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Construindo sua marca pessoal: bem-vindo à era do branding sob medida. Ou: em tempos bicudos, como saímos dessa?

Século 21, internet, solvência e reinvenção da ideia de trabalho

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aê, beleza?

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Denise Datovo, da Anand Store Japamalas: uma linda experiência de entender como podemos, sim, praticar a reinvenção profissional e pessoal

Denise Datovo, instrutora de yoga, meditação e mentora de várias vivências espirituais, tem uma história de vida profunda, que a levou a criar em 2016 a Anand Store Japamalas, a partir de um chamado existencial. Ela abandonou 20 anos de mercado financeiro, fez um retiro espiritual na Índia por quarenta dias, enfrentou batalhas pessoais gigantescas desde então. E se reinventou. E está feliz por isso.

Ela se reinventou no momento em que foi possível perceber a quantidade de ações que cabiam na sua nova direção de vida. De nada adianta mudar de vida, se não for para que ela seja melhor, em todos os aspectos. A questão, porém, não é simples — principalmente para uma geração pós-40 anos, que atravessa a evolução de um planeta em trânsito, guindada por uma revolução tecnológica profunda — a tal rede internet e suas ramificações — e, para não bastar, os desafios do trabalho neste século 21, prestes a encarar o poder e a graça das inteligências artificiais. Desafios gigantes.

Branding na veia

Ninguém escapa ileso. Nem este escriba, por certo. Tampouco a indústria editorial e jornalística, que me forjou para o bem e para o mal. Porém, por conta de coisas várias, tenho alguma condição de ajudar quem busca se reposicionar, o que muitas vezes implica abrir negócios próprios.

O problema é que o branding — aquele trabalho que geralmente só grandes corporações têm condições de investir — também é necessário para os muito pequenos, para os pequenos e os médios e os não tão médios. Branding na veia é bom para qualquer empreendimento! E, sim, este blog é, por si só, um experimento de reconstrução pessoal. Porque não é simples a reinvenção.

Mas o que é branding? É uma ampla visão estratégica de como construir sua marca. Mais uma vez é a nossa língua Portuguesa recorrendo a uma palavrita inglesa para resumir todo um significado de ação ou pensamento. Como design. O fato é que um grande contigente de pessoas, hoje, busca a reinvenção profissional e muitas vezes esse passo requer um olhar um pouco mais amplo para se colocar no prumo coisas que estão dispersas na cabeça.

Léo Alves e família, durante o lançamento de sua autobiografia, na Livraria Cultura: a arte de evitar o abismo e dar a volta por cima — não é simples e às vezes dói

Não é apenas a Denise que tem um caso maravilhoso de sucesso na sua reinvenção. Por conta do mero acaso, tive a oportunidade de trocar uma profunda experiência com o não menos intenso Léo Alves, que também se reinventou radicalmente nos últimos dois anos e hoje seu foco é a Inove Coaching. Em busca da reinvenção, entre outras ações ele escreveu um livro com sua história familiar e como conseguiu superar um momento difícil. Nossa conversa foi basicamente uma troca: ele, com anos de janela em recursos humanos, fez uma avaliação do que eu costumo oferecer; do lado de lá, dei meus pitacos em planejamento de comunicação. Resultado muito bom, ao menos para o lado de cá! :)

um livro sobre o abismo do recomeço

O livro do Léo, Abismo, foi basicamente uma imersão na sua própria história de vida, uma cura para a súbita perda do irmão, as questões profissionais impostas por uma grande empresa brasileira e a relação conflituosa com seu pai. Como ele explica: “depois de ter passado pelo furação de 2014 até 2017, sinto de coração que compartilhar minha história é extremamente desafiador e poder auxiliar outras pessoas que talvez estejam passando por um problema similar é incrivelmente motivador e recompensador.” Seu relato e seu resgate pessoal são contundentes:

“Todos os dias, ao voltar para casa, eu fazia o mesmo caminho. (. . .) Seguia em frente, pela estrada, mas não via sentido naquela trajetória. (. . .) A dor de perder meu irmão me dilacerava dia após dia. A ausência do meu pai era a dúvida para a qual eu jamais conseguiria uma resposta. O trabalho que eu amava já não me satisfazia. (. . .) Então, eu decidi partir (. . .) Tudo que eu precisava fazer era acelerar (. . .) e virar sutilmente o volante, dando um fim em toda aquela dor. (. . .) Foi em meu próprio abismo que encontrei o desejo de recomeçar”.

Nos dois casos, Denise e Léo, o acaso tem nome: a rede Dots, um grupo hoje aninhado no Facebook, mas prestes a voar para uma plataforma própria. A comunidade tem mais de 100 mil integrantes; o foco é o pequeno e médio empreendedor ou as pessoas que simplesmente se dividem entre um fazer e outro, uma profissão estabelecida de um lado e uma ação paralela, de outro.

A rede Dots é um exemplo típico de pessoas que podem se beneficiar de um atendimento focado em branding pessoal. Foi por mero acaso que entrei no ambiente e, logo em seguida, um post algo incendiário aglutinou um enorme subgrupo de pessoas em busca da reinvenção profissional — uma alternativa às dificuldades de recolocação profissional pura e simples. Nem sempre dá certo, tanto a reinvenção quanto a recolocação. Apostar é preciso. Não?

reinvenção planetária

Reinvenção não é uma qualidade de brasileiros em transe diante da maior recessão da história do país, uma paciente e sólida construção de uma política à esquerda — só não caímos no abismo porque temos alguma sorte. Há reinvenção também fora do país. Um dos casos que vi acontecer foi com o crítico de cinema Charles Heyward Meyer, que tive a honra e o prazer de conhecer em Gainesville (EUA), durante a construção da minha tese de mestrado em relações públicas na Universidade da Flórida, de 2009 a 2011. Charlie trabalhava para o escritório de apoio gramatical da UF; brilhante redator, brilhante editor. E não é que ele resolveu se reinventar como artista cerâmico? De volta ao Brasil, de repente comecei a ver algumas produções, quando ele estava fazendo sei lá o quê em Berlin, na Alemanha. Em resumo:

Yes, I’ve decided to devote my life to making art. It took me a while to realize that that was, for me, the key to feeling fulfilled and happy. And it’s worked! I’m happier than I’ve ever been. I guess what got me started was reading a book called The Artist’s Way. It’s a self-help guide for blocked creatives. And while reading it I happened to visit a pottery painting studio a block from my apartment in Berlin.

I painted a very simple bowl. Very simple design. But I really enjoyed it and started going back nearly every day at first. And then every day. I started developing different design approaches and posting pictures on social media. And friends started complimenting my work. And that helped me build my confidence and emboldened me to keep doing it. I started on January 2, 2017, and as of last night I’ve painted 258 pieces. And I’ve sold 112 pieces to date. I read a lot of biographies of creative people. It really inspires me.

Produção de pratos de Charlie Heyward Meyer (no alto, à direita): crítico de cinema, com erudição enciclopédica da língua inglesa, ele tem hoje mais diversão e talvez mais faturamento com sua ampla linha de cerâmicas artezanais

No singelo depoimento dele acima, Charlie nos conta que precisou de algum tempo para perceber que ter uma vida devotada à arte é o que o faz realmente feliz. De certa forma, ele atribui esse movimento ao livro The Artist’s Way, um clássico de Julia Cameron, um guia de autoajuda para desbloquear a ação criativa. Tudo fluiu quando ele visitou um estúdio de pintura cerâmica, ao lado do apartamento onde mora, em Berlin. Ele começou com design bem simples, foi ficando mais confiante à medida em que seus conhecidos começaram a ver os resultados nas mídias sociais. Como editor que se preza, suas notas são precisas: eles começou sua produção em 2 de janeiro de 2017; hoje, 258 peças depois, ele já vendeu 112! Charlie, americano que é, sabe a diferença entre fazer arte e fazer arte como um meio de vida, de forma sustentável, portanto, primado pela viabilidade comercial. Não é simples, é apenas básico. Confira a produção dele pelo Instagram, que reúne uma impressionante variedade de padrões e resume em uma tela como esse trabalho evoluiu graficamente.

Sua produção de pratos é muito coerente e, pelo depoimento acima, ele parece disposto a se dedicar exclusivamente à lida. Logo ele, antes um notório colecionador de projetos pessoais, como o engraçadíssimo Blue Bike Project, sua descoberta de uma bicicleta azul, que coindentemente apareceu em dois filmes diferentes pelo simples fato de usarem a mesma locação, em uma ruazinha perdida em Paris. Hoje abandonado, o Blue Bike Project original foi uma típica ação diletante, algo entre o exercício e a brincadeira: sobreviveu e rendeu muitas histórias enquanto a bicicleta esteve por lá. Foi hilário! São essas coisas singelas que pessoas ordinárias e extraordinárias podem fazer simplesmente porque querem, nos países com uma economia melhor resolvida do que a brasileira.

Trabalho em excesso, trabalho escasso e o risco-empresário

Voltando ao baticum tupiniquim, outro dia estava apresentando um projeto para uma brilhante ex-colega de trabalho, dessas que constroem seu próprio império de comunicação depois de abandonar as redações, no caso a redação de um conhecido grupo jornalístico paulistano. Pois ela também manifestou alguma inquietação com sua condição de empresária. “Depois dos 50, não sei se quero continuar assim”, disse, com um olhar entre orgulhoso e cansado.

Bem, minha amiga não está sozinha. Como qualquer empresária brasileira, ela e sua sócia são heroínas por simplesmente manter uma empresa com algo entre 10 e 20 colaboradores. É um pequeno império frente a grandes conglomerados; mas um valioso trabalho, frente às condições brasileiras. No Brasil dos extremos, ser empresário de médio porte é um dos desafios mais árduos — mais fácil ser quase informal ou, no extremo oposto, um gigante.

O meio termo é o momento da verdade e uma das mais difíceis posições estratégicas de mercado. A pergunta: é melhor tentar fazer a árvore crescer mais, com todo o esforço intrínseco, ou é o caso de repensar a operação e viver melhor?

Enfim, reinvenção: portas abertas. É só entrar, nem precisa bater. É o tipo de porta que bate na gente sem pedir licença. Como diz a carismática Denise Datovo, a vida te leva onde você precisa ir.

abs!

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Cassiano Polesi
011 9 6929–8888
cassio@matrizmkt.com

Um dos trabalhos que este atendimento mkt:vendas entrega é a construção de marcas pessoais e discurso. Entre em contato e vamos conversar!

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aê, beleza?

Cassiano Polesi, mkt:vendas: marketing, marcas, vendas, agora com foco em gestão patrimonial imobiliária // || \\ 011 9 6929–8888 cassianopolesi@matrizmkt.com