Precisamos falar sobre Birdman.
Um ator, uma celebridade ou o sonho morto? Qual dos três é Riggan Thomson?
Precisamos falar sobre Birdman. Primeiro, por que você precisa vê-lo. Se estiver na casa dos 40, então, é mandatório. Se não acordou ainda para a realidade crua da vida, esta prima criativa da ficção, mais ainda.
E não porque a estética é interessante, não porque transformar o palco em bastidor e este em cena principal seja um achado, ou planos-sequência sejam deliciosos de se ver. Tá, até por isso, mas não só por isso.
O filme-sensação de Alejandro Iñárritu abre a ferida de suas várias perguntas. Existe por sobre o seu ombro, uma voz que guia você para a estagnação em um tempo não mais vigente? Que faz você acreditar que pode vencer a gravidade, mesmo que seja grave a sua situação cotidiana?
Qual o preço que seus sonhos cobram? Em que moeda você o paga? Aliás, você quita este débito com a sua posteridade ou fica no vermelho eternamente, reinventando uma dívida que, pessoas com foco no “sempre presente” sabem não existir?
O que fez você de suas relações pessoais? Elas são os atores de sua peça? O palco de sua vida? A coxia de sua subsistência? Qual foi o seu grande momento? Por que ele não continuou? Como ele assombra os seus dias desde então?
E, mais importante do que tudo: vale à pena trocar a delícia da pergunta pelo sem-sabor das respostas prontas? Os “Não se engasgue”, “não pare de respirar”, “decore os textos que a sociedade escreveu para você”, “pague a hipoteca”, “crie seus filhos”, “seja o melhor”, “sempre”, valem à pena?
Portas fechadas dirão que sim. Janelas abertas, que não.
Sinopse: Um ator de filmes “blockbuster” aposentado, Riggan Thomson (Michael Keaton) resolve, pela primeira vez, subir no palco da Broadway para uma peça séria. É sua última chance de romper uma carreira estagnada. Ele resolve assumir o risco par amostrar ao mundo sua criatividade e talento como um ator real.