Falando a mesma língua, ouvindo a mesma melodia.

Sem dúvida um dos maiores desafios de morar fora é o idioma, eu por conviver com brasileiros inevitavelmente falo português quase o dia todo, as únicas horas que eu gasto meu inglês é quando vou comprar algo ou nas aulas de inglês. Já tive aulas com uma freira, aulas com professores que estavam em formação e também tenho aula com meu professor particular via Skype, que me dá aulas desde quando estava no Brasil.

Acredito que tenho uma boa base, mas na hora de conversar parece que trava, principalmente com os irlandeses que tem um sotaque bem puxado, dizem que falam com um ovo na boca rsrs.

Nas minhas aulas tive oportunidade de conhecer pessoas de diferentes nacionalidades: indianos, chineses, ucranianos, israelenses, russos, italianos, espanhóis, peruanos e por aí vai. Tínhamos em uma única sala pessoas representando quase todos os continentes, muito legal!

O mais interessante foi ver o quanto eu tinha ideias erradas sobre pessoas com culturas diferentes da minha, penso que além do inglês estou aprendendo mais sobre empatia.

Um dia desses indo para a aula de inglês eu resolvi colocar numa rádio Irlandesa para treinar meu ouvido, o locutor tinha um inglês bem puxado, eu estava fazendo um certo esforço para entender o que estava falando, até que ele anunciou uma música do Jimmy Cliff “The Harder they Come”, na hora me bateu uma sensação muito boa, boas lembranças vieram a mim, me senti feliz, e um sentimento de profunda gratidão pelo momento presente. Depois fiquei pensando no quão poderosa é a música, que conseguiu me fazer sentir tão bem sem precisar entender exatamente o que dizia a letra.

Coincidentemente em uma das aulas o professor deu uma atividade em que colocava músicas instrumentais de diferentes estilos e nós alunos tínhamos que escrever coisas e sentimentos que vinham em nossas cabeças, curiosamente embora fôssemos de diferentes lugares e culturas os sentimentos eram parecidos.

Acredito que por isso que dizem que a música é uma linguagem universal, porque ela toca direto nos sentimentos independente da cultura, religião ou etnia, todos temos os mesmos sentimentos: amor, medo, raiva, alegria. Ainda que diferentes somos todos iguais, sentimos as mesmas coisas, acredito que é isso que nos une.