Racismo, Educação e Academia

Antonio Bertollo
Me explica ciencia
Published in
2 min readNov 21, 2020
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De acordo com os dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54% da população declara-se negra ou parda, o que indica que o Brasil é o segundo país do mundo com mais negros, ficando atrás somente da Nigéria.

Mas, infelizmente, mesmo sendo maioria, grande parte dos negros e pardos não gozam dos mesmos privilégios. Quando se trata de alfabetização, segundo o Censo da Educação do Ensino Superior (Pnad/IBGE), o índice de analfabetismo na população negra chega a 16,8%. Quando se trata de universidades e faculdades, antes de as universidades adotarem as políticas afirmativas de cotas (Lei 12.711/12), a população negra e parda representava apenas 8% das matrículas no Ensino Superior (2009). Após a implementação de políticas por recorte racial, pretos e pardos representam 27% das matrículas (2015).

Vale lembrar que as políticas ditas anteriormente não devem ser as únicas, afinal, o maior índice de evasão de escolas e universidades são por parte da população negra, por isso a tamanha importância de se discutir e ampliar as políticas de permanência nas universidades.

Tratando-se de mestres e doutores negros e negras, os números são ainda menores. Os dados mais recentes que se tem sobre essa população são os do último Censo do IBGE de 2010. Negros e negras representam apenas 0,11% dos mestres e apenas 0,03% dos doutores. Dos cerca de 400 mil professores universitários avaliados em 2016, apenas 16% identificavam-se como pretos e pardos. Os que já tinham concluído o mestrado eram 23%, enquanto apenas 17,6% eram doutores. Talvez esses sejam os números mais alarmantes que existam de todos os apresentados tratando-se de academia.

O ambiente acadêmico Brasileiro ainda é uma produção de conhecimento majoritariamente masculina e branca.

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