A relações-públicas escolhida pelo Jornalismo

Com duas graduações em universidades federais, Cris De Luca escolheu a assessoria de comunicação como área de trabalho.

Matheus Machado
Matheus Machado
6 min readMar 1, 2021

--

Texto | Matheus Machado

Cris De Luca diz que foi escolhida pelo Jornalismo, uma convicção que sai como música da sua boca — daquelas cantadas com muito orgulho. Ao contar sua história, é fácil entender que o Jornalismo foi a primeira porta profissional aberta diante dela.

Natural de Criciúma, Santa Catarina, Cristiane Cirimbelli De Luca tinha na Publicidade e Propaganda a sua primeira opção quando prestou o vestibular. Na época, fez a prova na UFRGS e na PUCRS para PP, enquanto na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) o Jornalismo era a única opção dentro da Comunicação. Aprovada na PUCRS e na UFSC, Cris foi para Florianópolis, mas “já tinha plena certeza que não trabalharia em redação”, afirmou.

Durante a primeira graduação, Cris De Luca fazia o possível para cursar disciplinas de retaguarda, pois não gostava de aparecer nas câmeras ou de ficar na frente dos microfones. Estar na produção e ser a pessoa por trás de tudo era o que ela mais gostava de fazer.

Ao longo do curso, trabalhava na assessoria interna para os centros dos cursos da UFSC. “Fazia informativo, atualizava site lá no final da década de 1990”, comentou com bom humor. A professora conta que todas essas atividades, e a experiência de fazer a parte administrativa de um projeto de extensão, sempre a encaminhavam para o lado da gestão.

Em busca de novas possibilidades

Finalizando a graduação de Jornalismo em 2002, Cris De Luca via que o mercado de assessoria de comunicação não apresentava grandes possibilidades em Florianópolis. No ano seguinte veio para Porto Alegre, onde acreditava ter mais oportunidades de trabalho e onde havia, também, melhores opções para continuar estudando. Antes da mudança ainda passou seis meses na cidade natal, época em que seu pai havia se candidato a deputado federal e ela fez toda a sua campanha.

Com família no Rio Grande do Sul, Cris De Luca se mudou para a capital gaúcha com a promessa de emprego. Ao chegar em Porto Alegre a história foi diferente. “Eu cheguei aqui e não tinha trabalho”, lembra. “Vamos ver o que acontece”, decidiu na época. Foi então que começou sua pós-graduação em Marketing na ESPM. “Eu entendi que era a área mais aproximada do que eu queria fazer”, afirmou. Logo em seguida, conseguiu trabalho em um projeto de pesquisa na UFRGS. “E aí o negócio andou”.

Com a máquina finalmente andando ao seu favor, Cris De Luca começou em 2004 a trabalhar efetivamente na comunicação ao se juntar ao time da assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Educação. Entre elaboração de discursos, frente em reuniões com sindicatos, gestão de crises e tudo que tinha direito, Cris De Luca ficou seis anos no cargo. De lá foi para uma agência que trabalhava com Relações Públicas, onde começou a ter contato efetivo com a área, sua segunda graduação.

“Nunca quis deixar de estudar”

Depois do MBA veio o mestrado, onde ela pôde retomar em seu projeto de pesquisa o trabalho que fez para concluir a graduação. Com o novo trabalho na agência e a vivência com as relações públicas, Cris De Luca percebeu que seu projeto de pesquisa focado em publicidade de moda (algo que ela sempre gostou muito) se tratava, na verdade, de relações públicas.

Com o contato que passou a ter com a profissão de Relações Públicas, Cris entendeu que muito do que ela realmente fazia tinha mais a ver com as relações públicas do que que com o jornalismo das redações. Com vontade de voltar a estudar de novo, ela pensou em fazer vestibular para Relações Internacionais. Contudo, não via sentido em ir para esta área, afinal, com o trabalho e afinidade com relações públicas, cursar RP poderia lhe dar os aportes que faltavam em sua formação — além da regulamentação exigida para exercer a profissão, a única do campo da comunicação com um conselho federal.

A professora

Antes de desembarcar na UniRitter, Cris De Luca teve as suas primeiras experiências como professora na Unisinos e no SENAC, ambas em pós-graduação. Na primeira, ministrou as aulas de Cultura Organizacional e Gestão de Crise em Rede Social, na Especialização em Cultura Digital. Na segunda, comandou o módulo de Comunicação Integrada.

Há dois anos, ela tentou ser professora de assessoria na UniRitter, mas acabou selecionada para o cadastro reserva. Em 2019, ano em que ingressou na FACS, Cris se inscreveu em uma nova vaga da UniRitter. Quando achou que não seria chamada, recebeu mensagens de Marcelo Tavares, perguntando se ela iria comparecer na seleção. “Deu certo e eu fiquei super feliz”, comentou a professora.

Coletivo profissional

Cris De Luca faz parte de um coletivo de profissionais de comunicação, o Gengibre. Recentemente o coletivo passou por um processo de mudança estrutural. “A gente começou a notar que éramos outra coisa, porque para um coletivo de profissionais parece que a gente estava fazendo mais pelo profissional do que pelo cliente”, comentou. Cris De Luca ainda conta que o Gengibre entrou em um processo de aceleração do RS Criativo, e foi estruturado como uma empresa.

Além do projeto, a professora também foi convidada para escrever sobre relações públicas no site Coletiva.net. Com o tempo, o tema tornou-se mais amplo e Cris De Luca recebeu carta branca para escrever sobre tudo. “O mundo das relações públicas tem a coisa da defesa de causa, não tem como deixar passar, não tem como não bater na tecla do feminismo, não tem como não bater na tecla da aceitação, desse mundo que a gente vive tão cheio de pré-conceitos”, comentou.

Autoconhecimento e vinho

A professora se encontra em uma eterna busca por autoconhecimento e aceitação. “É um processo bem interessante que eu venho sofrendo principalmente nos últimos anos. Hoje, eu tento ser a pessoa mais sincera possível comigo”, afirma. Cris De Luca revela uma relação especial com vinhos. “Abrir uma garrafa de vinho, encher uma taça, fazer pipoca e comer. E é isso entendeu. É o meu momento”.

A professora fala mais dos seus momentos de descanso ao contar que ama biografias, principalmente de mulheres: Madonna, Viúva Clicquot, Sophia Loren. Cris não consome tantos filmes, mas sempre teve apreço por clássicos como Cleópatra (1963) ou Ben-Hur (1959). Sobre séries, afirma que não embarca nas modas do momento. Gosta de assistir uma novela atrás da outra e não dispensa uma programação descompromissada. “Eu gosto de assistir umas coisas fúteis, tipo chegar em casa cansada e colocar no E! (canal da tv a cabo especializado em entretenimento) e ficar assistindo Kardashians”, disse a professora.

Cris De Luca é assim, uma pessoa e profissional que sempre busca conhecimento, seja próprio ou sobre algo. Uma mulher que defende aquilo que acredita, e que não abre mão dos seus momentos, ou, da própria companhia. Ao ver dificuldades, segue em frente até as pedras se tornem um gramado macio para seguir com a sua jornada. Jornalista, relações públicas, professora, mais uma figura inspiradora que integra o time de professores da FACS.

Raio X

Nome completo: Cristiane Cirimbelli De Luca

Data de nascimento: 26/11/1979

Cidade onde nasceu: Criciúma / SC

Local e ano da formatura em Jornalismo: UFSC, 2002.

Local e ano da formatura em RP: UFRGS, 2019

Ano de conclusão do Mestrado: 2011

Título da dissertação de Mestrado: Comunicação e Complexidade: uma análise da produção de sentido na Publicidade da Diesel http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/4467

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0559272233737317

Onde já trabalhou: Secretaria de Educação do RS, Atelier523, BH Comunicação, CDN Sul, Share e Gengibre

Em que ano ingressou na FACS: 2019

Prêmios conquistados: Trabalho destaque no I Congresso Brasileiro de Negócios do Vinho, que ocorreu nos dias 04, 05 e 06 de setembro de 2019, em Bento Gonçalves — RS.

Uma frase: “A vida não é encontrar a si mesmo. A vida é criar a si mesmo”- George Bernard Shaw

Um filme: O Pequeno Príncipe (não, não é zueira) | O Poderoso Chefão

Uma comida: Aipim com costelinha de porco que a minha avó fazia

Um sonho: Causar impacto positivo e fazer a diferença na vida das pessoas que passarem pelo meu caminho seja na vida acadêmica, seja no mercado.

Ser professora na FACS é… uma grande responsabilidade. Estar ali para compartilhar conhecimento com os alunos, com os colegas, sabendo que estão dedicando seu tempo e sua energia para te escutar e construir o caminho contigo é incrível e faz todo sentido para mim.

*Texto publicado originalmente no site da Faculdade de Comunicação Social (FACS) da UniRitter no dia 22 de dezembro de 2020. Clique aqui para ler o original.

--

--

Matheus Machado
Matheus Machado

Um lugar que você, talvez, não devesse conhecer. Sou jornalista. Um alguém que gosta de escrever.