Ontem, sentado assistindo Interestellar, pensando.
Que filme extraordinário. Que cenas espaciais magníficas. Que robôs bacanas. Que dilemas tão humanos e transcendentes e, assustadoramente realistas.
Veja, a certa hora, o avô da menina Murphy, relembra: “eu vivia em uma época maravilhosa, onde a cada ano, novos gadgets eram lançados. E TODO MUNDO queria ter tudo. Mas, como 6 bilhões de pessoas poderiam querer tudo?”
Ninguém na plateia, sala lotada, esboçou um sorriso de entendimento. Ninguém percebeu que ele éramos nós os retratados como ultrapassados, enfastiados de novidades inócuas enquanto o que realmente interessa está indo para o ralo neste momento.
A seca aqui e acolá, a farra do consumo acabando NO MUNDO, a inovação estacionada em telas nas quais tocamos e tocamos e que não fazem nada tão diferente do que faziam há 5 anos. Um passo lento, ainda que inexorável, para a extinção.
O grande trunfo do filme, o que Nolan nos propõe, é uma reflexão profunda, como aquela energia de fundo, ouvida hoje pelos cientistas no confins do Universo e até por isso ignorada: o que fazer, quando não tivermos mais nada a fazer?
Em minha leitura apressada e baseada em meu conhecimento de almanaque (ou até por já conhecer o que se trataria por ali, cientificamente falando), toda a atenção esteve voltada para os dilemas dessa resposta que nunca chegou.
Aliás, chegou, chega e chegará, porque ela é a libertação final de nossa principal limitação. A marcha unidirecional do Tempo.
Recomendo. No IMAX, se possível.