AS LIGAÇÕES DO CABELO

Layla Uliana Pinheiro
Me explica ciencia
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5 min readSep 19, 2020
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O cabelo ao longo do tempo foi visto e utilizado de diversas formas e finalidades. No artigo intitulado ANÁLISE DE CABELO: UMA REVISÃO DOS PROCEDIMENTOS PARA A DETERMINAÇÃO DE ELEMENTOS TRAÇO E APLICAÇÕES, POZEBON, et.al. 1999 colocam que além de função estética (adorno), o cabelo tem a função de proteger a cabeça dos raios solares, o que é feito através da melanina presente nele, a qual é também responsável pela sua coloração. O cabelo possui receptores nervosos que funcionam como sensores, os quais o levam a aumentar a proteção da cabeça quando necessário. Ainda POZEBON, et.al. 1999 colocam que autores classificam o cabelo como:

….um “dosímetro biológico”, “filamento de registro” ou “espelho do ambiente” onde o indivíduo foi exposto . Isto porque se houver considerável exposição a determinado elemento químico e droga, por contaminação externa ou através da ingestão, após um certo período a substância estará presente no cabelo….

Em sua composição majoritária cerca de 85% do cabelo é constituído da proteína insolúvel alfa-queratina. Sendo essa formada por 19 aminoácidos destacando-se a cistina, serina, ácido glucônico, reonina, glicina e arginina (WICHROWSKI, 2007). É composto por 5 elementos sendo 45% carbono, 28% oxigenio, 15% nitrogênio, 6,5% hidrogênio e 5,2% enxofre. (GOMES,1999).

Fonte: SANTOS, 2017

Mas a pergunta antes de iniciarmos a explicação sobre química do cabelo é de fato “O QUE É CABELO”?. Podemos destacar algumas definições:

…O cabelo humano é um filamento queratinizado que cresce a partir de cavidades em forma de sacos chamados folículos. (POZEBON, et.al. 1999)

….O cabelo ou pêlo é composto por células epidérmicas mortas que passaram por um processo de queratinização incluindo a expressão diferencial de queratinas específicas. É derivado dos folículos capilares ou pilosos, que são invaginações que se projetam da derme ou hipoderme. (CARVALHO, et.al. 2005)

Compreendendo o que é o cabelo agora podemos começar a entender sua estrutura interna. São três as principais estruturas:

São três as principais estruturas:

  • Cutícula — É a parte mais externa do cabelo, sendo assim a principal barreira à penetração de agentes químicos e enzimáticos no interior do fio, ou seja, é responsável pelas propriedades superficiais do cabelo
  • Córtex — Sendo o principal componente do cabelo é responsável pela elasticidade e pela resistência do fio. É o local onde fica situada a queratina e outras proteínas
  • Medula — Camada mais interna do folículo. Não possui qualquer influência física ou química no comportamento capilar.

Todos os tipos de cabelo apresentam características comuns como composição química e estrutura molecular, mas sua forma pode variar. A forma do fio possui influência tanto da forma dos folículos e o ângulo em que eles estão posicionados em relação à superfície da pele :

Fonte: Revista Deviante, 2019

Quanto influência das ligações quanto às ligações químicas dos átomos que compõem o córtex da haste também devem ser levadas em conta para entendermos a estrutura do fio, pois elas são responsáveis por organizar, modelar e manter a estrutura tridimensional da queratina rigidamente em seu formato original. Quando rompidas, essas ligações podem mudar temporária ou permanentemente a forma física do cabelo. Essas ligações são:

  • Ligações de hidrogênio: São numerosas, porém fracas e estabilizam as proteínas em sua estrutura, mas quebram-se quando os cabelos são molhados. Exemplo: Quando se usa secadores e chapinhas se manipula a estrutura helicoidal, mas ao molhar novamente os fios, as ligações serão desfeitas e voltarão à configuração original quando o cabelo secar naturalmente.
  • Ligações iônicas (ligações salinas): Se desfazem quando o pH do cabelo assume níveis mais ácidos ou alcalinos que o padrão dos fios, se reconstituindo assim que o pH volta ao normal. Exemplo: Quando se utiliza produtos com pH muito ácido ou muito alcalino isso faz com que a cutícula do cabelo abra e o córtex fique exposto, ou seja, o cabelo apresentará um aspecto seco e opaco.
  • Pontes dissulfeto: São as ligações mais fortes que existem no cabelo. Quando se quebra as Pontes de Dissulfeto, por consequência a estrutura do fio se altera. Um exemplo é que a maioria dos processos químicos utilizados em alisamentos atuam na quebra das pontes de dissulfeto, consequentemente alterando a estrutura do fio.
Fonte: GALLO, 2012

Referências

ARAÚJO, L.A. Desenvolvimento de formulações cosméticas contendo óleos vegetais para proteção e reparação capilar. Universidade de São Paulo (USP), 2015, p.5–10. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60137/tde-04052015-154442/publico/Dissertacao_completa_corrigida.pdf. Acesso em:16 ago 2020.

CARVALHO, A. et.al. Bioquímica da Beleza. Departamento de Bioquímica, Universidade de São Paulo (USP), 2005. Disponível em: http://www.iq.usp.br/bayardo/bioqbeleza/bioqbeleza.pdf. Acesso em: 16 ago 2020.

GALLO, L.A. Aminoácidos e Proteínas. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade de São Paulo (USP), 2012. Disponível em: http://docentes.esalq.usp.br/luagallo/aminoacidos%20e%20proteinas2012.htm. Acesso em: 16 ago 2020.

GOMES, A . L. O uso da tecnologia cosmética no trabalho profissional de cabeleireiro. São Paulo: Senac, p.15–49.1999.

LABAS, F. As ligações dos Cachos. Revista Tempo de Mercúrio. 2017. Disponível em: https://tempomercurio.com.br/as-ligacoes-dos-cachos/. Acesso em: 16 ago 2020.

POZEBON, D; DRESSLER, V.L; CURTIUS, A.J. Análise de Cabelo: Uma revisão dos procedimentos para a determinação de elementos traços e aplicações. Universidade Federal de Santa Catarina, 1999, p. 838–839. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/qn/v22n6/2588.pdf. Acesso em: 16 ago 2020.

SANTOS, J. D. Caracterização de fios do cabelo antes e após tratamentos químicos e físicos por espectroscopias Raman e no Infravermelho e Microscopia Eletrônica. Universidade Federal de Juiz de Fora. 2017, p.18–21.

TAMBOSETTI, F. Máscaras de Hidratação Capilar utilizadas em um salão de Balneário Camboriú, ano 2008. Santa Catarina, p.3–6.

WICHROWISKI, L. Terapia Capilar uma abordagem complementar. Porto Alegre. Ed.: Alcance, 2007

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