O que é Design Sprint e como criamos um produto novo em 3 dias

Rafael Torrez
MaxMilhas Tech
8 min readOct 5, 2017

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Conheça o processo criado pelo Google e confira os desafios e resultados que alcançamos ao implementá-lo aqui na MaxMilhas

Dez pessoas imersas em um ambiente durante uma semana, trabalhando em conjunto para atingir um objetivo maior. Embora essa descrição seja perfeita para uma vinheta do programa O Aprendiz, estamos falando dessa vez do Design Sprint: uma metodologia de design criada pelo pessoal da Google Ventures. Ao final deste post, você não só saberá o que é Design Sprint, mas também como a implementamos aqui na MaxMilhas em apenas três dias.

Time-lapse do nosso Design Sprint

O que é Design Sprint

É de comer?

Resumidamente, Design Sprint é uma metodologia ágil usada para design de experiência do usuário e design de produto, que coloca o negócio, tecnologia e especialmente, o usuário no centro do processo. Derivada do Design Thinking, a metodologia foi inventada em 2010 por Jake Knapp, design partner do Google, já foi aplicada em mais de 300 companhias e startups, que mais tarde levou o Design Sprint para o Google Ventures, braço de investimento de capital do grupo Alphabet, Inc.

Normalmente, a Sprint é feita de cinco dias e busca responder questões críticas do negócio através de design, prototipagem e testes com os usuários, abrangendo seis etapas essenciais: Entendimento, Definição, Discussão, Decisão, Prototipagem e Validação.

Para que haja sucesso, é necessário que o desafio que você irá solucionar esteja bem claro.

Então, isso aí é “Coisa de Designer”, né?

“Mas, eu nem sei desenhar…”

Nem só Designers participam do processo de Design Sprint. Aliás, é mandatório que colaboradores de outras áreas participem da imersão, sejam eles de times operacionais, táticos ou de maior hierarquia. Backgrounds diferentes possuem insights diferentes, o que enriquece ainda mais o processo, em função dos pontos de vista diferentes, etc.

Cada etapa do Design Sprint também inclui processos de UX — User eXperience — , como: entrevista, teste e pesquisa com usuários. Essas etapas condensam estudos de forma que seja possível colocar todos os participantes no mesmo nível, criando uma atividade saudável e eficiente, independente do nível técnico de cada um.

Ao final da Sprint, você tem um protótipo validado — preferencialmente de uma feature chave do produto — , uma direção clara, várias boas ideias de melhorias para o futuro e até mesmo um protótipo para um MVP.

Quais as vantagens

Meses em uma semana

“Eu entendi a referência” — America, Capitão

A principal vantagem do Design Sprint em relação a tantas outras metodologias que existem por aí é a possibilidade de comprimir meses de discussão em uma única semana. Além disso, você também ganha um novo superpoder: a capacidade de descobrir se a ideia é boa ou não, sem a necessidade de esperar para lançar um MVP Minimum Viable Product — , processo este que poderia levar muito mais tempo.

Isso é possível porque o Design Sprint foca especificamente na validação da ideia com usuários e encurta o processo para a duração da Sprint: 5 dias, 3 dias, 1 dia, 2 horas,… Whatever, além de oferece outras vantagens importantes, como a colaboração entre um time interdisciplinar e a capacidade de foco nos problemas principais. Tudo isso em um ambiente de imersão total, livre de distrações.

Quais as desvantagens

Deve ter algo ruim nisso, não é?

Tá bom demais pra ser verdade

Como toda metodologia, o Design Sprint também possui desvantagens. Ele possibilita a entrega de resultados extremamente valiosos de forma rápida, permitindo hackear o processo de concepção e validação de novos produtos e features. Contudo, exatamente pela sua natureza enxuta, durante o Design Sprint o time deve focar em pontos mais high-level do escopo e da experiência do usuário, gerando uma hipótese e soluções mais gerais.

O grande problema está quando o foco do Design Sprint é perdido pelas distrações, sejam elas conversas off-topic ou discussões sobre pontos que fogem do escopo da solução do desafio. A fim de otimizar o tempo e ter um bom direcionamento para a Sprint, seu time precisa focar em um goal bem específico.

O caso MaxMilhas

Um Design Sprint em três dias

Aqui na MaxMilhas, nós escolhemos aplicar a versão de três dias do Design Sprint: a mesma versão que é frequentemente aplicada pelo time do Google. Tudo estava decidido: nós tínhamos um problema definido, uma pesquisa feita previamente com nossos usuários, o cronograma da Sprint montado, uma sala linda, quadros, pincéis, televisão, lanchinhos e um monte post-its. Nada poderia dar errado, não é mesmo?

Dia 1

O primeiro dia foi dedicado ao entendimento e análise do problema. Dentre outras coisas, nesse dia, passamos pelas etapas de formulação da hipótese, definição das métricas de sucesso, geração de ideias e votação.

Vale destacar que, como focamos em colocar as necessidades dos usuários no centro do processo, conseguimos atacar o problema de vários ângulos, chegando a várias possibilidades que resolviam o problema de formas diferentes e em vários níveis.

Dia 2

O primeiro momento do dia 2 foi dedicado à decisão da ideia a ser desenvolvida. Para essa etapa, além do time já envolvido na Sprint, participaram também executivos C-level.

Após a etapa de decisão, o restante do dia foi dedicado à concepção, detalhamento e refinamento do MVP a partir da ideias geradas no primeiro dia.

Dia 3

No terceiro dia nos dedicamos a construção e teste de usabilidade do protótipo do MVP.

No processo de construção, dividimos time de forma que os designers cuidaram da prototipação enquanto o resto do time cuidou do detalhamento e sketching da versão épica do produto. Isso nos permitiu enxergar com clareza o que imaginamos tanto para o lançamento quanto para o futuro desse produto e, até mesmo, quais outras soluções podem ser geradas a partir dele. Também fizemos o exercício de enxergar em qual versão do produto, quais dores específicas dos usuários foram resolvidas. E posso dizer que nesse quesito chegamos a um MVP de respeito.

Para o teste de usabilidade usamos um modelo de Guerrilha. Aqui na MaxMilhas nós temos a vantagem de que quase toda semana temos novas pessoas, de diversas áreas e backgrounds, se juntando ao time. O que fizemos foi recrutar 5 dessas pessoas para o teste, a fim de avaliar a clareza, facilidade de uso, e relevância da solução que construímos. Além das anotações que fizemos durante os testes, esses usuários também nos enviaram feedback adicional posteriormente por meio de uma pesquisa quantitativa.

Problemas enfrentados

Afinal, nem tudo é perfeito

Nosso primeiro problema foi justamente em relação a duração do Sprint. Normalmente, o processo de Design Sprint dura cinco dias, com etapas bem explicadas pelo próprio pessoal da Google Venture. Contudo, se você trabalha em uma startup, sabe que mobilizar times inteiros para ficar imerso durante uma semana de trabalho é uma tarefa árdua.

Após discutirmos, aceitamos o desafio de fazer os mesmos processos em três dias, dividindo o time quando necessário — sem impactar no processo como um todo — para realizar tarefas específicas mais rapidamente, como prototipagem em navegadores e celulares.

Resultados alcançados

Porque missão dada…

Ao fim da sexta-feira daquela semana, nosso produto foi criado com sucesso. Tínhamos um protótipo pronto; escopo do produto bem definido (tanto para o MVP quando para futuras atualizações); relatórios de teste de usabilidade; e testes com usuários, que nos reportavam sua experiência através de formulários de pesquisa.

Não teríamos conseguido alcançar nosso objetivo sem o engajamento e harmonia do grupo. Independente de posições na empresa, todos ali tinham voz para compartilhar suas opiniões e poder para votar em decisões que afetariam o produto final.

Quer fazer um Design Sprint? Se liga nessas dicas

Caso você queira começar a fazer um Design Sprint em sua empresa, confira algumas dicas para tornar o processo mais fluído e produtivo.

Conheça a metodologia

Uma boa forma de entender mais sobre o Design Sprint é ler a obra de seu próprio criador. O livro “Sprint: O método usado no Google para testar e aplicar novas ideias em apenas cinco dias” foi escrito por Jake Knapp e mostra todas as técnicas e instruções para aplicar o processo em sua empresa.

Escolha alguém para ser o mediador

A figura do mediador é muito importante durante o Design Sprint. Além de evitar que o foco do time fique disperso, ele será aquele que os guiará durante todo o processo. Acima de tudo, o mediador deve ser alguém que já tenha uma experiência em Design Sprint, ou que pelo menos conheça os métodos.

Aquele seu amigo que acha que tudo vai ser resolvido em um Design Sprint

Defina um problema a ser resolvido

O Design Sprint foi feito discutir e resolver um problema específico de sua empresa. Não adianta você querer abraçar o mundo com as pernas e resolver todos os desafios em apenas uma semana. Escolha um problema, discuta e valide ou não a ideia.

Defina o ambiente e evite distrações

Escolha cuidadosamente o lugar em que será feito o Design Sprint. Esse lugar precisa ser livre de distrações e deve ter todos os recursos para que o time trabalhe com o máximo de produtividade. Cadeiras confortáveis, quadros brancos, folhas de papel, pincéis, post-its e lanches são apenas alguns dos itens básicos que devem estar a disposição da equipe nesse momento. Se sua empresa não dispõe de um ambiente assim, espaços de coworking podem ser uma boa alternativa.

Low Tech, High Touch

O contato humano é a melhor forma de interação que seu time pode ter. Planilhas e documentos são importantes para registrar e documentar os processos, mas, sempre que possível, integre o time e faça-os interagir para deixar o processo mais dinâmico. Quando for possível desenhar, coloque-os para desenhar; quando for para escrever, deixe que todos escrevam; e o mesmo vale para apresentações, votações, etc. Por exemplo, perceba no vídeo no começo do artigo que a todo momento alguém do time está a frente de alguma das etapas, seja explicando o processo, ou simplesmente lendo post-its da parede para votação.

E aí, curtiu esse texto? Lançada em 2013, a MaxMilhas é uma empresa que vende passagens econômicas emitidas pelas milhas de quem deseja vender. Sediada em Belo Horizonte-MG, a empresa tem como objetivo fazer com que as pessoas vivam mais experiências de viagem. Vencedora do prêmio Info Start 2013 como Startup do ano, juntou-se em 2014 ao Programa Start-Up Brasil (iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), sendo reconhecida como a maior startup do programa e, em 2015, foi listada entre as 15 empresas mais inovadoras pela Exame.com. Em 2016, a excelência do seu atendimento foi reconhecida pelo Prêmio Experiência do Consumidor, categoria Cliente Promotor, promovido pela TrackSale. Em 2017, integra a lista de empresas brasileiras aprovadas pelo programa da Endeavor.

E se você quiser trabalhar com a gente, acesse nossa página de vagas e fique ligado aqui no Blog para ficar por dentro de tudo em Design, Produto e Engenharia. Até a próxima.

Esse artigo foi escrito em conjunto com Paulo Vasconcellos, Allan Sene, Vinicius Coimbra, Heron Dias, Sthefano Fernandes Goncalves, Antônio Araújo e Giovanna Neves Damasceno. Juntos a gente voa mais alto!

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Rafael Torrez
MaxMilhas Tech

UXer turned Product Manager. Product manager with the heart of a Designer. MBA in Digital Business. PM @Rede