Por que nossa intuição falha?
Por que, por vezes, nos equivocamos em uma tomada de decisão?
No início da década de 70, estudos começaram a mostrar que o nosso processo de adquirir conhecimento (cognição), é composto por procedimentos de tomadas de decisão de pouca ou nenhuma racionalidade.
Talvez o pioneiro dessa ideia, Daniel Kahneman lançou um livro de divulgação científica em 2012 sintetizando esse modelo de compreensão da cognição. O livro se chama Rápido e devagar: duas formas de pensar.
Kahneman trazia a ideia de um sistema dual de processamento. Ou seja, segundo esse modelo, duas formas de pensamento constituiriam a nossa a nossa cognição
A primeira, para simplificação, foi chamada de Sistema 1, e tinha por característica ser: inconsciente, não intencional, rápida, sem esforço, associativa, afetiva, rígida, intuitiva e categórica.
Uma forma de se exemplificar esse Sistema 1 é fazendo o seguinte exercício mental: quanto é 1+3? Imaginamos que você tenha respondido prontamente 4. Agora, nos responda rápido: quanto é 18 x 25? Imaginamos que agora você não tem a resposta tão rápida, certo? É nesse momento que o Sistema 2 começa a atuar.
O Sistema 2, diferente do primeiro, apresenta as seguintes características: ser consciente, intencional, lento, com esforço, lógico, neutro, flexível, racional e individualizado.
A primeira questão foi simples de se resolver, certo? Isso porque trata-se de um atalho mental, um caminho cujo processamento de informação já foi aprendido desde as primeiras experiências com esse problema. Ou seja, é um problema que o Sistema 1 processa de forma rápida e sem esforço. O mesmo não acontece com o segundo problema — por falar nele, já conseguiu calcular?
No nosso dia a dia, os sistemas 1 e 2 não operam de forma isolada — jamais!. O fato é que essa forma intuitiva de pensamento tem se mostrado preponderante em muitas situações, como quando tomamos decisões em momentos em que não temos clareza total sobre os resultados.
É nesse instante que esses atalhos mentais podem nos atrapalhar na tomada de decisão. Estudos realizados na área de intuição de cognição nos possibilitam a descrever um conjunto de processos que começaram a ser chamados de heurística. Assunto para o próximo post!
Te aguardamos!!
Referências:
PILATI, Ronaldo. Ciência e pseudociência: por que acreditamos apenas naquilo em que queremos acreditar. Contexto, 2018.
GIGERENZER, Gerd; Calcular o Risco. Gradiva 2005
KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Objetiva, 2012.