Como será o cinema pós pandemia?

A reportagem conversou com especialistas na cobertura e no estudo da sétima arte para analisar a mudança de consumo dos filmes através dos serviços de streaming durante o isolamento social.

Matheus Machado
Matheus Machado
13 min readJul 4, 2020

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Durante a quarentena, o uso dos serviços de streaming se tornou ainda mais frequente na vida dos usuários | Imagem: Arquivo pessoal / Matheus Machado

Texto | Matheus Machado

O Brasil conta com 3.505 salas de cinema, conforme relatou reportagem da Folha de S.Paulo com dados do portal especializado Filme B. As exibições de filmes foram paralisadas em todo o mundo. A ação visa combater a disseminação da Covid-19. Em 16 de março, a prefeitura de Porto Alegre publicou o decreto nº 20.500 impedindo que atividades com aglomeração de pessoas aconteçam.

Antes da pandemia se instalar com força no Brasil, cerca de 31 milhões de pessoas foram aos cinemas em 2020, segundo relatório da Agência Nacional do Cinema (ANCINE). Os dados publicados em 17 de abril ainda mostram que, nos primeiros dois meses do ano, mais de R$500 milhões haviam sido arrecadados nas bilheterias do país.

Com grande parte do mundo já afetada pelo novo coronavírus, a Conviva — empresa especializada em estudos no segmento — , registrou um crescimento global de 20% no consumo de streaming. Neste cenário, as plataformas como Netflix, Prime Video e Globoplay ganham ainda mais força. Assim, esse modelo de assistir filmes deixou de ser uma opção, transformando-se na principal fonte de consumo do público.

A Universal Pictures se adaptou rapidamente a situação. O estúdio lançou em plataformas digitais norte-americanas a animação Trolls 2. O aluguel custava o mesmo que um ingresso comum dos cinemas locais. Em menos de um mês, o longa-metragem infantil havia arrecado US$100 milhões. A jornalista Barbara Demerov, crítica e repórter do AdoroCinema, vê que a indústria cinematográfica tenta se aliar ao streaming. “Eu acho que o mercado está aprendendo a andar de mãos dadas com o streaming”, comentou sobre o lançamento.

Além do estúdio, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas adiou o Oscar para o dia 25 de abril de 2021. A decisão vem depois de um período de incerteza, até então existia a possibilidade da noite mais nobre do cinema não acontecer. A Academia, inclusive, mudou as regras de elegibilidade da categoria de Melhor Filme. Agora, longas-metragens exibidos em plataformas de streaming também podem ser inscritos na premiação.

Antes, a regra exigia que filmes do circuito comercial permanecessem em cartaz por pelo menos uma semana, entre o dia 1º de janeiro e 31 de dezembro, em ao menos um cinema na cidade de Los Angeles. Só assim poderiam se inscrever no próximo Oscar. Para a 93ª edição, a janela de elegibilidade, aberta desde 1º de janeiro de 2020, termina em 28 de fevereiro de 2021, data que, inclusive, estava marcada para a cerimônia se a pandemia não acontecesse.

Steve Routman (esquerda) e Al Pacino (direita) integraram o elenco de O Irlandês, filme da Netflix lançado primeiro nos cinemas e depois no streaming | Crédito: Reprodução / IMDb

A decisão muda um panorama importante dentro do cinema. A The Academy, como também é conhecida a organização responsável pelo Oscar, era bastante rígida com as suas regras de elegibilidade. Em 2019, a Netflix teve dificuldade para exibir o filme O Irlandês do renomado cineasta Martin Scorsese nos cinemas de Los Angeles. A empresa cogitou a compra de uma rede de exibição para ter o longa-metragem apto a concorrer a premiação.

Segundo Marcos Santuário, editor de cultura do jornal Correio do Povo e curador do Festival de Gramado, o embate entre premiações e festivais contra o streaming é uma forma de restrição. “É uma maneira de fechar o universo da tela grande para produções feitas para qualquer tela”, afirmou Santuário. A Netflix aos poucos supera a barreira. Na 92ª edição, a plataforma teve O Irlandês e História de Um Casamento indicados na categoria de Melhor Filme.

Professor da Universidade Feevale em Novo Hamburgo (RS), Marcos Santuário ao lado de Rubens Ewald Filho, que morreu em 2019, decidiu que o Festival de Gramado teria como filme de abertura na edição de 2017 um longa-metragem produzido e lançado pela Netflix. “Decidimos abrir o Festival de Gramado com o primeiro longa-metragem brasileiro financiado pela Netflix e produzido pela Netflix”. O Matador foi dirigido por Marcelo Galvão e lançado mundialmente na plataforma em novembro de 2017.

“Será que as pessoas vão querer ir mesmo ao cinema?”

“Eu amo ver filmes na telona, mas eu sei que a necessidade do mundo não condiz com você ir ao cinema com dezenas ou centenas de pessoas”, afirmou Barbara Demerov. A repórter do AdoroCinema relembrou que pouco antes do início da quarentena no Brasil, estava realizando a cobertura do Festival de Berlim para o portal. “Há três meses eu estava em Berlim, vendo filmes todos os dias com milhares de pessoas, tinha uma sala com mil lugares”, contou empolgada com a experiência.

Na atual conjuntura, Barbara reflete sobre como será quando os cinemas voltarem a funcionar. “Não consigo me imaginar indo normalmente ao cinema em novembro, dezembro”, afirmou ao pensar em um cenário mais otimista para o país nos próximos meses. A crítica de cinema ainda questionou: “será que as pessoas vão querer ir mesmo ao cinema?”. Em sua rotina frequentar salas de exibição era uma prática semanal. Sua última sessão foi a cabine de imprensa do filme Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, um dos últimos lançamentos das telonas antes da quarentena. A animação da Pixar já está disponível em plataformas digitais.

Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, da Pixar, ficou cerca de 10 dias em cartaz nos cinemas brasileiros | Créditos: Reprodução / IMDb

Ainda sobre o questionamento, Barbara Demerov afirmou que os espectadores ficarão divididos. “Acho que vai ter uma parcela do público que vai querer ir ao cinema e outra que está se acostumando a ver tudo em casa”, opinou a jornalista. Com a criação de uma vacina, as pessoas devem se sentir mais seguras para irem aos cinemas em um novo normal pós pandemia, comentou Marcos Santuário. O editor do Correio do Povo acredita que com a concretização de um cenário seguro em relação ao vírus, as salas de exibição voltarão a ser como antes. “O cinema vai voltar a ser lugar de frequência e de consumo de produções de quem sempre gostou de cinema”, disse esperançoso.

Sem fazer especulações sobre um futuro próximo, a professora e pesquisadora da pós-graduação em comunicação e prática de consumo da ESPM-SP Gabriela Almeida demonstrou uma preocupação: “Isso tudo ainda pode acelerar um processo de perda de hábito das pessoas irem ao cinema”. Apesar disso, Almeida lembrou uma viagem a São Paulo realizada em novembro de 2019, época em que a Netflix lançou O Irlandês nos cinemas. “Tentei assistir ao filme, mas todas as vezes que fui comprar o ingresso antecipado as sessões já estavam lotadas”. Antes da pandemia, o mundo do cinema já estava vivendo uma nova normalidade com o streaming estabelecido no mercado.

As plataformas digitais, vez ou outra, ao invés de retirar espectadores das salas, atraíam ainda mais público para o cinema. Marcos Santuário comentou a relação entre streaming e as salas exibidoras antes do isolamento. “A pandemia veio para modificar coisas que estavam aparentemente estabelecidas e resolvidas, como o consumo de produtos audiovisuais”. O espectador, antes do novo coronavírus, tinha duas opções, ir ao cinema ou ficar em casa e ainda assim assistir um filme.

Seja qual for o cenário que será encontrado nos próximos meses em relação a reabertura das salas, o provável é que grandes aglomerações continuem fora de questão, afirmou Gabriela Almeida. “Até que se tenha uma vacina ou remédio efetivo, me parece que isso não vai poder acontecer”. Por um tempo, pequeno ou longo, sessões de pré-estreias e de filmes aguardados lotadas estarão fora de questão.

Para a pesquisadora, um outro ponto importante é sobre como as pessoas se relacionam com a pandemia. Almeida exemplifica as aglomerações que estão acontecendo em cidades onde os governos municipais flexibilizaram medidas de isolamento mesmo com o aumento no número de casos e mortes no país — mais de 1,5 milhões de infectados e mais de 63 mil óbitos foram confirmados até o dia 03/07, segundo dados da parceria entre G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL. “Muitas pessoas, ainda que as autoridades permitam elas irem para a rua, não vão porque não se sentem seguras”, afirmou Gabriela Almeida. A professora fez questão de afirmar: “eu não vou para a rua, ainda não acho que as condições sejam seguras”.

Mesmo que faça falta ir ao cinema, a situação extraordinária vivida pelo mundo cria uma atmosfera de medo em quem segue o isolamento social e não adere ao negacionismo. O Sars-Cov-2 é acima de tudo um inimigo invisível. Barbara Demerov levantou um questionamento importante sobre isso. “Será que as pessoas vão burlar esse medo?”. O cinema não é um serviço essencial. Falar em abrir as salas de exibição ainda é um passo precipitado.

“Processos inevitáveis”

A discussão da relação entre cinema e streaming é sobre “processos inevitáveis” acelerados pelo cenário atual, como afirmou a pesquisadora Gabriela Almeida. Para ela, esse processo é algo com o qual o cinema “precisa lidar”. Marcos Santuário, do jornal Correio do Povo, compartilha de uma visão parecida sobre o tema. “O que acontece agora é só a aceleração de um processo que estava absolutamente certo de que iria acontecer”.

Issa Rae (esquerda) e Kumail Nanjiani (direita) protagonizam o filme Um Crime Para Dois. O longa-metragem teria a sua estreia no Festival de Sundance e a distribuição da Paramount Pictures que vendeu esses direitos no início da pandemia para a Netflix — que o lançou em maio no streaming | Crédito: Cortesia / Netflix

Se por um lado existe a comodidade de estar em casa, por outro a prática de ir ao cinema demanda tempo de deslocamento. Gabriela Almeida ressaltou um detalhe relevante sobre o tema. Os cinemas, hoje, estão mais concentrados em centros urbanos. Logo, muitas pessoas percorrem longas distâncias para ir até o local. O streaming além de contar com a comodidade do lar, tem um custo menor. Exibidores enxergam a tecnologia como inimiga. As plataformas estariam tirando público das salas.

A jornalista da Folha de S.Paulo e do portal Filme B Ana Paula Sousa refere-se justamente a mudança no hábito de consumo. Segundo ela, o filme que seria visto na sala de exibição é o mesmo que pode ser assistido em casa. “A experiência de ver um filme em casa é diferente, mas o produto não muda”, afirmou. Este ponto configura mais uma discussão recorrente no âmbito cinematográfico. A professora de pós-graduação da ESPM citou o filme THF: Aeroporto Central do cineasta cearense Karim Aïnouz. “Foi feito para o cinema”, afirmou Gabriela Almeida.

A questão é o principal argumento na disputa travada por exibidores e streaming pelo público. De um lado há a experiência que o cinema dá ao espectador, do outro a comodidade da cama ou do sofá. Ainda é cedo para falar em mudanças permanentes. Ana Paula Sousa, no entanto, acredita que o mercado sofrerá alterações. “O que vai mudar é o tamanho desse mercado, mas ainda não dá para a gente saber o quanto”, afirmou. Repórter do AdoroCinema, Barbara Demerov vê que uma nova porta se abriu. “A questão do Trolls 2 abriu uma porta que não vai se fechar tão fácil”.

Parte dessas modificações também englobam o lançamento de plataformas dos próprios estúdios. A Disney já estreou em alguns países o Disney+, que chega ao Brasil no segundo semestre deste ano. A Warner Bros. impulsiona cada vez mais a divulgação do HBO Max, que será inaugurado em 2021. A concorrência aumenta não apenas com outros streamings, mas também com os exibidores. As produtoras não precisarão necessariamente dos cinemas para mostrar os seus filmes.

Embora alguns países vislumbrem um retorno gradual e lento na reabertura dos cinemas e na retomada de gravações por já terem controlado o número de casos da Covid-19, o futuro é incerto, como afirmou Ana Paula Sousa. Com publicações na Folha de São Paulo e no portal Filme B, ela ressaltou que o cinema, assim como outras áreas de produção, está inserido em um contexto de “grande instabilidade”.

Cinema em casa

“Todo sábado à noite eu alugo um filme”, revelou a jornalista da Folha de S.Paulo ao comentar a nova rotina na pandemia. “Eu aderi a um novo consumo que eu não praticava até março”, relatou. Dentro do seu isolamento, Ana Paula Sousa encontrou no aluguel de filmes uma maneira de simular a ida aos cinemas. “Para mim, é a forma mais próxima de ter contato com a experiência que eu tinha de escolher o filme e ir até o cinema”.

No início da pandemia, Ana Paula tinha o desejo de voltar a praticar natação e de ir ao cinema. “Dois meses depois de estar só em casa, eu quero poder levar meu filho para andar de bicicleta, a natação e o cinema não são mais uma prioridade na minha vida”, afirmou a jornalista. Segundo ela, existe um ajuste do que é mais importante.

O hábito de ir até um local exibidor não está mais entre as opções. O cinema em casa, agora, é levantar o controle remoto e acessar o aplicativo de um serviço de streaming diretamente na TV. Assistir um longa-metragem no lar é diferente de ir ao cinema. Mesmo que as proprietárias das salas de exibição defendam a experiência que podem dar ao espectador, o modo como o público é afetado pelas obras cinematográficas não depende somente disso.

Trolls 2 foi lançado diretamente em plataformas digitais pela Universal Pictures na América do Norte. Em três semanas disponível nos catálogos, a animação faturou mais de US$100 milhões em aluguéis | Crédito: Reprodução / IMDb

A pesquisadora Gabriela Almeida acredita que além do local onde o filme será assistido, a forma como o indivíduo se relaciona com a obra também é importante. “Tem uma coisa que é anterior (ao local), que é a forma como a pessoa se relaciona com o filme”. Gabriela contou que gosta de se “sentir imersa naquela atmosfera que o filme proporciona”. A professora da pós-graduação da ESPM também se referiu ao comportamento do público. Segundo ela, há pessoas que se entregam ao longa-metragem e outras que são mais dispersas.

Até há alguns meses, ir à sala de cinema era também encontrar maneiras de se portar diferentes de cada espectador. Alguns vão em uma sessão e praticam um ritual de silêncio para se conectar com o que estão assistindo. Outros não se importam em ir ao banheiro, mexer no celular, tirar uma foto da projeção e publicar nas redes sociais (atitude que é proibida e frisada em comerciais antes da exibição começar). Esses comportamentos individuais também se repetem em casa, segundo a pesquisadora.

Adaptado ao lar

Formando em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e graduado em cinema pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Yuri Correa revelou que sentiu falta de ir ao cinema quase dois meses depois de entrar em quarentena. “Vieram tantas outras preocupações com a pandemia e a nossa situação política, que nos primeiros meses não senti falta de ir ao cinema”, contou o também membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (ACCIRS).

Preocupado em “ficar seguro, colocar a vida em dia e organizar o trabalho em casa”, Yuri aproveitou o momento para assistir filmes menos atuais. O crítico relembrou a rotina corrida de frequentar cabines de imprensa e de idas semanais aos cinemas em horário comercial como motivo principal de não conseguir consumir outras obras audiovisuais além dos lançamentos. “Vou colocar esse outro lado da cinefilia em dia”, afirmou ciente do contexto atual.

Yuri Correa contou que a experiência do cinema é muito mais “gratificante” e “imersiva”. No entanto, o jornalista admitiu que existem vantagens de ver filmes em casa. “Estou ali vendo o filme e quando algo me chama a atenção, eu paro e vejo a mesma cena de novo”. Ele descreveu o consumo como “muito rico”, porque agora pode estudar os filmes com mais profundidade. Para ele isso é uma forma de complementar a experiência.

A história se repete

Professor da pós-graduação em comunicação e pesquisador da PUCRS, Roberto Tietzmann é especializado em cinema pela instituição e sobre a atual maneira de consumir filmes, falou que é uma repetição da história. Tietzmann citou o cinetoscópio, criado por um engenheiro que trabalhava para Thomas Edson, o escocês William Kennedy Laurie Dickson. O equipamento integrava o cinetógrafo, uma câmera que sensibilizava películas de 35mm. “Cada pessoa colocava uma moedinha e podia assistir um filme”, resumiu o pesquisador sobre o uso do projetor.

O cinetoscópio rodava filmes de até 90 segundos, e foi inventado em 1891. Quem utilizava o equipamento depositava uma moeda de 25 centavos e girava uma manivela para conferir individualmente a rápida projeção. A analogia serve para explicar parte do conceito de uma assinatura de streaming. Quem paga pelo serviço, pode assistir o filme que quiser, dentro das opções disponíveis.

O professor também relembrou as projeções dos irmãos Lumière, considerados os pais do cinema. Ao citá-los, Roberto Tietzmann se referiu as sessões, onde as pessoas se reúnem em um local e confiam na curadoria de um programador, que deve escolher atrações interessantes para o público. A explicação sintetiza o funcionamento dos cinemas nos dias de hoje. A diferença da atualidade é o avanço tecnológico.

Sendo o carro-chefe das opções de consumo dentro da pandemia, o streaming tira do cinema uma exclusividade importante, a de ser a primeira janela de exibição de um filme, afirmou Tietzmann. Ao assumir esse papel, essas plataformas aumentam o ruído com os exibidores. O espectador não precisa necessariamente ir a um multiplex conferir um lançamento. As novidades, agora, também estão na palma da sua mão.

Programação seguirá suspensa na Cinemateca Capitólio

Desde março sem exibições, a Cinemateca comemorou cinco anos desde a sua abertura em meio a pandemia da Covid-19 | Imagem: Uso de imprensa

A Cinemateca Capitólio, localizada no Centro-Histórico em Porto Alegre, sofreu alguns impactos da pandemia. O principal deles é a interrupção da programação que estava sendo exibida na sala. “A gente teve uma programação interrompida, e precisamos pensar em como retomar essa e outras que já estavam planejadas”, contou o programador do espaço Leonardo Bonfim. O desafio, depois da pandemia ou na melhora do cenário, é reorganizar o trabalho que estava em andamento.

“A gente sabe que o impacto será grande, na verdade já está sendo, estamos sem atividades há mais de dois meses”, constata o coordenador de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, Marcus Melo. Por outro lado, ele garante que o trabalho de preservação de acervo, prospecção de novos filmes e outras atividades desempenhadas pela valorização de produtos audiovisuais da cultura local é o menos afetado.

Marcus Melo comentou ainda que ao pensar em reabertura, com um cenário mais otimista, ela pode acontecer com apenas 30% da capacidade. “Uma coisa é certa, quando se retomar, até ter uma vacina para a Covid-19, as sessões precisarão de uma série de regramentos”, afirmou Melo ao ressaltar o risco de aglomeração em ambientes fechados, que facilitam a disseminação do vírus.

Na Alemanha, o Theater am Schiffbauerdamm, da companhia de teatro Berliner Ensemble fundada por Bertold Brecht, mudou a configuração dos assentos para a reabertura. Poltronas foram retiradas e um espaçamento entre elas foi adotado como medida para garantir o distanciamento entre os espectadores. Este é um dos principais exemplos de como estes locais poderão funcionar em situações mais controladas da pandemia.

Assim como em outros locais, não existe uma previsão de reabertura para a Cinemateca Capitólio. A sala administrada pela Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre está com a programação suspensa desde o dia 14 março. No entanto, as redes sociais do espaço cultural seguem ativas. Diariamente são publicadas dicas de filmes que já foram exibidos no local, ou que integram o acervo virtual da casa.

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Matheus Machado
Matheus Machado

Um lugar que você, talvez, não devesse conhecer. Sou jornalista. Um alguém que gosta de escrever.