições de se eleger. Não é o meu melhor momento, mas eu tinha 24 anos. Aceitei me filiar muito contra gosto. Como protesto votamos o que chamavamos “voto camarão”: não votar para governador e senador, preservar só a chapa para prefeito, deputado estadual e federal e verador. Funcionou na minha cidade. O voto camarão ganhou a eleição e eu assim que cheguei fui ao PMDB, que era oposição na época. Confesso pra você que eu passei mais vergonha no PMDB que no PDS.

Cotidiano (M.V.) Você se vê como esquerda?

Vocês jornalistas que devem classificar. Eu tenho compromisso com um projeto nacional de desenvolvimento que tem basicamente três tarefas: afirmar a soberania do Brasil internacionalmente, promover o desenvolvimento da nossa economia, e a mais grave, mais importante, meu imperativo moral enquanto eu estiver na vida pública: superar a desigualdade. O trabalhismo tem basicamente estes três grandes vetores: o desenvolvimento, a soberania nacional e a superação da miséria.

Zero (M.A.) Você planeja uma candidatura a presidência em 2018. O que você acha que deveria acontecer para que uma vitória seja possível?

É razoável que o jornalismo veja o meu esforço e minha militância como uma pré-candidatura. Mas eu vou pensar dez vezes antes de ser candidato. A candidatura de alguém que pensa como eu, diz o que eu digo, com a história e os confrontos que eu tenho, exige atitude quase inumana. Não sei se estou afim de passar por essa experiência que já conheço, pois fui candidato duas vezes. Nesse momento, minha militância não tem reservas. Estou trabalhando arduamente, 24 horas por dia, porque estou vendo a democracia brasileira ir para o vinagre, o essencial dos interesses nacionais serem alienados ao estrangeiro, e se armar contra o povo brasileiro uma saravada de subtrações de conquistas que configuram claramente um golpe de estado. Eu quero dar o que eu tiver, sem nenhum tipo de conveniência ou oportunismo, para que isso se reverta. Se amanhã a gente perder, talvez eu seja candidato. Se a gente ganhar, salvar a democracia, a presidenta Dilma voltar e convocar novas eleições ou consertar o Brasil, talvez eu não precise ser candidato. Cada dia com sua agonia, agora é preciso lutar pelo Brasil.

Zero (M.A.) Por que existiria uma hostilidade para uma candidatura sua?

Eu ajudei a fazer o real, fui um dos fundadores do PSDB. Aquilo foi um principio de conversa para a gente acabar a inflação, estabilizar a economia e fazer um conjunto de mudanças estratégicas que o país precisa. FHC deu uma rasteira em todo mundo. Traiu esse compromisso solene. Usou a popularidade fácil da estabilização para criar um programa de privatização, caracterizado pela alienação ao estrangeiro, pela fraude e pela corrupção. Eu rompi, fui aos EUA, a escola de Harvard, virei um pretenso intelectual, escrevi livros. Voltei ao Brasil e me filiei ao PPS que tinha dois deputados. Quem se filia a um partido com dois deputados não está pensando em ser candidato viável a nada. Fui à luta para tentar construir um caminho, e fui candidato a presidente. Apoiei o Lula (2002) no segundo turno, e ele me convocou para ser ministro e eu ajudei como podia. Na sequência, eles jogam fora todo um histórico de valores, se atracam com o PMDB e retalham a administração pública brasileira com esse magote de ladrão. Eu me afasto. Então já dei minha contribuição. Amanhã, se eu achar que meu país precisa, não serei eu quem vou decidir, o PDT vai resolver.

Cotidiano (M.V.) Quais as diferenças do cenário político das suas primeiras candidaturas (1998, 2002) para agora?

O Brasil mudou muito. Estou muito mais maduro. Em 98, eu completei 40 anos. Na segunda candidatura, em 2002, quando me vi na iminência de poder ganhar a eleição contra o PT e o PSDB, eu achei que não era responsável assumir e ser sabotado. Hoje eu conheço melhor o Brasil, conheço profundamente a inteligência brasileira, amadureci um pouco. 36 anos depois de eu entrar na militância, nem o adversário mais agressivo me acusa de responder um inquérito nem pra ser absolvido, o que não é mais do que minha obrigação. A sensação é que não escapa ninguém, tá todo mundo enrolado. Nesse momento, minha intransigência parece ser uma exigência. O Lula deu Furnas para o Eduardo Cunha, a Dilma deu a vice-presidência da Caixa econômica para o Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha rouba 500 milhões, compra 200 deputados e passa isso na cara do povo brasileiro. Há muitos anos, eu chamei o Eduardo Cunha de ladrão a menos de três metros dele. Hoje, acuso o Temer de ser cúmplice dele. Parece que hoje está mais claro quem tinha razão. As coisas as vezes estão fora do seu tempo, então nada mais forte do que uma ideia que o tempo amadureceu.

“Quem financiava o Temer como testa de ferro dessa quadrilha do PMDB, é o Cunha, Renan e Jucá.”

Cotidiano (M.V.) Você disse que o Temer é homem do Cunha. Agora que ele está afastado, você ainda acredita nisso?

Eu digo que o Temer é um homem do Cunha porque sei o que estou dizendo. Quem financiava o Temer como testa de ferro dessa quadrilha do PMDB, é o Cunha, Renan e Jucá. O Renan não tolera o Cunha. Então essa quadrilha — Cunha, Renan e Jucá — arranjou um testa de ferro, chamado Michel Temer, e o poder real tá repartido entre a quadrilha e o tesoureiro, Eunico Oliveira. Eu conheço essa gente há 30 anos, sei bastante bem o que estou dizendo.

Zero (M.A.) Você acha que serão comprovados os crimes deste núcleo do PMDB?

Se essa operação Lava-Jato e as conexões com o STF daqueles que tem foro privilegiado não forem seletivas, não tenho a menor dúvida. O Eunício Oliveira, por exemplo, ninguém sabe e eu sei: o tesoureiro do PMDB montou uma série de pequenas empresas, com nome em cartório, de terceirização de mão de obra. Com elas conseguiu um bilhão de reais em contratos com a Petrobrás. Ninguém sabe disso ainda. A mais importante delas se chama Manchester e tem um contrato individual de trezentos milhões de reais, vocês podem pesquisar que vocês vão ver. Isso não apareceu ainda. O que está se levantando são coisas que a gente sabe há muito tempo. Esse negócio do Sérgio Machado eu cansei de esculhambar, esculhambei mil vezes no passado. E, também no Youtube vocês vão encontrar uma entrevista que eu dei na sequência de 2014, na eleição, em que eu anuncio que estão querendo fazer um cidadão chamado Eduardo Cunha presidente, que se a Dilma contemporizar com isso, eu vou pra oposição e ela vai cair. Está tudo isso lá. Não é porque eu sou profeta não, é porque eu conheço os atores do filme de mau gosto.

Cotidiano (M.V.) Qual seu papel na defesa da presidenta Dilma Rousseff no senado?

O ministro Eduardo Cardozo, responsável pela defesa dela, me ligou e perguntou se eu aceitava ser testemunha. Testemunhar é um dever moral, de qualquer brasileiro com a consciência jurídica e política que eu tenho. Porque remédio para governo que a gente não gosta, pra governo ruim, não é romper com a democracia. Eu vinha lutando nessa que parece uma contradição: contra o impeachment, em defesa da democracia, e contra o rumo que o governo Dilma dava para o país. Porque se ela foi eleita pelo povo, só o povo pode colocar alguém no lugar dela.

TJ(J.C.) Você acredita que ela conseguirá reverter o processo de impeachment?

No momento é muito difícil. Mas, a gente não deve se movimentar por crença. Nós devemos lutar pelo que é necessário. Amanhã a história vai fazer o registro de quais foram os brasileiros que lutaram pela soberania popular e quais se mancomunaram com uma quadrilha de ladrões que tenta assaltar o país na marra.

TJ(J.C.) Você defende novas eleições?

Não. Eu não defendo nada fora da legalidade. Eu sou do partido de Lionel Brizola, o partido que carrega a memória de Getúlio Vargas, de João Goulart. Ela pode fazer a negociação que quiser, mas nesse momento a minha intransigência é a defesa do mandato popular que ela recebeu nas urnas. No Brasil que eu sonho, nunca mais ninguém sentará na Presidência da República sem o voto do povo.

TJ(J.C.) Quais as reformas políticas mais urgentes hoje?

Basicamente são duas: a institucionalidade a gente precisa discutir, pois há mil formas de praticá-la. A melhor delas é a que condene ou ao menos resolva essa mal pensada relação entre dinheiro e política. A segunda é redução entre as promessas da campanha e aquilo que o povo vê no dia seguinte depois da vitória

TJ(J.C.) Quais foram os erros da presidente que levaram a crise atual?

Mentir na campanha, não confiar ao povo a realidade que estava posta. A crise tem um componente que já estava dado desde 2013. A gente vendia uma tonelada de minério de ferro por 190 dólares e chegamos a vender por 38. Vendíamos a 110 dólares o barril de petróleo e chegamos a vender a 30. Os preços das commodities brasileiras despencaram. Os produtos importados — eletrônicos, química fina, defensivos agrícolas, agrotóxicos — como não temos uma política industrial de comércio exterior, explodiram.. Ela não confiou no povo, em dizer isso, e foi o primeiro grande erro. O segundo foi nomear o lado oposto ao que ela pensa na gestão da economia. Nomear o Levy para fazer uma agenda absolutamente estúpida que levou o país a perder receita. Por exemplo, Florianópolis está falida. O Rio Grande do Sul não dá conta de pagar nem os servidores, nem os aposentados. Minas Gerais, Rio de Janeiro… 14 estados brasileiros estão com as finanças em pandarecos por causa dessa política estúpida. Esse foi o erro mais grave de todos. Um terceiro erro foi não manejar corretamente a relação da pessoa honrada que ela, é com um governo como o do Lula. Porque o Lula fez realmente acordos e entregou nacos do poder brasileiro a essa quadrilha de bandidos. A Dilma recebeu o poder, e não soube como resolver essa contradição.

TJ(J.C.) Como você vê a relação do Lula e algumas alas do PT com o Renan Calheiros?

Esse é o problema. O Lula não é o grande culpado pelo que está acontecendo no Brasil. Ele foi imprudente de colocar na linha de sucessão do poder brasileiro essa quadrilha de Michel Temer, Eduardo Cunha e sua banda. De uns tempos pra cá, o Lula começou a brincar de deus. Achou-se autorizado pela popularidade maravilhosa e justa que ele tinha a fazer tudo o que queria acontecer. Pensou que o povo vai eternamente absolvê-lo dessas contradições. Infelizmente, deu-se mal.

Cotidiano (M.V.) O que você pensa das ações do juiz Sério Moro?

Podem ser um conjunto de iniciativas históricas para o Brasil. Evidente que a maioria da população já vê assim. Eu não. Sou mais prudente, mais velho e vivido. O bom juiz não é aquele que fica nos jornais e na televisão, não bota gravata borboleta e vai receber homenagem no estrangeiro. O bom juiz é severo, discreto, fala nos autos. Não escolhe critério para punir A, B ou C, mas se guia pelas provas, forma culpa, presume inocência, assegura plena defesa e é severo se há demonstração da culpa. Porém, ele errou dramaticamente nesta primeira etapa. Esse negócio de ficar se exibindo, isso não é bom para um juiz no meio dessa contradição que ele está. Houve erros jurídicos que podem anular todo o esforço dele. Se o juiz erra na primeira instância assim que a mídia para de falar no assunto, as instâncias superiores anulam tudo que foi feito. Vazar conversa grampeada da presidente da república é completamente ilegal, estabelecer uma condução coercitiva de alguém que não se recusou a comparecer, como o Lula, isso foi completamente arbitrário. Tudo que for baseado nessas duas coisas é nulo daqui pra frente. Você lembra da Operação Satiagraha, do delegado Protógenes Queiroz? Nós também nos apaixonamos, e hoje, o Protógenes está escondido da justiça, fora do Brasil. O Daniel Dantas está flanando por aí afora, e todos os processos foram anulados, porque na ânsia de passar as coisas para a imprensa e se exibir, os policiais falharam.

Cotidiano(M.V.) Você tem alguma desconfiança em relação ao Moro, sobre ele ter treinamento no exterior?

Não, não é assim que funciona. Eu, por exemplo, fui convidado para fazer estágio na Law School de Harvard, nos Estados Unidos. Evidentemente não mudei meu amor pelo Brasil porque fui estudar numa universidade estrangeira, também não creio que o Moro tenha feito, ele vai mostrar isso se voltar a ter severidade e não ter lado. Hoje, o desagradável é que as sentenças dele pendem para um lado.

TJ (J.C.) Qual a sua avaliação das primeiras semanas do governo interino?

Um desastre que vai piorar muito. Ele [Michel Temer] se prepara para apresentar na semana que vem uma emenda constitucional que revoga a Constituição de 1988, o que é um golpe trágico para o Brasil. Ele pretende tabelar com status constitucional os gastos correntes no país com saúde, educação, aposentadoria, os investimentos em energia, estradas, tudo que é essencial, e deixar livre de qualquer controle do serviço da dívida os 600 bilhões de reais que pagará esse ano para especuladores financeiros: meia duzia de bancos e dez famílias do baronado brasileiro.

TJ (J.C.) Você acredita que haverá punições aos membros do PMDB expostos nas gravações do Sérgio Machado?

A prisão ainda não é oportuna falando de Renan Calheiros, Romero Jucá e José Sarney. Se o que se sabe é o conjunto de gravações que o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado produziu, isso provavelmente será anulado como prova inútil na medida em que foi um flagrante armado. Eu não sei se o Janot tem informações além das gravações do Sérgio Machado. Se tiver, o Teori é um grande magistrado e vai embasar a prisão nisso e não nas gravações ilegais. A prisão do Eduardo Cunha que já cabe faz tempo, porque é flagrante a tentativa dele de obstrução da justiça. Essa prisão é necessária para ontem, e tem todos os critérios claros para ser executada.

Zero (M.A.) O Temer fez pedaladas com o BNDES?

Ele propôs a maior pedala fiscal da história brasileira. A Dilma fez algo ao redor de 30, 35 bilhões e que honrou no seu próprio exercício. Ele está obrigando uma antecipação de receita que são todos os aportes de financiamento que o Tesouro fez ao BNDES e que vão vencer daqui a 10, 15, 20 anos. Ele está obrigando o BNDES a antecipar essa receita, uma conta de 100 bilhões de reais. É a pedalada fiscal por excelência. 100 bilhões de reais destrói o BNDES, como é interesse dos bancos privados. O BNDES é o ultimo lugar onde uma empresa pode se financiar.

Cotidiano (M.V.) De acordo com o Ibope, apenas 22% dos brasileiros quer reeleger seus prefeitos. Você acredita que essa insatisfação irá se refletir em 2018?

Sim. Mas não pense que uma pesquisa com uma contagem tão pequena de intenção de reeleger os prefeitos acertará o número. O problema é que, diante dos desastres que aconteceram, a presidenta Dilma não se acautelou para desarmar essa bomba, resultando no colapso fiscal dos estados e municípios. Você tem um desastre acontecendo: o Rio de Janeiro está quebrado, o Rio Grande do Sul está quebrado, Minas Gerais e mais 14 estados estão sem condições de pagar seus servidores públicos, e isso gera reflexos em muitos municípios.

Cotidiano (M.V. )Você sente que há uma desilusão com a esquerda?

Eu acho a desilusão uma coisa boa se ela não desestimular e afastar da política, porque fora da política não há nada, não há como se resolver o preço do feijão, a taxa de juros, a qualidade do hospital. Tudo se resolve somente pela política, não há atalhos. Mas, se desiludir com mistificação é uma coisa boa. A democracia brasileira pode dar um passo mais maduro e se preparar para ouvir um governante ou um líder franco, capaz de falar coisas que não são agradáveis, mas que é necessário que sejam ditas. Isso talvez seja um avanço a mais para uma novíssima democracia. Nossa democracia mal completou 27 anos.

Cotidiano (M.V.) Em momentos de desilusão nascem novos movimentos políticos. Como você enxerga o Movimento Brasil Livre?

O que é o Movimento Brasil Livre?

Cotidiano (M.V.) É um movimento liberal…

Aquele Zé bostinha…

Cotidiano (M.V.) Movimento do Kim Kataguiri…

Isso aí não acho nada, francamente. Isso é um neobostinha, não vale nada.

Zero (M.A) E as ocupações do MinC?

Eu acho que precisamos ascender nossa linguagem e chamar o povo. O que está acontecendo é grave, e justifica todas as linguagens. Nesse momento, eu, que sou um velho traquejado político, não vou pedir a ninguém para moderar. É preciso ocupar, é preciso reagir, é preciso constranger, é preciso gritar. Fazer o que for necessário para tirar essa corja do poder.

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Matheus de Moura
Matheus de Moura

Jornalista. Escritor. Neguinho. Catarinense no Rio. Co-criador de: N.E.U.R.A Magazine e Não Há Respostas Quando Morre uma Pobre