A Química do Creme Dental

Gabriel Martins Braga
Me explica ciencia
Published in
3 min readNov 14, 2020
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Acredito que desde pequeno, nossos pais se preocupavam em nos ensinar como escovar os dentes após as refeições, não é verdade? Após tanto tempo utilizando um produto tão importante nos dias atuais, você já parou para se perguntar quais substâncias compõe o creme dental, que tanto usamos, e é indispensável para os seres humanos?

Historicamente o creme dental, como é conhecido atualmente, surgiu no Egito acerca de 2000 a.C, e era uma mistura de abrasivos composto por pedras pomes pulverizada, que apresenta em sua constituição óxido de silício (SiO2) e óxido de alumínio (Al2O3), e vinagre. Porém foi em 1850 no Estados Unidos, pelo cirurgião dentista Washington Wentworth Sheffield, que foi criado o creme dental comercialmente.

Nos dias atuais, a “pasta de dente”, o creme dental ou dentifrícios, é de extrema importância para a saúde humana. A principal função deste é auxiliar na escovação, manter a saúde dos dentes, remoção de restos de alimentos e auxiliar na remoção da placa bacteriana, para evitar o eventual surgimento da famosa cárie. Mas o que seria a cárie e como ela surge?

A cárie é a deterioração dos dentes provocado por microrganismos, que se alimentam de proteínas e açúcares, produzindo ácidos, que em contato com o esmalte de dente, cujo principal componente é a hidroxiapatita — [Ca5(PO4)3OH], provoca a dissolução de uma pequena parte do esmalte. Este processo é denominado desmineralização. Já a o processo inverso é chamado de mineralização.

Ca5(PO4)3OH (s) ⇋ 5Ca2+ (aq) + 3PO43- (aq) + OH- (aq)

À medida que as condições para o crescimento desses microrganismos se tornam cada vez mais favoráveis, a concentração de ácidos produzidos por estes aumenta, consequentemente aumentando o pH da boca. Estes ácidos em contato com a saliva, liberam íons H3O+, que ao reagir com os íons OH- produz água, consequentemente, desloca o equilíbrio químico no sentido da reação direta, provocando o consumo e desgaste do esmalte do dente.

Dessa forma para evitar esse processo de desmineralização dos dentes, é necessário uma série de componentes como: abrasivos, corante, espumante, umectante, aglutinante, edulcorante, água e agente terapêutico.

  • Abrasivos — promovem a esfoliação da camada mais externa dos dentes eliminando o a camada bacteriana ou biofilme. Os compostos mais usados são: fosfato ácido de cálcio (CaHPO4), carbonato de cálcio (CaCO3), pirofosfato de cálcio (CaP2O7), dióxido de silício (SiO2), óxido de magnésio (MgO) e óxido de alumínio (Al2O3);
  • Corante — Substância química que confere cor ao creme dental. Por exemplo: Clorofila
  • Espumante — Diminuir a tensão superficial da pasta, para permitir que este entre nas fissuras e remover os detritos. O laurilsulfato de sódio é um exemplo dos mais utilizado;
  • Umectante — Retarda o tempo de secagem da pasta e melhorar a consistência da pasta. A glicerina e o sorbitol são os compostos mais usados;
  • Aglutinante — Promover uma melhor união entre os componentes líquidos e os componentes sólidos. Ex: carboximetilcelulose;
  • Edulcorante — Fornecer o sabor adocicado a mistura. Por exemplo: sorbitol e a sacarina;
  • Solvente — Promover a dissolução dos componentes. Por exemplo: água;
  • Agente terapêutico — Promover ação antibacteriana. Por exemplo: Fluoreto de sódio.

A composição química dos cremes dentais variam de uma marca para outra, como pode ser ilustrado na Tabela 01.

Tabela 01: Composição química do creme dental (porcentagem em massa).

Fonte: Adaptado. LIMA, 2014.

Dessa forma, a ciência ao longo do tempo vem contribuindo com pesquisas cientificamente comprovadas para o desenvolvimento de produtos fundamentais para uma boa higienização bucal. Por isso o creme dental apresenta diversos compostos essenciais para a manutenção dos dentes e auxiliar na saúde humana.

Referências:

LIMA, Maitê Patrine Sobreira de. A importância da saúde bucal no ensino de Química. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Química). Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Ciências e Tecnologia. Campina Grande — PB, 2014.

CORREA, Gabriela Chagas. Pastas de Dentes e Saúde Bucal. Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Química. Campinas — SP. 2013. Disponível em:<http://gpquae.iqm.unicamp.br/PastadentalTX.pdf> Acesso em: 12 de nov. 2020.

DA SILVA, R.R et al,. A Química e a Conservação dos Dentes. Química Nova na Escola, Nº 13, p. 03–08. Maio 2001. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc13/v13a01.pdf> Acesso em: 12 de nov. 2020.

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